Curso capacita confeiteiras
“É preciso ter força, é preciso ter raça”, entoa a música de Milton Nascimento que foi cantada em homenagem às 18 mulheres que participaram na sexta-feira da formatura da segunda turma do projeto “Com licença, vou à luta” e foram certificadas no curso de confeitaria. A iniciativa é do Governo estadual e executada pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da Prefeitura em parceria com a empresa Dispropan, com o objetivo de capacitar mulheres, em situação de vulnerabilidade social, por meio da qualificação profissional. O refrão da música de Bituca traduz a energia das alunas que, a partir de agora, querem encarar o mercado de trabalho com mais confiança. Pelo menos é assim que Elaine Leonel Taconi, de 41 anos, encara o futuro. Ela recebeu seu certificado na última sexta-feira e disse que já está matriculada em mais dois cursos promovidos pela Dispropan: um de salgados e outro de doces de casamento. “Foi muito bom, porque, além do diploma, conheci outras pessoas e troquei experiências. Agora, pretendo conseguir ser contratada por uma empresa ou trabalhar por conta própria”, diz a aluna, que é moradora do Bairro Marumbi, mãe de três filhos e tem um neto de 1 ano e 8 meses. Ela, como as outras alunas, são familiares de egressos do sistema prisional de Juiz de Fora integrantes do Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (Presp), da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
O curso de confeitaria do qual elas participaram está em sua segunda turma e foi realizado durante um mês. A primeira edição aconteceu entre maio e julho deste ano e contou com 27 participantes. As alunas tiveram aulas práticas nas dependências da distribuidora Dispropan e de capacitação realizadas na sede do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Bairro Vila Olavo Costa. Dezesseis participantes do módulo que se encerrou na sexta são moradoras dessa comunidade. As formandas receberam, também, vale-transporte, lanche e acessórios para as aulas práticas, como touca, avental e luvas. A entrega de certificados contou com a participação do prefeito Bruno Siqueira (PMDB). “Esse projeto é importante, porque dá a oportunidade a essas alunas de entrarem no mercado de trabalho de forma diferenciada, uma vez que receberam capacitação, e ainda abre para elas a possibilidade de se tornarem autônomas”, ressaltou Bruno, acrescentando que, a Vila Olavo Costa, de onde a maioria das alunas é oriunda, deve receber, no ano que vem, um complexo social que envolve parceria com a iniciativa privada, onde serão realizadas oficinas culturais, além de abrigar um campo de futebol. Para o diretor financeiro da Dispropan, Dalmo Couto, a iniciativa faz parte das comemorações de 40 anos da empresa. “É uma forma que encontramos de dar um retorno para a sociedade da cidade onde a Dispropan começou.”
Nova turma
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Social, Flávio Cheker, a parceria com o Estado, que possibilitou manter as duas turmas do projeto “Com licença, vou à luta”, se encerrou, pois já tinha prazo determinado. Mas ele afirma que já há a intenção de abrir novos cursos. “Fomos tão bem-sucedidos que estamos em negociação com a Dispropan e outros parceiros, para manter a atividade.” Na visão da gestora do Centro de Prevenção à Criminalidade, Arine Caçador, esse tipo de ação pode ser considerada como prevenção. “Se ela for eficiente, não é necessário adotar medidas de combate. Essa é a proposta dos programas de prevenção à criminalidade que vêm sendo realizados em Juiz de Fora, como o Presp (Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional) e o Ceapa (Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas ). Acreditamos que esse trabalho de empoderamento, de inserção social, inclusão e acesso a direitos sociais básicos vai fortalecer o trabalho de prevenção, para que essas pessoas, de fato, não voltem a cometer delitos e assim gerar um processo de prevenção que possa interferir nos processos de criminalização do sujeito, inclusive atuando com seus familiares.”