Calçadão da Halfeld recebe Feira de Economia Popular Solidária
PJF informou que os ambulantes da Rua Halfeld seriam realocados para Praça do Riachuelo, mas a Tribuna não os identificou no local
Nesta segunda-feira (13), o Calçadão da Rua Halfeld recebeu 30 barracas da Feira de Economia Popular Solidária de Juiz de Fora, que funcionará até o dia 24 de dezembro. Estão presentes no local pequenos comerciantes de produtos artesanais, tendo como objetivo incentivar a economia sustentável e alavancar as vendas durante as festas de final de ano. Para possibilitar a iniciativa, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que iria realocar os ambulantes da Rua Halfeld na Praça do Riachuelo. A Tribuna foi ao local e não os identificou.
A Feira de Economia Popular Solidária de Juiz de Fora começou em meio às compras de presentes para o Natal. A iniciativa acompanha o horário de funcionamento do comércio no Centro da cidade e está despertando a atenção dos cidadãos que passam pela região. Paulo César de Oliveira, um dos organizadores da feira, conta que, inicialmente, os comerciantes estão montando as barracas, se adaptando ao local e conversando com quem transita por lá.
O organizador explica que o Movimento de Economia Solidária já fez feira em vários outros locais da cidade. As barracas são de cooperativas, associações e grupos que buscam a sustentabilidade e a autonomia do segmento, levando em conta, ainda, as dificuldades apresentadas durante a pandemia. Ele destaca que “para quem quer presentear no Natal, há peças únicas. Temos artesanatos, pão e bolo artesanal, agricultura familiar e muito mais”.
Um dos exemplos disso está na barraca de Cláudia de Carvalho, 56 anos, que trabalha com reciclagem de jeans. Ela explica que “reaproveita calças antigas para criar aventais e bolsas” e atua no setor há 16 anos. Cláudia diz estar satisfeita em participar da feira na Rua Halfeld, local que ela chama de “coração da cidade”.
A comerciante Carmem Albino, 56, que é presidente da Associação dos Feirantes, participa com uma barra de doces, biscoitos e geleias artesanais. Ela está animada com a possibilidade de venda em uma região bastante movimentada e típica do comércio. “As expectativas são de que a feira dê certo e possa acontecer de novo no futuro, na mesma época no ano que vem ou até de forma mais constante.”
Cláudia também tem boas expectativas quanto ao resultado da iniciativa, principalmente levando em conta o contexto de retomada do setor econômico no final deste ano. “A pandemia foi muito longa e resultou em uma queda de vendas muito grande. Mas acho que agora, por bem ou por mal, vamos comemorar o Natal. Pelo menos com uma lembrancinha ou com coisas mais simples que podem ser encontradas aqui”, conclui.
Ambulantes realocados
Com o começo da Feira de Economia Popular Solidária, a Prefeitura informou que iria realocar os ambulantes da Rua Halfeld para a Praça do Riachuelo, gerando insatisfação entre eles. Na última quarta-feira (8), eles chegaram a realizar uma manifestação contra a mudança. A principal queixa é a de que o novo espaço é um ponto com pouca movimentação e perigoso, principalmente quando comparado ao anterior. Além disso, os ambulantes que estavam na Avenida Getúlio Vargas também foram realocados para lá, o que poderia causar lotação.
A Tribuna foi até a Praça do Riachuelo, às 11h, e não identificou os ambulantes que estavam anteriormente na Rua Halfeld. Os vendedores realocados da Getúlio Vargas confirmaram não terem visto os novos ambulantes na área. Entre eles, o clima também era de insatisfação com a localidade.
Duas ambulantes, que não quiseram se identificar, revelaram ter receio de que, com mais barracas, a área fique ainda mais difícil para se trabalhar. “Com mais concorrência e pouco movimento, vai ficar impossível. Isso não é solução pra gente”, ressaltou uma delas.
Questionada sobre o paradeiro de quem atuava na Halfeld, a PJF afirmou que, na última quinta-feira (9), foi realizada uma reunião com os ambulantes que exerciam a atividade de forma irregular nas ruas Halfeld e Marechal Deodoro. Ficou definido que eles deveriam assinar um termo de ajuste de conduta (TAC) para passar pelo processo de formalização. Até o licenciamento oficial, as atividades deverão acontecer de maneira formal na Praça do Riachuelo.
A PJF ainda afirmou que o licenciamento oficial só será possível quando for aprovada uma nova legislação. A informação é que o texto proposto pelo Executivo está em discussão na Câmara Municipal. A Administração afirmou que os comerciantes populares que assinaram o TAC e não estão ocupando o espaço destinado a eles deverão comparecer à Praça do Riachuelo até as 15h desta terça-feira (14), sob pena de perda do termo.
Programa de valorização do comércio popular
Nesta terça-feira (14), um novo curso de capacitação do Sebrae será oferecido para os comerciantes populares às 9h, no anfiteatro do Museu Ferroviário. A presença é obrigatória a todos que assinaram o TAC.
O programa foi elaborado pelas secretarias de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (Sedic) e de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur) junto ao setor privado e tem o objetivo de fomentar a atividade, com garantia de renda e redução da exploração dos trabalhadores por grandes distribuidores.