Prefeitura cria Comitê de Respeito à Diversidade Religiosa

Decreto assinado nesta quarta-feira oficializa o colegiado, que irá contar com a participação de representantes institucionais e lideranças religiosas


Por Leticya Bernadete

17/02/2021 às 13h27

Enfrentar a intolerância religiosa e garantir o direito das diversas práticas de fé em Juiz de Fora. Esta será uma das frentes trabalhadas pelo Comitê Municipal de Respeito à Diversidade Religiosa (CDR-JF). Na manhã desta quarta-feira (17), a prefeita Margarida Salomão (PT) assinou o decreto que institui o colegiado na cidade. O dispositivo será publicado no Atos do Governo nesta quinta (18).

O Comitê será formado por integrantes institucionais, como representantes da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), da Câmara Municipal, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Defensoria Pública e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Além disso, o Executivo irá abrir um chamamento público para lideranças religiosas que se interessarem em constituir o colegiado. “Elas poderão se habilitar e serão selecionadas através de critérios públicos para integrarem esse Comitê, de tal modo que ele venha nos assessorar nas áreas cultural, educacional, da saúde, da vida urbana, onde houver qualquer conflito, disputa ou qualquer tipo de dúvida. Nós teremos esse comitê para funcionar como um espaço de diálogo e de superação”, explica Margarida.

De acordo com a prefeita, a constituição do Comitê visa, especialmente, o incentivo de uma “cultura de paz” – campanha também destacada à Tribuna pelo novo secretário de Esporte e Lazer, Marcelo Matta. “[O Comitê vem] no sentido de darmos validade oficial ao direito à diversidade religiosa, que é uma dimensão muito importante da vida humana, e também atuarmos como política municipal na promoção da cultura da paz. A cultura da paz depende, entre outras coisas, que haja respeito pela diversidade das crenças religiosas.”

O decreto também foi assinado em um dia simbólico, na Quarta-feira de Cinzas, data em que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, juntamente com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, lançam a Campanha da Fraternidade, cujo tema este ano é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. “O que a Prefeitura quer é exatamente isso: um espaço de diálogo onde se constrói e implementa uma cultura de paz e de respeito a todas as denominações, e até aqueles que não têm uma religião”, explica o titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Biel Rocha.

Conforme a PJF, as medidas do decreto também visam a capacitação de agentes públicos e privados em educação e cultura, com o objetivo de promover campanhas tendo o respeito à diversidade religiosa como foco. A criação do Comitê traz as discussões que já ocorrem a nível nacional para o âmbito municipal, como destacado pelo secretário. “Juiz de Fora ganha porque a Prefeitura vai ter pessoas em torno dela, orientando para implementação de políticas públicas que respeitem a liberdade religiosa em nossa cidade”, afirma Rocha.

Comitê de Diversidade Religiosa Carlos Mendonça PJF
Momento da assinatura do decreto por parte da prefeita Margarida Salomão (Foto: Carlos Mendonça/PJF)

Participação de líderes religiosos

Presente na cerimônia de assinatura do decreto, o sheikh Hosni Youssef, da Associação Muçulmana de Juiz de Fora, explicou que a criação do Comitê pode contribuir para uma mudança do olhar sobre as diferentes religiões da cidade, a partir do momento em que promove maior conhecimento sobre as mesmas. “Esse documento assinado hoje é excelente. Pedimos a Deus para ajudar a todos os líderes para explicar para as comunidades como é a importância de nos unir por Deus e em Deus”, diz. Também representante da Associação Muçulmana, Hajj Geraldo Oliveira completa que tal encontro entre as diferentes instituições reforça uma característica própria do mundo, que é único e com uma repleta diversidade em diferentes âmbitos. “É a partir do conhecimento que brota o amor. Então vai trazer relações harmoniosas entre religiões, que pode se estender a projetos sociais, por exemplo. Vai ser uma união para o benefício da sociedade.”

Para o ministro encarregado da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em Juiz de Fora, Júlio Reis Simões, sendo a religião uma forma de expressão cultural, o Comitê traz a representação de diversos grupos étnicos formados na cidade. “O que é importante é você dar representação para diversas pessoas se sentirem bem na construção de um município que acolhe todas essas culturas, inclusive religiões, e favorecem a construção de um ambiente mais pacífico”, diz. “Tem religiões em Juiz de Fora muito bem representadas e com muito poder social e simbólico, e tem outras que não. O importante é que essas religiões que não têm poder simbólico, de pessoas que tiveram seu poder simbólico diminuídos, destituídos ou recusados ao longo da história de Juiz de Fora, agora têm um espaço tanto na sociedade civil quanto no governo de Juiz de Fora”, destaca.

A assinatura do decreto contou com a participação de outros representantes da Prefeitura e da Câmara Municipal, além de demais líderes religiosos de diferentes instituições da cidade.

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