Miss Brasil Gay terá Pabllo Vittar e parceria com Rainbow Fest

Drag queen de projeção internacional fará show no concurso com 27 candidatas, e união com Rainbow Fest levará festa ao Parque Halfeld


Por Tribuna

01/04/2019 às 18h28

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Pablo Vittar será a grande atração do Miss Brasil Gay 2019 (Foto: Divulgação/Facebook)

O Miss Brasil Gay já tem data confirmada para 2019 – e em grande estilo. No dia 17 de agosto, o Terrazzo receberá as 27 candidatas ao título no tradicional concurso, que terá como show principal da noite a drag queen Pabllo Vittar.
Além disso, o Miss Gay se une, nesta edição, ao Rainbow Fest, num retorno da ocupação do Centro da cidade como ocorreu em tantos anos da festa, levando, desta vez, ao Parque Halfeld, shows de drag queens, espaços gastronômicos e várias atrações nos dias 16, 17 e 18 de agosto. Os detalhes do evento foram anunciados em coletiva concedida à imprensa na última segunda.

Nesta 39ª edição do concurso, ele também buscará apoio da iniciativa privada, contando com a ajuda do Poder Público neste processo, de modo a impactar o turismo local. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Agricultura, Rômulo Veiga, que representou a Prefeitura na entrevista, setores como o hoteleiro, o cervejeiro e o de gastronomia já estão sendo mobilizados para reuniões com o Governo municipal, para discutir possíveis parcerias. No ano passado, o Miss Gay mobilizou R$ 3 milhões da economia local.

Segundo o diretor artístico André Pavan, envolvido no concurso há mais de três décadas, é fundamental que o concurso se mantenha no formato pensado por Chiquinho Mota, que fundou o Miss Gay em plena ditadura militar, em 1976, mas também é preciso se abrir a novidades. “A Pablo Vittar representa muito a sintonia com os tempos atuais, dá visibilidade, engrandece o ‘Miss’ e se conecta com um público mais jovem. Mas mantém também o tom político e de resistência que o concurso tem desde suas origens, ainda mais agora, com o avanço de movimentos conservadores de direita. Nossa postura sempre será de resistir pela arte, alegria e beleza”, pontua ele.

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Entrevista coletiva foi concedida à imprensa na tarde desta segunda (Foto: Júlia Pessôa)

Pabllo fará o segundo bloco de apresentações da noite que, no primeiro, terá dublagens, performances e algumas surpresas temáticas da edição. “Neste ano, a programação artística terá alusões ao movimento de ‘Stonewall’, que completa 50 anos e ocorreu em Nova York, sendo um movimento que marcou historicamente a militância LGBTTI. Os shows também farão menção a Freddie Mercury, que está tão em alta depois de o filme ‘Bohemian Rhapsody’ (sobre o Queen, banda que o cantor liderava) ser o mais premiado do Oscar. Outro grande momento será a comemoração de dez anos de reinado de Ava Simões, que ficou ainda mais famosa no Brasil todo porque teve a peruca arrancada depois da premiação. Vamos fazer uma homenagem brincando com essa história”, anuncia André, que destacou a alegria com a união de forças com o Movimento Gay de Minas (MGM), na realização da Rainbow Fest em conjunto com o concurso de misses. “É um namoro de anos – e que momento fortuito para este casamento”, destacou. A Rainbow Fest será realizada entre os dias 16 e 18 de agosto, no Parque Halfeld, das 9h às 21h.

Combate à homofobia e respeito à diversidade

Marco Trajano, presidente do MGM, também comemorou a realização conjunta e colaborativa dos eventos, ressaltando a importância da ocupação do espaço público. “A Rainbow Fest vem somar esforços na visibilidade e representatividade da comunidade e será um evento diurno, cultural e lúdico. Teremos espaço gourmet, cinema na praça, apresentações de drag queens, shows musicais, feira de adoção de animais, diversas atrações. A intenção é que a Rainbow retome o grande papel no turismo de eventos e que o turista tenha atrações durante o dia e o Miss Brasil à noite”, ressalta. “Além disso, a ocupação do espaço público também é importante frente à nossa preocupação em combater a homofobia e promover o respeito à diversidade. E vamos fazer isso do jeito que sabemos, com luz, música, cor e paz”, diz ele, muito emocionado e anunciando, ainda, que o Rainbow terá um trio elétrico nas paradas gays do Rio e de Belo Horizonte para promover o evento nestas capitais.

