Sem acordo com Governo, servidores da segurança mantêm greve
Nesta quinta-feira, será realizado um ato unificado envolvendo integrantes das polícias Civil, Militar e Penal, além de agentes de segurança socioeducativos
Os servidores da Segurança Pública de Juiz de Fora seguem com o movimento grevista deflagrado inicialmente em Belo Horizonte, na última segunda-feira (21). As categorias reivindicam a recomposição inflacionária para os trabalhadores do setor, conforme prometido pelo governador Romeu Zema (Novo) em 2019. Na noite de terça, o Governo de Minas Gerais informou que realizou reunião para buscar soluções para as demandas dos servidores e projeta que novos encontros acontecerão durante a semana para tratar do tema. Nesta quinta-feira (24), será realizado um ato unificado envolvendo integrantes das polícias Civil, Militar e Penal, além de agentes de segurança socioeducativos. A mobilização está marcada para às 9h em frente a sede da Polícia Civil no Bairro Santa Terezinha.
A adesão dos trabalhadores em Juiz de Fora ao movimento, iniciado na capital, foi informada na terça-feira, abrangendo policiais penais, militares, civis e Corpo de Bombeiros. Com a mobilização, os órgãos operam em escala mínima. Na Polícia Civil, é mantido o funcionamento da Delegacia de Plantão, no Bairro Santa Terezinha, para atendimento apenas de flagrantes, com redução a 30% do quadro. Os bombeiros e a PM atuam apenas em casos graves, que exigem intervenção imediata, enquanto os policiais penais suspenderam o banho de sol dos detentos e a visitação. No ato de quinta-feira, lideranças repassarão aos integrantes das Forças de Segurança as orientações de associações, sindicatos e representantes políticos da categoria acerca do posicionamento do Governo do estado.
Em nota encaminhada à reportagem na noite de terça, o Governo de Minas informou que realizou reunião na tentativa de buscar soluções para o impasse. “O Governo entende que o assunto é prioridade e reforça que se mantém aberto ao diálogo por reconhecer a necessidade da recomposição salarial das Forças de Segurança e de todas as categorias do funcionalismo estadual, pautado por critérios de responsabilidade e previsibilidade fiscal”, diz.
Segundo o Estado, outros encontros internos devem acontecer durante a semana, envolvendo o governador Romeu Zema e secretários. Na terça, a reunião teve, além de Zema, a presença dos secretários de Governo, Igor Eto; de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto; e de Justiça e Segurança, Rogério Greco. Entre os representantes das categorias, estiveram o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, Coronel Rodrigo Sousa Rodrigues; o comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Coronel Edgard Estevo; e o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Dr. Joaquim Francisco Neto e Silva.
Exoneração
Na terça, a exoneração de onze profissionais que estavam lotados em cargos comissionados da Polícia Civil foi entendida como retaliação por parte da categoria. O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), no entanto, pede cautela e afirma que a ação de Zema está dentro da normalidade. Entre os servidores afetados pela medida, está o delegado-geral Gustavo Adelio Lara Ferreira, que, na última semana, deixou o 4º Departamento de Polícia Civil de Juiz de Fora.
Atos cobram recomposição salarial
As manifestações contra o Governo estadual começaram na manhã de segunda-feira, quando cerca de 30 mil pessoas se reuniram no entorno da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), em Belo Horizonte. O ato cobrou, principalmente, a recomposição salarial de 24% que foi proposta por Romeu Zema no fim de 2019, mas vetada por ele próprio após ter sido aprovada no Legislativo. A manifestação, além de policiais militares da ativa, reuniu policiais civis e agentes penitenciários.
Os servidores da Segurança chegaram a entregar ao presidente da ALMG, deputado estadual Agostinho Patrus (PV), um manifesto contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que resultaria, segundo os representantes das categorias, a estagnação salarial dos trabalhadores. No documento, os servidores também exigem o cumprimento do acordo assinado com o Governo em 2019, que previa a recomposição salarial em três parcelas. O Estado pagou apenas uma. Conforme o manifesto, a perda salarial calculada pela inflação do período de 2015 a 2021 chega a 50,75%, medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA).