Dois imóveis atingidos por desabamento são demolidos na Zona Leste

Medida foi adotada por segurança, uma vez que estruturas, já parcialmente afetadas, estavam em risco


Por Vívia Lima e Gabriel Silva, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente

19/02/2020 às 10h08- Atualizada 20/02/2020 às 08h10

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Casas serão demolidas para evitar novos acidentes (Foto: Gabriel Silva)

Dois imóveis, parcialmente atingidos pelo desabamento de uma casa na última sexta-feira (14) entre os bairros São Benedito e Santa Cândida, na Zona Leste, foram totalmente demolidos nesta quarta (19). De acordo com a Defesa Civil, a medida foi adotada por segurança, uma vez que as propriedades, que ficam na Rua Artur Machado Filho e já haviam sido danificadas durante os deslizamentos da última semana, estavam vulneráveis a novas deteriorações e quedas. Os trabalhos foram realizados com o apoio do Corpo de Bombeiros, da Guarda Municipal e da Polícia Militar ao longo de todo o dia. As demais moradias do entorno permanecem interditadas.

De acordo com o subsecretário de Defesa Civil de Juiz de Fora, Jefferson Rodrigues, uma das casas já tinha perdido metade da sua estrutura durante o evento de sexta-feira, enquanto a outra estava 30% danificada. “A operação foi para evitar que as casas venham a ruir em um momento em que não estaremos preparados, sem saber que consequência pode ter. Fazendo a demolição, nós garantimos que não vai ocorrer”, explicou Rodrigues.

Conforme o subsecretário, as famílias foram notificadas previamente da necessidade de demolição, e a Defesa Civil tem orientado a população. Ainda de acordo com ele, o monitoramento às residências das proximidades da tragédia tem sido contínuo. “Nós demos a maior atenção a todos. Estamos monitorando diariamente todas as casas, inclusive as que não foram interditadas aqui da região”, assegurou.

Aluguel social de R$ 240

Em meio ao início das ações dos militares e dos agentes da Defesa Civil, o olhar de Matheus Phelippe pairava sobre a casa em que viveu durante seus 22 anos. Ele morava em uma das casas demolidas nesta quarta. Até o momento do desabamento, ele morava junto com a mãe, a irmã de 2 meses e a namorada, mas, sem qualquer ajuda pública, teve que procurar abrigo na casa do padrasto há cinco dias. “Não tivemos outras orientações (para conseguir abrigo). O pessoal falou que vai demolir para a nossa segurança, e também pela segurança dos moradores”, contou.

Nos contatos que fez com a Prefeitura, Matheus foi informado que, inicialmente, o único apoio que sua família terá será por meio de um auxílio moradia de R$ 240 mensais. “Nós até perguntamos para a assistente social se teria alguma casa para quem vive em área de risco. Mas eles falaram que não tem verba. Vamos ter que esperar mesmo”, lamentou. A informação foi confirmada pelo o subsecretário de Defesa Civil de Juiz de Fora, Jefferson Rodrigues. Segundo ele, não há, por parte da PJF, moradias sociais, apenas o auxílio moradia. Entretanto, para garantir o repasse, os moradores devem ser proprietários das casas atingidas, ou seja, o imóvel não pode ser de aluguel. Além disso, a renda total da família, considerando todos os moradores da residência, deve ser de até dois salários mínimos.

A intenção do até então morador do Bairro São Benedito é alugar uma casa para que seus familiares possam seguir com a rotina, mas o auxílio, que ainda precisa superar trâmite burocrático, não será o suficiente para custear o aluguel. “O auxílio moradia não é o suficiente para cobrir nossos gastos, e nem há previsão de quando vamos começar a receber”, afirmou. Jefferson Rodrigues disse à Tribuna que, por enquanto, nenhuma família está recebendo o valor. O prazo para que os atingidos tenham a quantia em mãos é de, no mínimo, 30 dias. Até lá, a orientação é que os desalojados busquem abrigo na casa de familiares.

O subsecretário informou ainda que, até o momento, 34 famílias fizeram o cadastro junto à Prefeitura. No entanto, apenas 14 delas receberam cestas básicas. “O número de famílias cadastradas é maior do que o de famílias que receberam a ajuda, uma vez que para ter acesso à cesta básica, elas precisam fazer a solicitação junto à Defesa Civil”, acrescentou.

Fornecimento de água

O fornecimento de água na região afetada pelo deslizamento, que era uma reclamação dos moradores até a última segunda-feira, foi retomado, conforme o subsecretário Jefferson Rodrigues. À Tribuna, moradores ainda relataram que as caixas d’água de apenas algumas residências foram cheias, enquanto outros seguiam com as torneiras vazias até a manhã desta quarta. Entretanto, eles afirmaram seguir com a esperança de ter o abastecimento normalizado nos próximos dias.

Em nota, a Cesama informou que está abastecendo algumas ruas do Bairro São Benedito por via alternativa, “que foi a solução encontrada para atendimento aos moradores”. A companhia afirmou que “algumas poucas casas estão sem água, e a Cesama está verificando a causa para isso ainda estar acontecendo.” Ainda segundo a nota, um vazamento foi identificado na região, o que poderia justificar o desabastecimento de alguns pontos. Segundo a Cesama, os reparos serão realizados na manhã desta quinta. Enquanto isso, os caminhões-pipa continuarão atendendo a população local.

 

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