Saúde alerta para aumento de casos de sífilis em Juiz de Fora
Em 2019, 298 notificações já foram registradas, uma média de 37 por mês. Prefeitura realiza, nesta sexta, 1º Fórum de Sífilis de Juiz de Fora
A cada ano, o número de casos de sífilis em Juiz de Fora vem aumentando, acompanhando o cenário verificado em todo o país. É o que apontam os dados da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) sobre a doença. Desde 2014, o número de registros cresce gradualmente. Naquele ano, eram 140 notificações de sífilis, número que saltou para 235 em 2015, passou para 328 em 2016 e chegou a 566 em 2017, quadriplicando a quantidade de registros em três anos. Em 2018 foram confirmados 434 casos da doença, número menor que o do ano anterior, mas que, para a pasta, pode representar uma subnotificação. Neste ano, já foram registrados 298 casos da doença até agosto, com uma média de cerca de 37 registros por mês. Para alertar sobre a doença, a PJF realiza, nesta sexta, o 1º Fórum da Sífilis em Juiz de Fora.
O gerente do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), Oswaldo Alves, observa que o aumento é importante, gradativo e que tem preocupado as autoridades em saúde. Embora os casos positivos no ano passado possam ter diminuído em relação à 2017, pontua o gerente, pode ser que os números estejam subnotificados. “Os casos de sífilis aumentaram tanto em 2017 e 2018 que, em 2017, faltou penicilina (utilizada no tratamento) no mercado e, em 2018, faltaram kits para execução de testes rápidos, embora o número de testagens tenha aumentado durante os anos”.
Para Oswaldo, o comportamento de risco da população é o que justifica o gradativo aumento no número de notificações, não só da sífilis, como também de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Segundo o gerente, assim com as demais DSTs, a doença atinge mais homens jovens. No entanto, ele frisa a necessidade de conscientização e prevenção por parte de todas as pessoas. A sífilis é transmitida principalmente por meio do sexo desprotegido, portanto, a principal forma de prevenção é o uso correto de preservativos.
Oswaldo também considera que a falta de informação, a negligência em relação aos sintomas e o abandono do tratamento são fatores que contribuem para o aumento de pessoas infectadas pela doença. “Por se tratar de uma doença em que a uma lesão inicial é indolor e, após semanas, desaparece, muitas pessoas não percebem ou acabam deixando isso para lá. Isso é um risco porque, ao longo do ano, ela vai aparecer de forma mais grave, e nesse período, uma pessoa pode infectar outras. O importante é que a gente frise à população que a qualquer sinal ou sintomas diferentes, ela deve procurar o sistema de saúde”.
Tratamento precisa ser feito até o final para ser eficaz
A sífilis se manifesta em três estágios, apresentando-se mais grave a cada um deles. Por esse motivo, é importante que a pessoa cumpra o tratamento até o fim. “O tratamento da doença é feito à base de penicilina, por meio da benzetacil, que é administrada, geralmente, em três doses, com um intervalo de uma semana para outra. Para alcançar a cura, o paciente precisa passar por essas três semanas de tratamento. Muitas pessoas acreditam que estão curadas após o estágio inicial, o que não acontece”, ressalta Oswaldo.
A doença, que é provocada por uma bactéria, geralmente se manifesta por verrugas nos órgãos genitais. Normalmente, elas apresentam bordas endurecidas e são indolores. O gerente explica que após três ou quatro semanas a lesão desaparece. “Em um segundo momento, a manifestação é cutânea, dermatológica, com machas escuras nas solas dos pés e nas palmas das mãos, que também somem após quatro semanas. A fase latente não apresenta nenhum sinal/sintoma. Mas se a pessoa fizer o exame de sangue irá constar que está infectada. Na fase tardia, que é a mais grave, irá acometer os órgãos internos. É uma doença grave, que mesmo assim tem cura, mas pode deixar sequelas, dependendo de onde a bactéria foi instalada”, alerta. O diagnóstico é feito por meio de dois tipos de exames. O teste rápido – sensível, até mesmo, a uma cicatriz da doença -, e o teste VDRL, em que será confirmado se a pessoa está infectada com a bactéria ou somente tem uma cicatriz sorológica.
Aos primeiros sinais da doença, a pessoa deverá procurar o Centro de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas 475, no Bairro Morro da Glória, região central, onde o exame é feito de forma rápida e gratuita. O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h.
Fórum irá debater situação da doença em JF
A situação da doença no município será discutida, nesta sexta-feira (25), durante o 1º Fórum de Sífilis de Juiz de Fora. Segundo Oswaldo, o intuito do evento é horizontalizar os profissionais das redes pública e privada. “O objetivo é discutir sobre quais são as formas eficazes de tratamento, quais são as formas de tratamento, como é feita essa medicação, e sobre como podemos fazer com que o paciente compareça até o fim do tratamento. Queremos discutir o cenário na cidade e conscientizar, porque é através dessa educação continuada que a gente vai conseguir que os pacientes se curem e que a população não fique exposta a essa patologia”.
O evento acontecerá no prédio de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas. Para participar, é necessário realizar inscrição pelo formulário ou pelo e-mail [email protected], até que se atinja o limite de vagas oferecidas. A atividade é direcionada aos profissionais atuantes nas unidades básicas de Saúde (UBSs), Urgência e Emergência, Atenção à Saúde e da rede privada.