Marcelo Bozó é preso no Rio com R$ 1 milhão


Por Sandra Zanella

31/07/2012 às 15h01

O traficante de Juiz de Fora que seria um dos criminosos foragidos mais procurados de Minas Gerais, segundo a Polícia Federal, preso segunda-feira na cidade do Rio de Janeiro com mais de R$ 1 milhão, pode ter ligação com a facção criminosa fluminense Comando Vermelho, conforme informou nesta terça-feira (31) o delegado chefe da PF, Cláudio Dornelas. Marcelo José de Moraes Pinto, 41 anos, conhecido como Marcelo Bozó, foi detido quando saía de um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, onde foram apreendidos R$ 1.056.488 em espécie. A prisão aconteceu após um mês de investigação da Delegacia da PF na cidade e contou com apoio de policiais federais do Rio. Também foram apreendidos 160g de cocaína, 200 dólares, diversas joias, incluindo um cordão de ouro de 305g, avaliado em R$ 30 mil, um veículo Hyundai IX35, notebook e cinco celulares.

"Temos notícia de que ele (Marcelo) estava relacionado com a facção do Comando Vermelho da área da Rocinha. Certamente ele tinha proteção desse pessoal, porque senão não estaria há tanto tempo sossegado", observou Dornelas. Segundo o delegado, Bozó é conhecido por utilizar artifícios para escapar das unidades prisionais. "Ele já alegou ser portador do vírus HIV para sair da cadeia. Mas vivia em condições saudáveis, tomando seu chope no Rio." De acordo com o coordenador do Núcleo de Inteligência da PF, delegado Humberto Brandão, o suspeito é "tido como um criminoso que paga a polícia para fugir dela". Dornelas disse que a informação está sendo apurada. "Ele andava com grande soma de dinheiro diariamente. Para quê, a gente vai investigar, e ele vai ter que explicar depois."

Segundo Brandão, o homem tem condenações por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. "Fizemos a recaptura do maior traficante de Juiz de Fora e Minas. Ele fixou base no Rio, mas continuava abastecendo o mercado da cidade, Barbacena, Ubá, Belo Horizonte, além de Rio e São Paulo. O Marcelo é praticamente uma lenda e tem 70 anos de condenação. A prisão dele era uma questão de honra para as polícias." O dinheiro encontrado estava em gavetas do quarto do suspeito. "Ele não esperava que a gente ‘pulasse’ lá. A prisão foi feita quando ele saía de casa para levar a filha ao médico." Mesmo com auxílio de uma máquina, a polícia demorou três horas para contar todas as notas.

De acordo com a investigação da PF, Bozó era especializado na venda a atacado de cocaína. "Ele também comercializava insumos, como acetona e éter, para transformar a pasta base", disse Brandão. "Ele é o patrão e devia pegar direto da fonte. Provavelmente a droga vinha do Paraguai. Com a prisão dele, o tráfico na cidade fica desestruturado, porque mexemos em quem comandava, no cérebro. Boa parte da droga apreendida em Juiz de Fora recentemente era dele", completou. Dornelas destacou que Bozó abastecia outros grandes traficantes. "Ele fazia tráfico pesado e fornecia parte da droga para a Olavo Costa (Zona Sudeste), São Benedito (Leste) e também no Centro. Juiz de Fora não pode ter mito em traficantes. Isso mostra que a Polícia Federal vai ficar alerta. Ninguém vai enriquecer na cidade às custas da desgraça alheia. Todos estão sujeitos à lei."

A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que Marcelo teve várias passagens por unidades do sistema prisional de Minas entre 1997 e 2006. A primeira entrada foi em Juiz de Fora. Depois disso, ele chegou a ficar preso no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, e na Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, ambos municípios da região Metropolitana de Belo Horizonte, e na Penitenciária José Edson Cavalieri, em JF. Ainda conforme a assessoria, em 2006 o homem estava novamente no Ceresp, mas obteve alvará de soltura expedido no dia 24 de abril daquele ano pela 1ª Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, recebendo liberdade judicial.  

