Suspeita de cárcere privado é reforçada após depoimento de adolescentes
Duas das vítimas, 14 e 17 anos, foram ouvidas pela Polícia Civil; delegado já identificou dois suspeitos
Depois de ouvir na manhã desta quinta-feira (31) as duas adolescentes, de 14 e 17 anos, que ficaram dois dias desaparecidas, entre a noite de domingo (27) e a noite de terça-feira (29), a Polícia Civil reforçou a hipótese de que tenha ocorrido crime de cárcere privado. O caso pode ter ligação com um homicídio.
Segundo o delegado Rodolfo Rolli, as vítimas ainda estão assustadas, mas deram algumas informações sobre o que ocorreu no período em que ficaram sumidas. A outra menina, 10, não está mais em Juiz de Fora e será ouvida nos próximos dias. “As duas adolescentes contaram que foram pegas, junto com a menina de 10 anos, por três garotos quando estavam no ponto de ônibus da Getúlio Vargas. As vítimas disseram que conheciam dois dos autores. Elas não explicaram como foram levadas para o cativeiro e nem o local exato em que ficaram mantidas presas”, disse.
O relato delas à autoridade policial, conforme Rolli, aponta que o trio as abandonou no cárcere, mas elas conseguiram escapar e pediram ajuda no Bairro Benfica, região Norte. “As duas afirmam que não foram abusadas sexualmente ou agredidas. Mesmo assim, solicitei que fossem submetidas a exame de corpo de delito para comprovar que não houve relações sexuais. A mais nova não quis fazer o exame”, disse.
Homicídio
Até o momento, as apurações apontam que o caso pode ter relação com um homicídio ocorrido na Zona Norte. O crime aconteceu em julho deste ano. Segundo Rodolfo Rolli, um dos suspeitos de manter as meninas presas teria participação no assassinato. O delegado ainda apura o motivo certo de elas terem sido pegas, mas a suspeita é que elas soubessem de algo sobre o homicídio que incriminasse o trio. “Ainda temos muita coisa para apurar e verificar, outras pessoas serão ouvidas, e também estou em contato com a Delegacia Especializada de Homicídios para apurar melhor isso”, disse.
O delegado informou que os suspeitos identificados pelas garotas já foram qualificados. A polícia agora busca pelo terceiro envolvido. “Vou colher o depoimento deles e tentar preencher algumas lacunas”, finalizou.
Entenda o caso
O episódio veio à tona na última segunda-feira (29), depois que a mãe da adolescente de 17 anos acionou a Polícia Militar para comunicar o desaparecimento das três. O sumiço ocorreu depois de elas, supostamente, terem ido ao Centro de Juiz de Fora lanchar em uma rede de fast food. No registro de “comunicação de pessoa extraviada ou desaparecida” feito pela Polícia Militar na segunda-feira (28), dois irmãos, 16 e 18 anos, aparecem como suspeitos do sumiço das três meninas. Porém, até o momento, nada foi provado contra eles.
De acordo com o documento feito pela Polícia Militar, a corporação foi acionada por volta das 14h de segunda-feira (28), no Bairro Parque das Torres. Conforme o relato da mulher, 41, a filha saiu de casa no domingo (27) por volta das 19h. Na companhia das duas amigas, ela disse que iria até uma lanchonete no Centro de Juiz de Fora. O último contato da mãe com a adolescente foi às 22h do mesmo dia, quando a garota disse que estava em um ponto de ônibus da Getúlio Vargas, em frente a um shopping.
Como as meninas não chegaram em casa, preocupada, a mulher postou fotos delas em grupos de WhatsApp. Logo depois, conforme o documento policial, ela teria recebido um áudio com a voz de um homem que dizia que as meninas estariam perto do condomínio Belo Vale I, no Bairro Jóquei Clube II, por volta das 23h30, na companhia de alguns garotos.
Segundo o documento policial, a mãe da menina de 10 anos apenas confirmou as informações da outra mulher. Já a mãe da outra adolescente desaparecida, 37 anos, teria afirmado que tem problemas de relacionamento com a filha, mas o registro dos militares informa que ela não soube repassar dados sobre a adolescente.