Empresa de marmitas para presos é interditada pela Vigilância Sanitária
Alvo de denúncias de comida estragada, firma também teve drogas encontradas em sua sede
A Vigilância Sanitária da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) interditou de forma cautelar a empresa Total Alimentação, responsável por fornecer marmitas para unidades prisionais de Juiz de Fora, Bicas e Matias Barbosa. “A medida foi tomada em função de condições sanitárias inadequadas no estabelecimento.”, destacou a PJF, que se reuniu na última sexta-feira (24) com os representantes dos presídios para informar sobre a interdição.
Ainda conforme o Executivo municipal, a empresa de alimentos foi orientada sobre as correções necessárias no espaço onde são preparadas as comidas, a fim de garantir a segurança alimentar. Enquanto as adequações são realizadas, o estabelecimento segue interditado.
A Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a empresa para se manifestarem sobre a questão.
Em relação ao fornecimento das marmitas a presos e servidores, a Subsecretaria de Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia da Sejusp esclarece que, por força de contrato, a empresa pode terceirizar o fornecimento da alimentação com parceiros locais até que a sua situação seja regularizada junto aos órgãos de fiscalização.
“A interdição, realizada pela Vigilância Sanitária, a partir desta segunda-feira (27), se deu em razão de problemas estruturais na sede da empresa.” Conforme a pasta, quatro refeições são servidas diariamente (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), contabilizando aproximadamente 10 mil marmitas distribuídas por dia. “A Total Alimentos tem parceiros locais e a alimentação não deixará de ser entregue, respeitando todos os requisitos de qualidade e segurança previstos em contrato, sem prejuízo no fornecimento diário das refeições às unidades prisionais atendidas pela empresa.”
A Sejusp garante que seguirá fiscalizando a qualidade da alimentação entregue. “Em caso de qualquer desconformidade contratual, a empresa é acionada administrativamente e as refeições devem ser prontamente substituídas. Por ora, não há qualquer intercorrência registrada.”
A Tribuna aguarda o retorno da Total Alimentação.
Drogas na sede da empresa
A interdição cautelar da empresa Total Alimentação – ganhadora do processo licitatório na modalidade pregão para oferecer serviços de preparação, produção e fornecimento contínuo de refeições e lanches prontos para unidades prisionais de Juiz de Fora e região – aconteceu na mesma semana em que a Polícia Militar flagrou dezenas de tabletes, comprimidos e porções de drogas na sede da firma, no Bairro Milho Branco, Zona Norte. A ação aconteceu no dia 19 deste mês.
Desde 22 de maio de 2023, por meio de contrato com a Sejusp, a Total Alimentação é responsável por abastecer a Casa do Albergado José de Alencar Rogêdo, o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), as penitenciárias José Edson Cavalieri (Pjec) e Professor Ariosvaldo Campos Pires, além dos presídios de Bicas e Matias Barbosa. O valor do contrato é de mais de R$ 36 milhões, por 24 meses, a depender dos serviços efetivamente realizados. A empresa deveria fornecer alimentação balanceada e em condições higiênico-sanitárias adequadas a presos e servidores públicos desses locais.
No entanto, a firma já foi alvo de diversas ações da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB motivadas por denúncias de de comida estragada ou com presença de larvas e insetos.
No caso das drogas apreendidas na sede da empresa, entre porções de maconha, cocaína, haxixe, comprimidos de ecstasy e pontos de LSD, além de celulares e apetrechos afins, a PM recebeu informações de que o destino seria o complexo penitenciário juiz-forano. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), entretanto, pontuou que toda a alimentação fornecida vem do ambiente externo e passa por “rigorosa fiscalização”, sendo os scanners das unidades utilizados para verificar o conteúdo interno das marmitas.
Já a Total Alimentação afirmou que, na madrugada do dia 19 de maio, foi identificada tentativa de prática de ato ilícito durante o envase de garrafas de café. “Por ter a unidade um sistema robusto de vídeo e monitoramento, foi possível, de forma preventiva, impedir que o ato fosse praticado, conforme B.O. realizado. Foi acionado de imediato as autoridades competentes, colaborando com envio de imagens, arquivos e documentos que já se encontram sob os cuidados da Polícia Militar, que possui ampla competência para conduzir a situação.”