Polícia Civil desmantela associação envolvida com receptação de peças e adulteração de veículos
Três pessoas foram presas por suspeita de participação em esquema que usava peças de ferro velho na reparação de automóveis e fraudava documentos para obter lucro
Três homens e uma mulher foram presos pela Polícia Civil, nesta segunda-feira (30), durante a Operação Xeque-mate. A suspeita é de que eles estavam envolvidos em um esquema fraudulento de receptação de peças automotivas e adulteração de veículos e documentos. A investigação também apontou que a compra e venda de armas de fogo era realizada por parte desses investigados.
De acordo com o delegado Rogério Woyame, titular da Especializada de Repressão a Roubos, essa investigação já vinha sendo realizada há mais de oito meses e teve início com a notícia da venda de peças de veículos automotores receptadas. “Conseguimos uma interceptação telefônica que abriu duas vertentes de investigação: uma que apurou a venda de peças de veículos e adulteração de veículos, bem como a compra e venda de arma de fogo, e outra focada na investigação de uma empresa, que funcionava como se fosse uma seguradora, mas comprava peças de procedência duvidosa, algumas inclusive fruto de crime, para o conserto de veículos”, explicou o delegado.
Durante a investigação, foi apurado que essa empresa, uma associação de proteção veicular, estava fraudando diversos clientes, utilizando peças provenientes de ferro velho ou de veículos que já haviam sido desmontados para reparo dos veículos dos clientes. “Com a continuidade da investigação, foram identificadas outras fraudes praticadas por essa empresa. Por exemplo, um carro era dado como perda total para o cliente e tinha o recibo lavado, mas era recuperado. A empresa colocava esse veículo em circulação e continuava protelando o pagamento da indenização para o cliente. Só que ele recebia uma multa em casa, em razão da circulação do carro, e depois ficava numa disputa na Justiça contra a empresa. Outra situação era que o esquema usava peças de ferro velho para consertar os veículos. Houve, inclusive, uma situação em que um mecânico se recusou a colocar uma dessas peças no carro do cliente, alegando que ela poderia ocasionar um acidente. Então são diversos tipos de fraudes para ganhar dinheiro, protelando indenizações e pagando indenizações aquém do valor necessário ao cliente”, ressaltou Woyame.
Em áudios capturados durante a investigação, a equipe da Especializada ainda flagrou a situação de negociação de arma de fogo de grosso calibre, resultando na expedição de três mandados de prisão. O dono da empresa, de 51 anos, também teve mandado expedido em razão das fraudes praticadas e da adulteração de documentos. “Inclusive foi encontrado um produto químico na loja dele que serve para limpar documentos, retirando a tinta da caneta dos recibos. Mas é bom deixar claro que o dono da empresa não tem a ver com a negociação das armas, o envolvimento dele é com a compra de peças de procedência duvidosa. A intenção dele era comprar peças baratas para fazer o reparo dos carros. Se eram de péssima qualidade, recuperadas de veículos que eram sucatas, de ferro velho ou produto de crime isso não importava para ele.”

Apreensões e prisões
Segundo o delegado, com o proprietário da empresa foi apreendido um veículo importado, no valor de cerca de R$ 200 mil, que será encaminhado à Justiça para servir como parte dos recursos para pagamento das vítimas em razão dos prejuízos causados pelas fraudes. Na casa de outro preso, em Matias Barbosa, a Polícia Civil apreendeu arma de fogo, veículos adulterados, chassi raspado, duas motos sem procedência e chassi de caminhão adulterado. O dono da residência e a mulher dele foram presos por envolvimento em receptação e negociação de armas de fogo. Mais um homem também foi capturado por fazer parte desse esquema.
No total da operação foram apreendidos sete celulares, diversos documentos de veículos, 11 automóveis, chassis com identificação raspada e uma arma de fogo. Todos os presos, conforme Woyame, depois de ouvidos, seriam encaminhados ao sistema prisional de Juiz de Fora. “São importantes essas prisões, porque se trata de uma empresa que, há cerca de quatro anos, vinha fraudando seus clientes, e identificamos que, há anos, há pessoas brigando com essa empresa na Justiça. Então, estamos desmantelando o esquema que lesava diversas pessoas por praticar crimes de estelionato. Além disso, foram retiradas de circulação outras pessoas envolvidas também na compra e venda de armas de fogo, o que repercute positivamente na medida em que também retira essas armas de circulação.”
A expectativa da Polícia Civil é de que mais vítimas apareçam. “Com a divulgação desse caso, esperamos que muitas pessoas compareçam à delegacia para denunciar mais fraudes praticadas por essa empresa. Orientamos para quem teve problemas nesse sentido com essa empresa a nos procurar para que possamos identificar mais fraudes.”
Até o momento, foram identificadas 18 vítimas de fraudes envolvendo as peças automotivas e de indenizações pagas e não pagas aos clientes. A operação foi batizada com o nome de Xeque-mate porque, segundo o delegado, “envolveu muita estratégia para desmantelar esse esquema.”