Mulher em situação de rua dá à luz gêmeos embaixo de ponte
Parto foi prematuro, em gestação de sete meses; bebês nasceram com o auxílio dos profissionais do Samu
Uma mulher em situação de rua, identificada apenas por Nayara, deu à luz a um casal de gêmeos embaixo da Ponte Elson Duarte, mais conhecida como “Ponte do Ladeira”, nesta terça-feira (24). Ela estava ao lado de seu companheiro no momento do atendimento. Equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros acolheram o casal e ajudaram os bebês a chegarem ao mundo com segurança. De acordo com informações do Samu, uma equipe médica foi acionada para o local, que é onde a mulher estava residindo, porque ela já se encontrava em trabalho de parto.
Ainda conforme o Samu, o parto foi prematuro, gestação de sete meses, e os gêmeos, um menino e uma menina, nasceram com o auxílio dos profissionais envolvidos no atendimento. Como o local é de difícil acesso, foi preciso também do auxílio dos militares do Corpo de Bombeiros para retirar mulher e filhos, que foram encaminhados ao hospital Santa Casa de Misericórdia. A Tribuna fez contato com a unidade hospitalar, mas, até por volta das 19h, não havia informações sobre o estado de saúde deles. Segundo informações da Prefeitura, mãe e bebês estariam bem.
O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado para atendimento de uma ocorrência de parto emergencial em local de difícil acesso, “o que fez sua equipe chegar ao local e constatar que se tratava de uma parturiente que havia acabado de dar à luz a um bebê do sexo feminino, e ainda em período expulsivo de parto, havia um segundo bebê coroando, do sexo masculino”.
Ainda segundo a corporação, os militares do Corpo de Bombeiros iniciaram o atendimento à parturiente, seguindo os protocolos vigentes de trabalho de parto emergencial. “Inicialmente os bebês não apresentavam tônus muscular e nem respiração estável. Usando materiais e equipamentos adequados de auxílio ao parto, os bombeiros realizaram o clampeamento do cordão umbilical e procederam à liberação das vias aéreas e manobras de desobstrução, até que ambos os bebês se estabilizassem”, informou.
PJF afirma que casal e bebês irão receber assistência
Conforme a Prefeitura de Juiz de Fora, a mulher irá, através das secretarias de Assistência Social (SAS) e Especial em Direitos Humanos (SEDH), receber toda a assistência necessária.
Ainda segundo a PJF, a gestante foi identificada em situação de rua, no início de agosto, com o companheiro, quando eles permaneciam no viaduto próximo à Rua Francisco Bernardino. “O casal foi encaminhado para um hotel reservado pela SAS para atender a população em situação de risco e vulnerabilidade. A intenção principal era proteger o casal e os bebês e para que tenham possibilidade de permanecer no quarto do hotel de forma ininterrupta”, informou.
De acordo com a PJF, o Serviço de Abordagem Social iniciou acompanhamento do casal e realizou contato com a mãe e irmã da gestante buscando aproximação e apoio para ela neste período e após o nascimento dos bebês. Porém, ela acabou entrando em trabalho de parto antes do previsto. Assim, como aponta a Prefeitura, a Abordagem vai intensificar os contatos com a família no sentido de viabilizar maior suporte para a mãe e os filhos quando estes tiverem alta do hospital.
“A Secretaria de Assistência Social já fez contato com o hospital e foi informada de que os gêmeos nasceram com baixo peso e estão em observação. Recentemente, a mãe recebeu doação de enxoval através do Serviço de Abordagem Social. Os Serviços envolvidos no atendimento irão buscar alternativas para fortalecer a família e efetivar encaminhamentos que possam contribuir nos cuidados das crianças”, ressaltou o Executivo Municipal.
“Essa experiência realmente foi a que mais me tocou”
O Condutor socorrista do Samu, Eduardo Almeida, de 49 anos, ao narrar como ajudou no atendimento para o nascimento dos gêmeos, disse que “essa experiência de hoje realmente foi a que mais me tocou”. O profissional, que integra a equipe há dois anos e meio e já participou de partos complicados dentro da ambulância, também disse que o momento foi ímpar e “que a mão de Deus colaborou para que tudo desse certo”. Desta vez não deu tempo de preparação, porque fomos interceptados durante nosso deslocamento e tivemos que agir em um local de difícil acesso”, relatou.
Segundo ele, uma das crianças já havia nascido quando sua equipe chegou. “Com o apoio dos Bombeiros, conseguimos realizar o parto da segunda criança, que estava quase sufocada, e tivemos que realizar uma manobra, o que fez o bebê voltar a respirar e chorar, fato que encheu nosso coração de paz”, disse também se referindo à técnica em enfermagem Adriana Rodrigues, que atuou no atendimento juntamente com ele.
