Mulher diz ter sido agredida ao tentar tirar foto; funcionária do posto é detida
A Prefeitura de Juiz de Fora reforçou que a técnica de enfermagem nega as agressões; situação está em apuração interna
Uma mulher, de 36 anos, denunciou que teria sido agredida ao tentar tirar uma foto na sala de vacinação. A proibição de tirar fotografia teria partido de uma técnica de enfermagem na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Grama, Zona Nordeste de Juiz de Fora. A funcionária do posto foi detida pela Polícia Militar mediante suspeita de crime de lesão corporal. O caso foi registrado pela PM, na manhã desta segunda-feira (27). A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a situação está em apuração interna.
De acordo com o Registro de Evento de Defesa Social (Reds), a Polícia Militar foi deslocada para a UBS, depois de ter sido acionada pela usuária do posto Aurora Laguardia, que disse ter sido agredida. Ela relatou que estava na unidade para tomar a vacina contra a Covid-19, fato que estava demorando e que a fez questionar às enfermeiras do posto se tinha a vacina para aplicação. Aurora alegou que estava dentro do horário para ser atendida e queria receber a dose naquele momento.
Conforme a usuária, ela entrou na sala para ser vacinada com o telefone, para fotografar a aplicação. Segundo Aurora, no momento em que pegou o celular, a técnica de enfermagem disse que não autorizava a imagem dela na fotografia. Como mostra o documento policial, a usuária ainda afirmou que a técnica de enfermagem, ao aplicar a agulha em seu braço, teria a empurrado com brutalidade. Aurora perguntou qual seria o nome da profissional, que teria se recusado a informar.
No intuito de identificar o nome da pessoa que aplicou a vacina, Aurora disse que tentou fotografar algumas folha que estavam em cima da mesa, contudo, segundo ela, teria sido impedida pela profissional, que teria tomado, bruscamente, o seu celular. Em seguida, conforme relato da usuária, a técnica a teria segurado pelo braço esquerdo, com o objetivo de lhe retirar da sala. Segundo ela, as unhas da profissional teriam causado lesão no antebraço.
No contato com os policiais, a funcionária da UBS relatou que estava escalada para atuar em outra área do posto de saúde, porém foi deslocada para ajudar na vacinação, no momento em que a mulher entrou para vacinar. Conforme a técnica, a usuária começou a filmar o procedimento e foi advertida de que não poderia filmar o local. A técnica também relatou que, devido à insistência da mulher em lhe filmar, assim como o procedimento, ela pediu para que ela se retirasse do local, o que teria sido negado pela usuária. Neste momento, como relatou a funcionária, ela pegou no braço esquerdo da mulher, para retirá-la da sala. A técnica de enfermagem negou que tenha lesionado o braço de Aurora.
Duas testemunhas que estavam no local foram ouvidas pelos policiais. Uma delas, que estava na fila aguardando para ser vacinada, teria confirmado a versão da usuária. Enquanto a outra, que relatou ser enfermeira e que estava na sala de vacinação, disse que a mulher tentou fotografar e filmar o procedimento, o que levou a funcionária a solicitar que a mulher deixasse o local, mas, como ela se negou, a funcionária a segurou pelo braço, mas sem a intenção de machucar.
Depois das partes ouvidas, a profissional foi detida pelos policiais por suspeita de crime de lesão corporal. Segundo o Reds, ela assinou um termo de compromisso, comprometendo-se a comparecer ao juizado especial criminal. Ainda segundo o documento policial, a usuária manifestou interesse em dar prosseguimento com a ação judicial.
Aurora Laguardia procurou a Tribuna para informar que realizou exame de corpo de delito e entrou em contato com os conselhos Regional e Federal de Enfermagem e que também vai procurar a Ouvidoria da Prefeitura e a Secretaria da Saúde.
PJF diz que caso está sendo apurado
A Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora informou que está apurando internamente o caso. “A versão das profissionais da unidade diferem do expresso pela usuária no boletim de ocorrência. A pessoa que afirma ter sido agredida não foi proibida de ser fotografada no ato da vacinação. A proibição era para fotografar os impressos da sala de vacina, onde havia o carimbo da servidora. A técnica de enfermagem nega as agressões”, afirmou a Prefeitura, que acrescentou que o Departamento de Desenvolvimento de Atenção à Saúde (DDAS), através da assessoria jurídica, irá prestar adequado suporte à servidora.