Juiz-forano com síndrome de Down participa de reality show
‘Expedição 21’ reuniu 18 participantes em uma casa para a realização de desafios que promovem a autonomia.
O juiz-forano Luiz Eduardus, de 22 anos, é um dos participantes do reality show “Expedição 21”, realizado este ano e ainda sem data de estreia. A iniciativa reúne 18 jovens com síndrome de Down em uma casa, durante três dias, em uma espécie de programa de imersão para que possam desenvolver autonomia e aprender a lidar com novos desafios longe da família.
O projeto é do instituto Cromossomo 21 e conta com gerência de Alex Duarte e outros especialistas que ajudam a fazer com que a experiência seja segura e adequada para todos. Para a mãe do jovem, Patricia Pogianelo, a participação no programa significa um passo em direção ao futuro. “É uma forma de colocar esses jovens em uma realidade de sociedade, que talvez não esteja tão preparada para recebê-los, mas que com os apoios certos pode fazer com que tenham autonomia e desenvolvimento para se gerenciar”, diz.
Todo o processo para participar da Expedição 21 começou no final de 2023, quando as inscrições foram abertas via Instagram para pessoas acima dos 18 anos. Foi quando Luiz Eduardus decidiu que queria participar, e recebeu o apoio da família para que isso fosse possível. “Nós preenchemos um documento e mandamos um vídeo dele falando sobre o porquê de querer entrar na casa e ser um expedicionário”, relembra a mãe. A autonomia é uma questão muito importante para a família, que já conversa com ele sobre o assunto e sobre iniciativas para ele ter sua independência desde os 18 anos.
O jovem tem dois empregos atualmente, e já realizava diversas atividades por conta própria – o que não é, no entanto, o caso de todas as pessoas do reality. “O Luiz Eduardus já tinha essa vivência aqui, mas não era o caso de todos. E a ideia é que os participantes desenvolvam a autonomia e a autoconfiança de que conseguem fazer tudo”, conta a mãe. Para ela, essa é mais uma iniciativa que vai ajudar o filho a conseguir morar sozinho até os 30 anos.
Essa foi a primeira experiência de Luiz longe do pai e da mãe. “Lá, eles tinham que cuidar da casa, tomar todas as providências e vivenciar tudo que precisavam. Eles preparavam almoços, lanches e organizavam os quartos”, conta Patrícia. Para ele, a melhor parte foi justamente “poder fazer macarronada” para todos os novos amigos, além de aprender novas atividades. “É muito legal. Eu queria participar de novo”, diz Luiz.
Desafios durante a Expedição 21
A Expedição 21 apresenta alguns desafios para os expedicionários. “O grupo de 18 pessoas foi dividido em 3 equipes. Eles foram ao mercado, cozinharam, tiveram que voltar para casa sozinhos a partir de uma praça”, conta Patrícia. Luiz deixa claro que as dinâmicas foram difíceis, mas que foram feitas “com amigos”. “A ideia, também, é que eles façam vínculos com outras pessoas. Nessa casa, tem pessoas do norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. Dividiram-se em todas as regiões do país, então também teve esse contato com várias culturas diferentes”, diz. Além dos desafios, também foram oferecidas oportunidades de desenvolvimento, com oficinas de linguagem e até sobre como cuidar de bebês.
Os participantes não puderam levar celular para a casa onde era gravado o programa, e o contato com os pais foi mediado apenas pelos vídeos enviados pela equipe e pelo que era postado no Instagram. Dessa forma, o desafio se estendeu para a família, que teve que ficar distante durante as gravações. “No início a gente fica apreensivo, sim. Pra mim, e vi que pra maioria das mães também, eu nunca tinha deixado o filho sozinho (…) Mas também teve a parte que a gente entende que, se queremos que ele tenha essa autonomia, temos que permitir isso e expor a essas situações. E lá era um ambiente controlado, com estratégias de como lidar e como agir”, diz.
Sonho de morar com a namorada
O reality show ainda não tem data para ser disponibilizado ao público, mas Patrícia adianta que, ao final da experiência, todos receberam certificados de participação e um feedback sobre a participação do expedicionário. Mais que isso, para ela, significa o filho dando mais um passo em direção à sua autonomia e à vida que pode sonhar em ter.”Quero morar sozinho com a minha namorada, em uma casa perto dos meus pais”, afirma Luiz.