Cinco celulares são levados, por dia, por assaltantes em Juiz de Fora
Somente em 2022, foram registrados 398 casos de roubo e 1528 ocorrências de furto de aparelhos móveis na cidade

Juiz de Fora registrou uma média de cinco aparelhos celulares levados por dia, entre furtos e roubos, durante todo o ano de 2022, de acordo com dados disponibilizados pelo Observatório de Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e levantados pela Tribuna. Os dados representam aumento de 25% nos roubos em comparação a 2021, passando de 318 para 398 ocorrências do tipo na cidade. Já o número de furtos de aparelhos móveis, no mesmo recorte temporal, apresentou alta de 15%. Em 2021 foram 1.327 delitos desta modalidade contra 1.528 verificados no ano passado.
O aumento de ambos indicadores em Juiz de Fora é corroborado pelo acréscimo no montante de celulares bloqueados pelas operadoras de telefonia móvel em Minas Gerais. Dados disponibilizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram crescimento de 18,5% nas solicitações realizadas pelas telefônicas entre os anos de 2021 e 2022, referentes a celulares roubados e furtados no estado. Para se ter ideia do quantitativo, apenas no último ano, cerca de 307 mil aparelhos foram bloqueados em definitivo em todo o estado contra 259 mil em 2021.
Por mais que os indicadores não reflitam, integralmente, a realidade dos fatos, tendo em vista que há vítimas que não registram boletim de ocorrência, o especialista em segurança pública e professor da PUC-Minas, Luis Flávio Sapori, avalia que os aumentos seguidos nos índices são motivados pela retomada econômica e pelo retorno da população às ruas com o fim do período mais austero da pandemia.
“Ainda que esses números assustem, em um primeiro momento, é preciso dizer que estamos presenciando redução desses delitos em todo o estado de Minas Gerais. Isso se deve, principalmente, à atuação intensiva e ostensiva do comando da Polícia Militar mineira na repressão ativa desses crimes, por meio de patrulhas e rondas mais efetivas. Sendo assim, quando olhamos em um panorama mais aberto, percebemos uma redução de quase 60% no número de roubos de celulares em Minas Gerais desde o ano de 2017. É o que nós chamamos de gestão por resultados.
A polícia deixa de ser aquela que apenas registra os crimes e atua diretamente na repressão dos mesmos. Por outro lado, esses aumentos recentes demonstram que a receptação dos aparelhos roubados pode ser considerada como o maior combustível para que este tipo de crime continue acontecendo”, indica o pesquisador.
Valor de mercado dos aparelhos
Mesmo após a inutilização de um aparelho celular roubado ou furtado, seja por meio de solicitação direta às operadoras ou por meio de serviços oferecidos pelos próprios fabricantes, Sapori aponta que os smartphones subtraídos ainda possuem algum valor de mercado. “Muitos desses celulares ‘surrupiados’, quando não receptados diretamente, acabam sendo desmontados e utilizados para a venda de peças de reparo de segunda mão. Sendo assim, é preciso que os órgãos investigadores aprimorem as investigações sobre esses delitos, para justamente ter êxito na desconstrução desta cadeia de comércio ilegal, seja pela venda dos aparelhos ou pelo próprio desmonte dele”, relata.
Bloqueio apenas com número de telefone
Ainda que muitas vítimas de roubos e furtos realizem o registro da ocorrência para informar aos órgãos de segurança pública sobre o delito sofrido, até poucos anos atrás, algumas não conseguiam efetuar o bloqueio e a inutilização dos aparelhos levados por assaltantes. Na época, o processo era realizado apenas de forma direta com as operadoras de telefonia celular e exigia, além do registro policial, que os interessados tivessem em mãos o número do Imei do dispositivo (sigla em inglês para Identificação Internacional de Equipamento Móvel). O Imei, além de ser gravado no próprio aparelho, também consta na caixa do telefone móvel em questão.
Caso a vítima não tivesse mais a caixa do aparelho, ou também não tivesse anotado o número identificador em lugar seguro, não seria possível realizar o bloqueio do celular subtraído. Para contornar esta situação, a Sejusp lançou, em 2018, a plataforma on-line Central de Bloqueio de Celulares (Cbloc), que permite aos cidadãos realizar a solicitação de bloqueio de um aparelho roubado ou furtado apenas com o número de telefone da vítima.
De acordo com a secretaria, após o registro junto à Polícia Militar, a vítima deve acessar o site da plataforma e realizar o cadastro, informando também o número de telefone. Através de parcerias com as operadoras de telefonia, o sistema identifica o número do Imei do aparelho subtraído e consegue realizar o bloqueio do celular.
Na visão de Sapori, a ferramenta é considerada primordial para auxiliar na redução desses delitos. “O Cbloc é uma plataforma essencial no ponto de vista da segurança pública, tendo em vista que ela diminui consideravelmente o valor de mercado de um celular roubado, que se torna inutilizável por estar bloqueado. O delito em si não vai ser extinto apenas com essa funcionalidade, mas com certeza ela se torna um desincentivo”, avalia.
Além disso, segundo a Sejusp, caso o aparelho bloqueado em questão seja recuperado pelas autoridades policiais, o proprietário poderá reavê-lo mediante preenchimento do termo de restituição. É garantido o desbloqueio pela Anatel. A plataforma também disponibiliza o número 0800 283 0190 para atendimento a dúvidas de cidadãos, disponível 24 horas por dia.