Parceria entre PJF, PM e lojistas prevê vigilância por câmeras no Centro Histórico de Juiz de Fora
Projeto de segurança pública foi apresentado em reunião na CDL e prevê monitoramento com inteligência artificial em vias comerciais
Na última terça-feira (17), uma reunião realizada no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Juiz de Fora reuniu representantes da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), da Polícia Militar, os vereadores Marlon Siqueira (MDB), Sargento Mello Casal (PL), Roberta Lopes (PL), lojistas e moradores da área central para debater a implantação de um sistema de vigilância por câmeras no Centro Histórico.
A proposta tem como sugestão a implementação do videomonitoramento com inteligência artificial, com possibilidade de expansão para demais áreas estratégicas e com as mesmas características, como os centros comerciais dos bairros Benfica, Santa Cruz, Manoel Honório, São Mateus e Alto dos Passos.
Segundo a PJF, a intenção é realizar a instalação de totens com câmeras conectadas ao Sistema Integrado de Videomonitoramento (SIV), acompanhado pelo Centro de Monitoramento e Operações (CMO) da Guarda Municipal, no Bairro São Mateus. Entre as vantagens trazidas aos comerciantes presentes à reunião, ainda conforme o Município, estão o baixo custo, monitoramento em tempo integral por equipe especializada e recursos tecnológicos de ponta.
Uso de IA
De acordo com o terceiro-sargento e gestor das Redes de Proteção Preventiva da 30ª Companhia da PM, Vitor Albuquerque, o projeto conta com a instalação de totens de segurança equipados com câmeras de inteligência artificial, sinais luminosos e sonoros. “Além de serem agentes de dissuasão da prática criminal, esses equipamentos vão permitir abordagens pontuais e acesso instantâneo às imagens, facilitando a identificação e rastreamento de autores de delitos”, explicou o sargento.
O uso da inteligência artificial permitirá que os sistemas reconheçam padrões suspeitos de movimentação, alertando automaticamente as forças de segurança para possíveis situações de risco. Os totens, fixados em pontos estratégicos, serão dotados de luzes que piscam em situações de alerta, além de emitir sinais sonoros.
Outro aspecto apresentado pela Prefeitura é a vantagem econômica da contratação de empresa especializada, que reduz significativamente os custos quando comparado à aquisição e manutenção individual de sistemas de câmeras por parte de comerciantes.
Em relação às imagens captadas, o sistema traz mais uma vantagem: as imagens não ficariam restritas ao armazenamento local pelos lojistas, como ocorre em sistemas convencionais. Elas passam a ser monitoradas em tempo real por profissionais de segurança, permitindo atuação preventiva e operacional.
Proposta negociada
A proposta surgiu a partir de diálogos entre a Polícia Militar e a Prefeitura. A PM, segundo Albuquerque, já vinha incentivando a instalação de câmeras voltadas para as ruas em parceria com os comerciantes. A chegada dos totens foi vista como um avanço. “É uma ótima iniciativa. O projeto vai potencializar as ações da Polícia Militar tanto na prevenção quanto na repressão à criminalidade, especialmente diante do aumento de arrombamentos e furtos de cabos, frequentemente associados à população em situação de rua com dependência química”, disse.
A adesão ao projeto será voluntária. Enquanto a Prefeitura ficará responsável pelo monitoramento das imagens, lojistas, moradores e representantes de condomínios irão arcar com os custos da locação dos equipamentos. A participação da PM inclui também a divulgação da iniciativa nas redes de proteção preventiva já existentes na cidade, incentivando a adesão dos comerciantes.
Segundo o sargento, a reunião também serviu para mobilizar associações, conselhos comunitários de segurança pública e representantes da região central. Algumas ruas, inclusive, já demonstraram interesse em iniciar a implementação. “Conseguimos fazer o chamamento dos representantes de condomínios e comerciantes, que agora vão repassar essas informações aos demais interessados. A expectativa é que isso agilize o processo de adesão”, afirmou Albuquerque.
A Prefeitura lembrou ainda que, desde 1º de maio, a Praça Deputado Clodesmidt Riani já conta com dois totens de segurança instalados. Os dispositivos, posicionados estrategicamente, integram a política de ocupação qualificada do espaço público e têm contribuído, segundo a Guarda Municipal, para a prevenção da criminalidade e a consolidação da praça como área de convivência para a população.
O modelo de parceria público-privada, defendido tanto pela Prefeitura quanto pela PM, é uma alternativa adotada para lidar com limitações orçamentárias na área da segurança. Com isso, os custos são compartilhados.
A expectativa, segundo a PM e a Prefeitura, é de que os primeiros resultados da iniciativa apareçam no curto prazo, com impacto direto na segurança pública e na redução de crimes no Centro da cidade. Caso a experiência seja bem-sucedida, o projeto poderá ser expandido para outras áreas comerciais de Juiz de Fora.
Reunião anterior discutiu população em situação de rua
No dia 29 de maio desse ano, a CDL sediou outra reunião com tema similar. Na ocasião, foi apresentado um projeto inspirado em Belo Horizonte, que prevê o uso de um aplicativo para cadastrar e monitorar pessoas em situação de vulnerabilidade, com ações direcionadas conforme o grau de risco social. A proposta inclui compartilhamento de dados entre diferentes órgãos, intensificação de operações policiais, ampliação das redes de proteção preventiva e centralização da distribuição de doações pela Prefeitura.
Também foi sugerido um estudo para regulamentar o Código de Posturas, visando coibir ocupações irregulares. A Prefeitura destacou que o maior desafio é o tratamento da dependência química e apresentou o projeto de instalação de totens de segurança como parte das ações integradas.
O encontro reuniu representantes da Prefeitura, vereadores, comerciantes, moradores, Ministério Público, Judiciário, Universidade Federal de Juiz de Fora e Centro Universitário Presidente Antônio Carlos.
