Mesmo após inauguração, Praça Antônio Carlos tem obras por fazer
Falta entrega dos banheiros públicos, centro de informações turísticas e intervenções na pavimentação
Entregue ao público no último sábado (17), a Praça Antônio Carlos não está totalmente pronta. Algumas intervenções ainda devem ser feitas para que o espaço corresponda ao que foi prometido no edital. Dentre as obras inacabadas estão os banheiros públicos, o banheiro do palco, a construção de um centro de informações turísticas e intervenções no piso.
A revitalização foi iniciada em junho de 2022 e teve valor global de R$ 5.546.947,40. A entrega da praça ultrapassou o tempo previsto. Conforme o contrato, as obras deveriam ter acabado em fevereiro, e o acordo com a empresa, encerrado em maio. Sobre os equipamentos que ainda não estão prontos, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) afirmou que há “poucos reparos a serem feitos na Praça Antônio Carlos” e que esses estão sendo realizados pela mesma empresa contratada para execução das obras. Em nota, o Executivo disse que “as entregas complementares, banheiros e centro de informações turísticas, acontecerão em breve”. A PJF não se manifestou quanto a novas intervenções no piso.
A licitação para reforma da praça teve início ainda no governo de Antônio Almas (PSDB). Em 2020 foi lançado o edital Concurso Fábrica Mascarenhas, que previa a requalificação do Espaço Mascarenhas e da Rua Doutor Paulo de Frontin, que conecta a Praça Antônio Carlos à Praça Doutor João Penido (Praça da Estação).
O projeto previa a realocação do palco, demolição da pista de skate, troca do piso, construção de bancos, melhora na iluminação, instalação de bebedouros, lixeiras, banheiros públicos, bicicletário e um centro de informações turísticas. Na última quarta-feira (21), a Tribuna foi até a praça para conferir as instalações entregues e conversar com quem frequenta o espaço.
Banheiros em construção
Uma das estruturas que não foram entregues são os banheiros. Conforme o edital, o orçamento destinado a equipamentos sanitários, louças e metais foi de R$ 45.023,61. O banheiro público, feminino e masculino, ficará instalado na antiga subestação da praça, cuja fachada é tombada pelo patrimônio público por fazer parte da Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas. No local, o canteiro de obras está montado, e funcionários da empresa fazem a guarda para garantir a segurança dos materiais.
Um dos funcionários, que não se identificou, afirmou que as obras ainda não começaram e estão aguardando a aprovação da Prefeitura. “Quando a Prefeitura autorizar, nós começamos e em cerca de três meses tudo deve estar pronto”. A PJF, no entanto, não se manifestou quanto ao prazo para conclusão do banheiro público. No dia da inauguração, a assessoria do Executivo afirmou que o local carece de instalações da Cemig para que as obras sejam feitas.
Quanto ao banheiro do palco, local onde também ficarão os camarins, a informação é de que eles estavam semiprontos. Um músico que se apresentou no fim de semana de reabertura afirmou que os banheiros estavam sendo utilizados, porém não havia assento de privada nem água nas torneiras. “As portas, do tipo sanfonadas, eram muito frágeis, e as trancas já haviam sido desencaixadas.” Além disso, ele afirmou que atrás do palco havia um desnível no piso. “Alguma coisa no chão parecia desnivelada, pois havia muitas poças d’água na parte de trás do palco, parece que não tinha lugar pra essa água escoar, e ficava ali, parada.”
Intervenções no piso
A reestruturação do piso foi responsável por boa parte do orçamento. O anterior, que estava deteriorado, foi substituído por outro em concreto pré-moldado. Só para pavimentação, foi direcionado R$ 2.111.212,06. No entanto, essa parte também não está completamente pronta. No chão, há locais em que tábuas de madeira cobrem valetas no chão. Em outro ponto, cones de interdição sinalizam um pedaço do piso que ainda precisa ser cimentado.
Em conversa com a Tribuna no dia da inauguração, a prefeita Margarida Salomão (PT) afirmou que, para a receber a Feira Noturna, programada para retornar à praça em julho, o piso ainda precisava “acomodar”. “Agora vamos esperar. Para começar a feira em meados de julho, a gente precisa esperar para acomodar o piso. […] Se tiver que fazer (outras intervenções), faremos”, afirmou a prefeita na ocasião.
Pista de skate ‘no padrão da gringa’
Uma das mudanças que gerou maior polêmica foi a demolição da pista de skate. A rampa, uma das primeiras da cidade, não entrou no projeto de revitalização e teve que ser transferida para um espaço próximo ao Viaduto Augusto Franco. Apesar disso, ao que tudo indica, os skatistas de Juiz de Fora não deixarão de frequentar a praça, pelo contrário.
No fim da tarde de quarta-feira, enquanto a Tribuna estava no local, diversos skatistas usavam o novo piso para praticar o esporte e treinar manobras. Manu Lira era um deles. De acordo com ele, pelo que percebeu, a nova praça vai se tornar referência para a prática no centro da cidade. “Tomara que a gente possa ter a liberdade de praticar aqui. Porque ficou maravilhoso, está no padrão da ‘gringa’. O chão, lisinho assim, só tinha no Rio de Janeiro, São Paulo e também em outros países. E também é um lugar que vai atrair skatistas de outros lugares.”
Samuel Pires, também skatista, avalia a reforma da praça como positiva para o público jovem. “A reforma da praça, pra gente, foi muito boa. Primeiro, porque amplia o acesso à cultura. Para nós jovens, isso acaba sendo muito limitado. Eu também sou artista aqui em Juiz de Fora e estou vendo que vamos poder fazer as batalhas de rima no palco novo. E, como skatista, a ‘pista’ está perfeita. Antes existia a mini ramp, que tinha um valor emocional e tudo, mas ficava em um espaço limitado, agora a gente tem toda a praça pra praticar.”
Mais iluminada e segura
Um professor da rede municipal, que preferiu não se identificar, afirmou que a revitalização da praça teve pontos positivos e negativos. A perda, de acordo com ele, se deu com a demolição da mini ramp. “É um espaço bem amplo, ao meu ver tinha como deixar a pista de skate. Uma demanda popular, que ao meu ver não tinha motivos para terem demolido.” Como ponto positivo, ele considera a estética agradável e a melhora na iluminação, que consequentemente aumenta a sensação de segurança. “Também achei interessante o palco novo, mais perto das pessoas. O outro era muito alto.”
A faxineira Adriana Vicente esperava o ônibus sentada em um dos novos bancos da praça. De acordo com ela, o espaço revitalizado é convidativo para vir passar um tempo. “Na praça antiga eu nunca parei para sentar aqui. Nesse horário, de fim de tarde, ela começava a ficar mal frequentada, então eu tinha medo. Agora, com ela mais iluminada, mais ampla, dá a sensação de estar mais segura.”
Lívia Lourenço e Endhel Andrade, ambos de 18 anos, disseram que ficaram satisfeitos com a nova praça. “Ficou muito bonito, mas acho que ficou faltando um pouco de cor. Tá tudo muito branco. Não sei se eles vão pintar ainda. Mas de resto ficou ótimo. Bem melhor do que estava antes. E acho que se voltar a feira, igual tinha antes, vai ser bom para dar uma vida”, disse Lívia.