Jovem suspeito de jogar óleo quente na ex é procurado por tentativa de feminicídio
Polícia Civil abriu inquérito para apurar crime ocorrido no sábado, no Bairro São Bernardo
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher abriu inquérito para apurar o crime contra uma jovem, de 24 anos, que teve 40% do corpo queimado com óleo quente pelo ex-namorado. O caso será tratado, a princípio, como tentativa de feminicídio doloso, na modalidade dolo eventual. Conforme a delegada à frente da apuração, Ângela Fellet, o suspeito de ter praticado o crime sabia que a vítima poderia morrer em virtude das lesões e, ainda assim, continuou com a agressão. A jovem, que trabalha como assistente administrativa, até esta segunda-feira (22), seguia internada no CTI do Hospital de Pronto Socorro (HPS). De acordo com a Secretaria de Saúde, ela sofreu queimaduras de 2º e 3º graus na face, braços e tronco. Até o início da noite, a paciente estava acordada, estável e segue em melhora progressiva.
O crime foi registrado na madrugada do último sábado (20), no Bairro São Bernardo, na Zona Sudeste de Juiz de Fora. Segundo informações do boletim de ocorrência, a vítima estava dormindo quando foi surpreendida pelo agressor, que jogou uma panela com óleo quente sobre o rosto dela e demais partes do corpo. O suspeito, também de 24 anos, teria fugido para o Rio de Janeiro depois de cometer a agressão. Vítima e agressor mantiveram um relacionamento por seis anos e já estavam separados, mas o homem queria reatar o namoro. Ele chegou a almoçar com a família da vítima, na última sexta-feira (19). O suspeito continua desaparecido.
O crime
Ainda de acordo com o documento policial, quando os policiais militares chegaram ao endereço da ocorrência, a vítima já tinha sido socorrida pelo Samu. O irmão da jovem recebeu os militares e contou que uma vizinha relatou, a pedido da irmã, que as queimaduras haviam sido provocadas pelo ex-namorado. Os policiais verificaram as imagens das câmeras do prédio, assim como o perfil do suspeito nas redes sociais, para que ele fosse identificado. Na gravação, eles constataram que se tratava de um homem forte, que trajava blusa branca com manga comprida, bermudão preto e mochila.
Viaturas policiais foram acionadas em direção à rodoviária de Juiz de Fora, na intenção de que o rapaz fosse alcançado, com a suspeita de que ele teria fugido para o Rio de Janeiro, onde mora. Um ônibus que seguia para o Rio foi interceptado na Avenida Brasil, porém o suspeito não se encontrava. Os policiais ainda fizeram abordagens na Praça da Estação e num ponto do Shopping Independência, que são locais de parada para os ônibus com destino ao Rio de Janeiro, mas não houve êxito. Buscas também foram feitas no Bairro Linhares, onde o suspeito teria um amigo, mas ele não foi encontrado.
À Tribuna, o irmão da vítima contou que o ex-namorado de sua irmã teria se irritado com uma mensagem lida no celular da vítima e aproveitou que ela dormia para queimá-la com o óleo quente. “Estamos todos chocados com o que aconteceu. Não esperávamos isso, pois ele sempre foi alguém amigável. Nossa família também está revoltada e queremos que haja justiça e que ele possa responder pelo que fez”, disse o jovem, acrescentando que a irmã teve as pálpebras grudadas após ter o rosto queimado, assim como boa parte do peito. Ainda segundo o irmão, apesar do bom relacionamento, houve uma vez que, provavelmente por ciúmes, o suspeito quebrou o guarda-roupas da sua irmã.
OAB Mulher vai acompanhar caso
A presidente da OAB Mulher de Juiz de Fora, Cátia Moreira, afirmou que a violência contra a jovem, que trabalha como assistente de administração, é chocante. “Entendemos que foi uma monstruosidade o que aconteceu com essa jovem. Não entendemos que seja um crime de lesão corporal, mas sim de feminicídio tentado, e é possível que a vítima tenha sequelas para o resto de sua vida”, destaca Cátia.
A representante da OAB disse que ainda não teve contato com a família da jovem, mas ressaltou que a OAB Mulher irá acompanhar o caso e prestar toda a assistência necessária à moça e seus familiares. “Queremos a punição do agressor e vamos nos empenhar para que nesse caso haja justiça de acordo com o que a lei prevê. Estamos estarrecidos, pois é uma garota de 24 anos que teve o rosto deformado em virtude de abuso de confiança. É intolerável que isso ainda aconteça”, indigna-se Cátia.
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