Motoboys de Juiz de Fora aderem à breque nacional e pedem remuneração justa
Categoria luta por pagamento integral de horas destinadas ao aplicativos de entrega
Os motoboys de Juiz de Fora paralisaram as atividades ao longo desta sexta-feira (29) em adesão ao chamado de breque da Aliança Nacional dos Entregadores de Aplicativo (Anea). A paralisação ocorre em diversas cidades do país como forma de apoio às negociações que ocorrem junto ao Governo Federal para regulamentar a atividade dos entregadores.
Em Juiz de Fora, o movimento foi puxado pela Associação dos Motoboys, Motogirls e Entregadores de Juiz de Fora (AMMEJUF) e ocorreu nos shoppings Independência, Jardim Norte e em frente ao McDonalds no Bairro Alto dos Passos, Zona Sul. O chamado nacional é para breque com início nesta sexta e duração até domingo (1º). De acordo com o diretor da Associação, Nicolas Souza Santos, a categoria ainda não deliberou se a paralisação vai se estender ao longo do fim de semana.
Em uma faixa na rotatória da Avenida Independência, em frente ao shopping, os motoristas escreveram o lema da campanha “hora logada ou nada”. Uma das principais reivindicações da categoria é pela hora logada em detrimento da hora trabalhada. A hora logada começa a contar quando o trabalhador se conecta no aplicativo e está, assim, à disposição para fazer corridas. A hora trabalhada só conta quando o trabalhador estiver transportando uma mercadoria.
Conforme Nicolas, foram 150 dias de negociação com as empresas de aplicativo em Brasília. A pauta, no entanto, não avançou. “Eles querem pagar R$ 17 por hora trabalhada, que vai contar apenas quando a gente estiver com o pedido na mochila. Mas nós queremos que eles paguem por nosso tempo. É muito comum a gente ficar 3h parados, não tocar nada e a gente arcar com o prejuízo. Isso acaba arcando com outra série de prejuízos, como tentar compensar a meta no dia seguinte, acelerar demais, o que impacta na saúde e segurança da profissão.”
Na avaliação de Nicolas, a adesão ao movimento desta sexta foi satisfatória. De acordo com ele, a maior parte dos motoboys ficou em casa e desligou os aplicativos, já outros foram para o movimento nas ruas. “Considerando o movimento de uma sexta-feira a gente praticamente não está vendo motoboys na rua.”
Entregadores rejeitam proposta das empresas
Desde junho, um grupo de trabalho se reúne em Brasília para definir uma proposta de regulamentação da prestação de serviço por intermédio de plataformas tecnológicas. Após esse tempo, os motoboys e as empresas não chegaram a um acordo para melhorar as condições de trabalho dos entregadores.
O Conselho Nacional dos Sindicatos de Motoboys e Motoentregadores, a Aliança Nacional dos Motoboys e Motoentregadores e as centrais sindicais reivindicam os valores mínimos de R$ 35,76 para motociclistas e R$ 29,63 para ciclistas profissionais por hora de trabalho. Já a proposta das empresas varia de R$ 10,20 a R$ 12 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7 para ciclistas. Elas são representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).
O Governo tem prazo de 150 dias, a partir da data de entrada em vigor do decreto de criação do grupo, que ocorreu no dia 1º de maio, prorrogável por igual período, para apresentar o relatório final das atividades.
Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) afirmou que respeita o direito de manifestação e que suas empresas associadas mantêm abertos seus canais de diálogo com motoristas e entregadores.
“A Amobitec tem participado de forma construtiva do GT criado pelo governo para propor uma regulação para o trabalho executado por intermédio de plataformas tecnológicas, e já apresentou diversos documentos e propostas. Reforçamos nosso interesse em continuar colaborando para a construção de um modelo regulatório equilibrado, que busque ampliar a proteção social dos entregadores e motoristas e garantir a segurança jurídica da atividade.”