Mais 30 radares devem ser instalados nas ruas de Juiz de Fora
Entre os novos equipamentos, haverá não só controle de velocidade, como pontos que terão aferição de avanço de semáforo, parada sobre a faixa de pedestres e ainda aqueles que verificam circulação de carros em faixas exclusivas para ônibus e táxi
As vias de Juiz de Fora deverão ganhar mais 30 novos radares de monitoramento de velocidade. Entre eles 13 serão para registro de excesso de velocidade, 11 de fiscalização tripla (que irão aferir avanço de semáforo, parada sobre a faixa de pedestre e velocidade) e seis registradores eletrônicos de trânsito proibido em faixa exclusiva para ônibus e táxis. Com os novos aparelhos, o trânsito do município passará a ser fiscalizado por um total de 54 equipamentos. A ampliação da fiscalização nas ruas deverá ser feita por empresa que será contratada pelo Município e cuja licitação está prevista para acontecer no próximo dia 21, na Prefeitura de Juiz de Fora.
O custo estimado é de R$ 7,12 milhões, e o prazo do contrato é de 24 meses. A empresa vencedora ficará responsável pela administração e manutenção dos novos radares e também dos já em funcionamento na cidade. De acordo com o edital, as principais vias monitoradas serão a Avenida Brasil, que passará a ter 15 radares em toda a sua extensão, e a Avenida Rio Branco, que terá seis equipamentos. Outros importantes corredores de trânsito de Juiz de Fora também ganharão equipamentos, como a Estrada Gentil Forn, que liga a região central ao São Pedro, e a Rua Alencar Tristão, em Santa Terezinha (ver gráfico).
A instalação visa a intervir em locais que apresentam grande demanda de veículos e fluxos de pedestres ou pontos críticos onde carros trafegam com excesso de velocidade ou desrespeitam as normas de trânsito. No entanto, conforme o edital, os locais definidos poderão ser alterados para melhor posicionamento técnico dos equipamentos ou para garantir maior fluidez do trânsito. Todos os aparelhos terão velocidade sinalizada de 60 km/h, com exceção do localizado na Estrada Gentil Forn, no São Pedro, que terá sinalização de 50 km/h.
Novidade
Uma novidade prevista é a instalação de equipamentos que visam a fiscalizar locais nos quais o tráfego só é permitido para transporte coletivo urbano e táxis. Eles serão colocados em quatro pontos na Avenida Brasil, na altura dos bairros Mariano Procópio e São Dimas, e em dois pontos da Rua Coronel Vidal, que também fica no Mariano Procópio. A iniciativa pretende coibir uma das principais infrações de trânsito em crescimento no município. Segundo dados do Sistema de Gerenciamento de Infrações de Trânsito da Settra, somente no primeiro semestre de 2018 foram registradas 1.957 infrações, aumento de 136% dos flagrantes. Foram 786 em 2017.
De acordo com o edital, a fiscalização dos serviços e medições será de responsabilidade da Settra. Após a homologação do resultado, a previsão é de que os novos equipamentos entrem em funcionamento após 60 dias.
Especialista não crê em ‘indústria da multa’
Para o mestre em engenharia de transportes José Luiz Britto Bastos, o uso do equipamento de vigilância é importante para coibir acidentes e imprudências no trânsito. Ele não crê que a instalação de novos radares tenha como objetivo a arrecadação de recursos. “Não tem outra alternativa senão fiscalizar e punir exemplarmente essas pessoas. Infelizmente não temos fiscalização física suficiente, então temos que usar a eletrônica. É preciso que ela cumpra o seu papel e aplique as sanções necessárias”, afirma.
Britto argumenta que a fiscalização eletrônica é a única forma de coibir os acidentes gerados por velocidade acima do limite permitido, uma vez que a população não tem se sensibilizado por meio das campanhas educativas de trânsito. “A maior parte dos acidentes ocorre por excesso de velocidade e ultrapassagens, e, abuso, você só coíbe assim, com radares e lombadas eletrônicas. Não tem como reduzir a velocidade se as pessoas não têm consciência”, defende. Para o especialista, é necessário combater a cultura de redução da velocidade apenas nos pontos onde há fiscalização. “O grande problema do radar é que as pessoas passam na velocidade estabelecida somente naquele local onde ele está. Temos que baixar o limite de velocidade nas vias, caso contrário estaremos colocando em risco a vida das pessoas”.
Procurada para comentar a possibilidade de instalação dos equipamentos, a Settra informou que não concederia entrevista nesta terça-feira (14). No entanto, em justificativa apresentada pela concepção do projeto, a secretaria aponta que o uso desses equipamentos propicia o aumento da segurança dos usuários das ruas e avenidas, priorizando a defesa da vida, a redução do índice de acidentes, bem como a melhoria da eficiência das equipes de fiscalização, gerenciamento e operação do tráfego.
O aumento da frota de veículos é um dos argumentos utilizados para instalação de novos equipamentos nas vias. Segundo tabela publicada pela pasta, em março deste ano, o município possuía 262.851 veículos emplacados em Juiz de Fora. Isso corresponde a um veículo para cada duas pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Número de infrações de trânsito cai no 1º semestre
Mesmo com 24 radares em funcionamento, as infrações de trânsito cometidas nas ruas de Juiz de Fora tiveram uma queda de quase 12,5% no primeiro semestre deste ano, se comparado com o mesmo período de 2017. Os dados são do Sistema de Gerenciamento de Infrações de Trânsito da Settra, que apontam o excesso de velocidade (16.148 infrações), o estacionamento irregular (14.125) e o avanço de sinal (2.454) como os abusos mais cometidos pelos motoristas no município. Segundo a Settra, nos seis primeiros meses de 2017, foram 44.588 autuações registradas no total. No mesmo período deste ano, foram 39.036 notificações, uma redução de 5.552 registros.
A pesquisa mostrou, ainda, redução de mais de 25% em registros específicos nos radares de fiscalização tripla, que são aquele que monitoram excesso de velocidade, avanço de sinal e parada sobre a faixa de pedestres. Foram registrados ao longo do primeiro semestre deste ano 17.939 casos, contra 24.723 em 2017.