A atual Miss Brasil Gay, Yakira Queiroz, que ganhou o título pelo Ceará e também esteve na coletiva, falou sobre seu reinado. “É uma responsabilidade muito grande carregar um título de resistência histórica que vem desde a época da ditadura militar, é algo muito grandioso. É uma grande honra levar esta mensagem de inclusão social, sobretudo representando o Ceará, que há muito tempo não levava a coroa do Miss Gay.”

Nova equipe de gestão e novas estratégias de fomento

Uma das novidades na edição de 2019 é que o evento passa a ter um conjunto de gestores na organização, representados na coletiva pelo empresário Michel Brucce e Aline Firjam, e que também conta com Orlando Capaluto. “Mantendo, claro, o legado do fundador Chiquinho Mota, estamos buscando profissionalizar cada vez mais o evento de modo a fomentar também o turismo local. Estaremos com Pabllo na parada gay de Nova York, promovendo o evento e estamos em diálogo com a iniciativa privada e também buscando mobilizar o empresariado para a importância de contribuições via mecanismos como a Lei Rouanet e a Lei do ICMS”, ressalta Michel Brucce. Simultaneamente, no dia 17 de agosto, serão realizadas, no Terrazzo, as festas Stomp e Funhouse, na intenção de serem mais atrativos para a noite. Além disso, o Miss Gay terá um time de influencers, jurados e juradas que serão como embaixadores e embaixadoras do concurso, buscando aumentar ainda mais a visibilidade.

Ainda segundo Brucce, uma outra medida tomada pela equipe de gestão foi a elaboração de um plano de negócios de cinco anos para o Miss Brasil Gay. “A intenção é que o concurso chegue a ser realizado nos moldes do Miss Brasil Be Emotion, das mulheres. Para isso, estamos buscando recursos privados e fortalecendo os concursos estaduais, que é uma forma de reforçar o nacional. Também estamos em articulação para, a longo prazo, haver um Miss Universo Gay, por isso o Orlando está em contato com diversos países”, anuncia o empresário. “A entrada do Michel, com ampla experiência no empreendimento de eventos, trouxe a garantia da realização da festa nos próximos cinco anos, haverá recursos. Assim podemos fazer um planejamento muito melhor e profissionalizar ainda mais o concurso”, completa Aline Firjam, que integra a organização do evento há várias edições.

O secretário Rômulo Veiga destacou o Miss Gay como uma ponta da economia criativa do município, que, segundo ele, é uma importante alternativa de “geração de riqueza, emprego, renda e justiça social”. Ele destacou que Juiz de Fora é a segunda cidade com maior economia criativa do estado, perdendo apenas para a capital”. E o Miss Gay, associado a esta parceria coesa com o MGM, ocupando o fim de semana inteiro na cidade, tem potencial para colocar o evento em um dos maiores do gênero no cenário nacional. Além de setores essencialmente econômicos vinculados com o turismo como a Abrasel, a hotelaria e o setor cervejeiro , estamos em diálogo com a Funalfa para discutir a possibilidade de manter espaços culturais como museus, o CCBM, o Teatro Paschoal Carlos Magno e outros com programação temática, para que o turista tenha também opções de vivência na cidade durante o evento. Acredito que ele possa se tornar o maior do país em políticas afirmativas, reforçando um papel histórico que Juiz de Fora tem com iniciativas como a Lei Rosa. Isso reafirma o posicionamento da Prefeitura de que não vai haver retrocesso nos direitos, pelo contrário, precisamos de avanço.”

 

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