Coronavírus: movimento na região central de Juiz de Fora já mudou
Possibilidade de proliferação do Covid afastou população das ruas, mas ainda há quem duvide da doença
O Centro de Juiz de Fora já está mais vazio. É a conclusão à que a reportagem da Tribuna chegou ao percorrer as principais vias da região, tradicionalmente movimentada, nesta terça-feira (17). Entre os pedestres que ainda circulam pelas ruas, há quem se preocupe com o novo coronavírus a ponto de usar máscaras e assegurar que sai de casa apenas para o essencial, enquanto há relatos também de quem trate a Covid-19 sem tanto cuidado. Até o momento, o município tem dois casos confirmados da doença.
Circulando pela Rua Halfeld, a professora Rosana Nery parou para conversar com a reportagem logo após falar com um ambulante que vendia álcool em gel no Calçadão. Liberada do trabalho após a paralisação conjunta da rede pública de ensino, a educadora admitiu estar apavorada com o contexto atípico. “Hoje eu saí para comprar álcool em gel e ontem eu fiz compras, não para estocar, mas porque eu precisava. Nós temos que pensar nos outros e no que vem por aí”, reflete a professora, afirmando que comprou alimentos calculados para duas semanas.

A comerciante Renata Guimarães, por sua vez, é funcionária de um shopping e, pela atividade laboral, não consegue evitar completamente o contato social. Renata tentava se resguardar com uma máscara enquanto transitava pela região central, medida não indicada por profissionais da saúde, mas tinha receio de transmitir a doença para o filho.
“A gente sai porque fica com medo de perder o emprego. Nós dependemos do nosso emprego para tudo, temos filhos, temos aluguel, temos contas para pagar. Tanto eu quanto os meus colegas ficamos com essa preocupação”, lamenta.
‘Quem está fazendo (o coronavírus) é a mídia’
Em conversa com vendedores da região central, entre ambulantes e donos de bancas nas ruas Halfeld e Marechal Deodoro, a queda no movimento era constatada de maneira unânime. Segundo um dos comerciantes, desde segunda-feira (16) o temor já havia se alastrado pela maioria dos juiz-foranos, muitos, inclusive, com receio do fechamento de todo o comércio da cidade.
Entretanto, há quem tenha visão de indiferença acerca da pandemia. O aposentado Joaquim da Silva discorda da situação de alerta que, na visão dele, é influenciada pela mídia brasileira. “Na verdade, eu acho que quem está fazendo (o coronavírus) é a mídia. Aqui em Juiz de Fora, temos dois casos apenas em meio a 600 mil habitantes. Eu acho que não tem que ficar com todo esse alarde porque, se tivesse que pegar, já teria espalhado para a cidade toda em uma semana”, opina.
Para o juiz-forano, o encerramento temporário das atividades não será o suficiente para conter a proliferação do novo coronavírus, uma vez que os sintomas demoram até duas semanas para manifestação. “Eu acho que é um alarde que o povo está fazendo, mas nem é tanta coisa assim. Eu estou seguindo a minha rotina normal”, relata Joaquim.
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