Estudantes fazem manifestação na Odonto em apoio a colega


Por Tribuna

28/06/2016 às 12h52- Atualizada 28/06/2016 às 16h26

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Cerca de 50 estudantes participaram de ato em repudio à atitude do docente (Foto: Olavo Prazeres)

Atualizada às 14h23

Estudantes da Faculdade de Odontologia da UFJF realizaram, nesta terça-feira (28), uma manifestação em apoio à colega que denunciou um professor do curso por assédio sexual e agressão. Munidos de faixas, apitos e cartazes, o grupo, composto por cerca de 50, pessoas incluindo servidores da Odonto e alunos de outros cursos da universidade, reuniu-se na portaria da faculdade, no campus. Os estudantes organizaram o ato em repúdio ao professor e para cobrar providências da UFJF na apuração do caso. Na última quinta-feira, a aluna de 23 anos, que está no último período, denunciou vários assédios que teriam sido praticados pelo professor de 61 anos à direção da instituição.

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Aos gritos de “fora opressor”, os jovens pediam fim à impunidade e declaravam apoio à colega, que decidiu romper o silêncio. Os estudantes confirmaram, mais uma vez, que os casos envolvendo atitudes abusivas por parte do professor são frequentes. Segundo a estudante do sexto período de Odontologia Camila Guimarães, o objetivo é conseguir apoio de toda a comunidade acadêmica contra qualquer tipo de agressão, assédio ou abuso que sejam praticados dentro da instituição. “Isto que aconteceu é muito sério. Queremos que todo abuso seja denunciado. Nossa intenção é que este caso ganhe grandes proporções para que ele (o professor) veja que ela (aluna) não está sozinha nesta luta. Sabemos da existência de outros casos, inclusive até de pacientes dele, mas as pessoas têm medo de denunciar”, disse.

Além de estudantes dos cursos de Psicologia, Filosofia e de outros do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que estiveram na manifestação, o grupo afirma que conta com apoio de funcionários e professores da Odontologia. “A nossa professora de hoje inclusive permitiu que viéssemos de preto, em luto pelo que aconteceu”, explicou Camila. O servidor João Marcos Gonzaga, que trabalha na Faculdade de Odontologia e também participou do movimento, disse que já ouviu vários relatos de casos constrangedores envolvendo o professor denunciado. “Os professores têm receio de falar sobre isso, até por ele ser reconhecido na especialidade em que atua”, disse.

Ainda segundo Camila, os estudantes planejam continuar a mobilização com o objetivo de conseguir a devida punição ao professor. “Queremos fazer um abaixo-assinado pedindo a saída dele da faculdade.”

O caso

Na semana passada, a aluna que fez a denúncia disse que teria sido trancada em uma sala reservada, onde o professor a teria agarrado pelos braços e a forçado contra a parede. Nesta ocasião, o docente teria dito que a jovem era uma “reles acadêmica” e que ela não teria lugar entre doutores. A estudante ainda teria sido ameaçada de reprovação no curso. Ela também denunciou ter sido assediada pelo suspeito quando estava no quinto período e que tinha conhecimento de que ele assediava outras alunas. Segundo a jovem, os casos nunca foram denunciados anteriormente porque o professor dizia que ela não se formaria.

Uma comissão de sindicância foi constituída pela direção da Faculdade de Odontologia para apurar a denúncia formalizada pela estudante. Segundo a assessoria de comunicação da UFJF, os trabalhos da sindicância tiveram início nesta segunda (27). Todavia, conforme o órgão, as atividades irão ocorrer em sigilo. A universidade só irá se posicionar a respeito da investigação quando a mesma for concluída.

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