Dois imóveis atingidos por desabamento são demolidos na Zona Leste
Medida foi adotada por segurança, uma vez que estruturas, já parcialmente afetadas, estavam em risco

Dois imóveis, parcialmente atingidos pelo desabamento de uma casa na última sexta-feira (14) entre os bairros São Benedito e Santa Cândida, na Zona Leste, foram totalmente demolidos nesta quarta (19). De acordo com a Defesa Civil, a medida foi adotada por segurança, uma vez que as propriedades, que ficam na Rua Artur Machado Filho e já haviam sido danificadas durante os deslizamentos da última semana, estavam vulneráveis a novas deteriorações e quedas. Os trabalhos foram realizados com o apoio do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal e da Polícia Militar ao longo de todo o dia. As demais moradias do entorno permanecem interditadas.
De acordo com o subsecretário de Defesa Civil de Juiz de Fora, Jefferson Rodrigues, uma das casas já tinha perdido metade da sua estrutura durante o evento de sexta-feira, enquanto a outra estava 30% danificada. “A operação foi para evitar que as casas venham a ruir em um momento em que não estaremos preparados, sem saber que consequência pode ter. Fazendo a demolição, nós garantimos que não vai ocorrer”, explicou Rodrigues.
Conforme o subsecretário, as famílias foram notificadas previamente da necessidade de demolição, e a Defesa Civil tem orientado a população. Ainda de acordo com ele, o monitoramento às residências das proximidades da tragédia tem sido contínuo. “Nós demos a maior atenção a todos. Estamos monitorando diariamente todas as casas, inclusive as que não foram interditadas aqui da região”, assegurou.
Aluguel social de R$ 240
Em meio ao início das ações dos militares e dos agentes da Defesa Civil, o olhar de Matheus Phelippe pairava sobre a casa em que viveu durante seus 22 anos. Ele morava em uma das casas demolidas nesta quarta. Até o momento do desabamento, ele morava junto com a mãe, a irmã de 2 meses e a namorada, mas, sem qualquer ajuda pública, teve que procurar abrigo na casa do padrasto há cinco dias. “Não tivemos outras orientações (para conseguir abrigo). O pessoal falou que vai demolir para a nossa segurança, e também pela segurança dos moradores”, contou.
Nos contatos que fez com a Prefeitura, Matheus foi informado que, inicialmente, o único apoio que sua família terá será por meio de um auxílio moradia de R$ 240 mensais. “Nós até perguntamos para a assistente social se teria alguma casa para quem vive em área de risco. Mas eles falaram que não tem verba. Vamos ter que esperar mesmo”, lamentou. A informação foi confirmada pelo o subsecretário de Defesa Civil de Juiz de Fora, Jefferson Rodrigues. Segundo ele, não há, por parte da PJF, moradias sociais, apenas o auxílio moradia. Entretanto, para garantir o repasse, os moradores devem ser proprietários das casas atingidas, ou seja, o imóvel não pode ser de aluguel. Além disso, a renda total da família, considerando todos os moradores da residência, deve ser de até dois salários mínimos.
A intenção do até então morador do Bairro São Benedito é alugar uma casa para que seus familiares possam seguir com a rotina, mas o auxílio, que ainda precisa superar trâmite burocrático, não será o suficiente para custear o aluguel. “O auxílio moradia não é o suficiente para cobrir nossos gastos, e nem há previsão de quando vamos começar a receber”, afirmou. Jefferson Rodrigues disse à Tribuna que, por enquanto, nenhuma família está recebendo o valor. O prazo para que os atingidos tenham a quantia em mãos é de, no mínimo, 30 dias. Até lá, a orientação é que os desalojados busquem abrigo na casa de familiares.
O subsecretário informou ainda que, até o momento, 34 famílias fizeram o cadastro junto à Prefeitura. No entanto, apenas 14 delas receberam cestas básicas. “O número de famílias cadastradas é maior do que o de famílias que receberam a ajuda, uma vez que para ter acesso à cesta básica, elas precisam fazer a solicitação junto à Defesa Civil”, acrescentou.
Fornecimento de água
O fornecimento de água na região afetada pelo deslizamento, que era uma reclamação dos moradores até a última segunda-feira, foi retomado, conforme o subsecretário Jefferson Rodrigues. À Tribuna, moradores ainda relataram que as caixas d’água de apenas algumas residências foram cheias, enquanto outros seguiam com as torneiras vazias até a manhã desta quarta. Entretanto, eles afirmaram seguir com a esperança de ter o abastecimento normalizado nos próximos dias.
Em nota, a Cesama informou que está abastecendo algumas ruas do Bairro São Benedito por via alternativa, “que foi a solução encontrada para atendimento aos moradores”. A companhia afirmou que “algumas poucas casas estão sem água, e a Cesama está verificando a causa para isso ainda estar acontecendo.” Ainda segundo a nota, um vazamento foi identificado na região, o que poderia justificar o desabastecimento de alguns pontos. Segundo a Cesama, os reparos serão realizados na manhã desta quinta. Enquanto isso, os caminhões-pipa continuarão atendendo a população local.