Além de possuir mandado de prisão em aberto, o suspeito foi autuado em flagrante por tráfico de drogas. "Apreendemos agendas e anotações contábeis que mostram que ele é um traficante forte, do tipo que não fica onde a droga está. O material também revela a conexão dele com outros traficantes do estado", afirmou Brandão. Bozó foi trazido para a cidade e está no Ceresp, à disposição da Justiça. O delegado chefe disse que vai solicitar à Justiça a transferência dele para a área de segurança máxima da Nelson Hungria. "O lugar dele é na máxima de Contagem devido à sua periculosidade."

Lista dos criminosos de Minas
 
A Polícia Federal de Juiz de Fora conseguiu prender o traficante Marcelo José de Moraes Pinto, 41 anos, o Bozó, dias antes de ele ser lançado na lista dos criminosos mais procurados de Minas Gerais, dentro do projeto "Procura-se". De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Bozó foi escolhido pela 4ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) para integrar a primeira fase de interiorização do programa, com início previsto para agosto. O nome dele teria sido indicado levando em conta sua influência na criminalidade da região, que engloba Juiz de Fora e outros 85 municípios vizinhos.

O programa do Estado prevê a fixação de cartazes de criminosos foragidos da Justiça em áreas de grande circulação, a fim de motivar a população a fazer ligações para o número 181, do Disque-Denúncia Unificado, para o repasse de informações anônimas. Além de qualificar o trabalho das polícias, o projeto contribui com a prisão imediata dos procurados ou auxilia a investigação dos casos.

O "Procura-se" é um projeto da Seds, em parceria com as polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Instituto Minas pela Paz. Cada lista inclui 12 alvos para serem procurados, com base no grau de periculosidade e de gravidade dos crimes praticados pelos foragidos da Justiça. A primeira relação foi lançada em outubro do ano passado, com apenas criminosos de Belo Horizonte. A segunda lista divulgada dois meses depois passou a contar com nomes da região Metropolitana de BH. A partir de denúncias recebidas pelo número 181 e do trabalho das polícias, 13 dos 24 procurados foram capturados, segundo a assessoria. A partir deste mês, a lista vai ter nomes da capital e também de outras Risps do estado, incluindo a de Juiz de Fora. Com a prisão de Bozó, o nome dele vai ser retirado e outro vai ser escolhido.

Uma das últimas prisões de Marcelo teria sido realizada em 2006 em um sítio no Bairro Granjas Bethel, Zona Sudeste. Na época, policiais civis da antiga Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes cumpriram dois mandados de prisão expedidos pela Justiça de Minas e São Paulo pelos crimes de tráfico de drogas e falsidade ideológica, respectivamente.

Um traficante de Juiz de Fora que seria um dos criminosos mais procurados de Minas Gerais, segundo a Polícia Federal, foi preso segunda-feira (30) na cidade do Rio de Janeiro. Marcelo José de Moraes Pinto, 41 anos, conhecido como Marcelo Bozó, foi detido quando saía de um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, onde foram apreendidos R$ 1.056.488 em espécie. A prisão aconteceu após um mês de investigação da Delegacia da PF de Juiz de Fora e contou com apoio de policiais federais do Rio. Também foram apreendidos 160g de cocaína, 200 dólares, diversas joias, incluindo um cordão de ouro de 305g avaliado em R$ 30 mil, um veículo Hyundai IX35, notebook e cinco celulares.

"Fizemos a recaptura do maior traficante de Juiz de Fora e Minas. Ele fixou base no Rio, mas continua abastecendo o mercado de Juiz de Fora, Barbacena e Ubá, além de ter ligação com Rio e São Paulo", informou na manhã desta terça-feira (31) o coordenador do Núcleo de Inteligência da PF, delegado Humberto Brandão. "O Marcelo é praticamente uma lenda em Juiz de Fora e tem 70 anos de condenação", completou. Além de possuir mandado de prisão em aberto, o suspeito foi autuado em flagrante por tráfico de drogas. "Apreendemos agendas e anotações contábeis que mostram que ele é um traficante forte, do tipo que não fica onde a droga está." Bozó foi trazido para Juiz de Fora e está no Ceresp, à disposição da Justiça.

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