Rodoviários voltam a se manifestar no 4º dia de greve
Apesar do retorno parcial dos ônibus, categoria segue realizando protestos nas ruas centrais de Juiz de Fora
Uma nova manifestação dos trabalhadores do transporte rodoviário de Juiz de Fora teve início na manhã desta sexta-feira (21), formando longa fila de ônibus na Avenida Barão do Rio Branco, no Centro. Manifestantes tentam impedir a circulação dos veículos após o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro/JF) liberar a volta de 60% da frota de veículos. O Pelotão de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) acompanha a movimentação.
A circulação de algumas linhas do transporte público juiz-forano foi retomada nesta sexta-feira após decisão da Justiça aumentar a multa diária para R$ 70 mil em caso de descumprimento da determinação judicial. A ordem da retomada já havia sido emitida na quinta-feira (20), mas descumprida pelos manifestantes. Durante a manhã, manifestantes, sem apoio do Sinttro, tentaram impedir a circulação dos ônibus, sendo necessária a atuação da PM para impedir a obstrução. “Nós temos o papel de garantir o direito de todos. Tanto dos manifestantes quanto da sociedade. Conversamos com o grupo e logo liberam a pista para aqueles que estavam trabalhando”, informou o tenente Vernay.
Foram cerca de 30 minutos para a liberação do tráfego, período em que diversos veículos formaram uma fila no movimentado ponto da região central. Em seguida, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Getúlio Vargas, também no Centro. Eles ocupavam a pista de ônibus e, novamente começou a se formar a fila de veículos na via.
Diferente dos outras dias, a categoria se mostra dividida entre aqueles que estão trabalhando e aqueles que não aceitam as condições impostas pelas empresas. Na Getúlio Vargas, parte dos profissionais que estavam em passeata passou a gritar com um motorista, que estava conduzindo um coletivo, exigindo que ele abandonasse o veículo. A Polícia Militar precisou intervir, mas o ônibus não seguiu o trajeto pelo fato de os passantes estarem utilizando a pista de ônibus. Eles caminham num ritmo vagaroso, com o intuito de dificultar a circulação do transporte público pelas ruas Centrais.
A passeata desta sexta-feira foi organizada por profissionais da categoria sem o apoio do Sinttro. Com número menor de adeptos, eles seguiram forçando uma “operação tartaruga” dos profissionais em trabalho. Por volta das 11h, a fila de ônibus já passava da altura do Mergulhão.
Forçado a interromper a viagem, um motorista que preferiu não se identificar contou como tem sido sua rotina. Há cinco anos trabalhando no sistema de transporte público, ele relatou que os últimos dias têm sido marcados pela apreensão. “Se continuar essa pressão, eu vou recolher com o ônibus. A gente saiu da garagem a pedido do sindicato, mas contra nossa vontade. Aí chega aqui e tem essa pressão. A gente nunca sabe como vai ser o dia seguinte”. No último mês, o motorista não recebeu a cesta básica, tíquete-alimentação e apenas 50% do salário. O cobrador que trabalha com ele recebeu pelo mês de trabalho a quantia de R$ 500. “Não deu para sequer pagar minha faculdade”, lamenta.
Depois de duas horas de permanência na Avenida Getúlio Vargas, alguns motoristas que aguardavam em seus coletivos tentaram usar a pista de carros para continuar o trajeto, ato rapidamente impedido pelos manifestantes. Em meio a explicações e alguns momentos de estresse, o grupo impedia que a greve fosse “furada”, exigindo que os coletivos permanecessem na faixa destinada a eles.
Ainda na Getúlio, após a chegada da Polícia Militar, o fluxo de ônibus foi liberado – com alguns usando, inclusive, a faixa própria para os coletivos, obstruída até então pelos manifestantes. A Polícia Militar, por meio do telefone 190, recebeu um chamado informando que um senhor de 84 anos teria passado mal no interior de um ônibus. A PM trouxe o fato a conhecimento dos profissionais, e assim o trecho foi totalmente liberado. Logo depois, eles seguiram para a Avenida Francisco Bernardino, onde continuariam o ato.