PJF confirma desabastecimento de contraste, mas nega racionamento

Situação é nacional e também afeta hospitais particulares; Monte Sinai suspendeu procedimentos eletivos


Por Sandra Zanella

15/05/2022 às 07h00- Atualizada 17/05/2022 às 12h26

O desabastecimento nacional de contraste, insumo utilizado em inúmeros exames e intervenções hospitalares, já afeta Juiz de Fora, inclusive a rede particular de saúde. No Hospital Monte Sinai, a decisão foi suspender os procedimentos eletivos que necessitam de contraste, “salvaguardando o estoque para atendimento das urgências e emergências”, até que a situação se normalize.

Procurada pela Tribuna, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a rede municipal é impactada por esse desabastecimento nacional, mas ponderou que, até o momento, ainda existe produto suficiente, para que não seja necessário um racionamento. “Isso afeta diretamente todos os procedimentos que utilizam contraste, como os de hemodinâmica, exames contrastados, englobando os procedimentos vasculares, radiologias intervencionistas, neurocirurgias, angiografias, cateterismos e angioplastias, entre outros.” Ainda conforme a pasta, os hospitais Doutor João Felício e Santa Casa de Misericórdia são os maiores prestadores desses serviços no município.

Por meio de sua assessoria, a Santa Casa assegurou que, apesar das dificuldades encontradas no mercado brasileiro para aquisição de contraste, o hospital tem tomado todos os cuidados e medidas preventivas para que não falte o insumo para seus pacientes e nem para os beneficiários de sua operadora de saúde, o Plasc.

O Hospital Albert Sabin disse que possui em seu estoque o contraste, mas observou não haver garantia de conseguir comprar novamente o insumo quando for necessária nova cotação. Já o Hospital Unimed afirmou ter se antecipado e garantido o estoque. “De fato, a dificuldade é nacional e alguns hospitais e clínicas da cidade já sinalizaram desabastecimento”, informou a assessoria.

Aumento da demanda e Covid-19 entre as causas

Em nota, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) divulgou estar preocupado com a situação envolvendo a provisão de meios de contraste, iodados e à base de gadolínio. Após ouvir as empresas do setor, o CBR confirmou a escassez do produto no mercado.

Entre as causas dessa falta estaria o aumento da demanda de exames de imagem, com utilização de meio de contraste, em níveis bem acima daqueles observados no período pré-pandemia. “Isso é explicado pela demanda reprimida durante a pandemia e pelos investimentos em saúde feitos emergencialmente durante a Covid-19 (no caso, aquisição de tomógrafos)”.

A situação da Covid no mundo também teria contribuído, segundo o CBR. “Apesar de nenhum fornecedor reconhecer que recebe suprimentos diretamente da China, o comércio mundial é altamente interligado, e isso pode ter impactado as matrizes, em seus países de origem.” O Colégio Brasileiro de Radiologia também indicou ter ocorrido interrupção provisória do fornecimento dos meios de contraste por uma das empresas com importante fatia do mercado.

“Quando se percebeu a falta, ainda que parcial, de meio de contraste iodado no mercado, houve uma onda de compras para formação de estoque, comprometendo ainda mais a situação”, avaliou o CBR. A previsão é de normalização do fornecimento até o início de junho.

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