Processo do delegado Rafael Gomes segue para parecer do MP
Audiência de instrução e julgamento ouviu 27 testemunhas e dez réus; prazo para alegações finais ainda será aberto
O processo que envolve o delegado da Polícia Civil Rafael Gomes de Oliveira, preso em outubro do ano passado na operação Transfomers, aguarda parecer do Ministério Público, com análise dos pedidos das defesas. Após essa etapa, será aberto prazo para as alegações finais, antes de ser proferida a sentença, segundo informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A audiência de instrução e julgamento foi concluída na última sexta-feira (10), quando foram prestados os depoimentos dos dez réus, incluindo, pelo menos, outros seis policiais civis e dois advogados suspeitos de integrarem um esquema que envolveria pagamento de propina em troca da “blindagem” de membros da organização criminosa, que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, adulteração veicular, entre outros crimes, como roubo, furto, receptação e desmanche de veículos.
A audiência aconteceu na 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora, no Fórum Benjamin Colucci, e foi presidida pelo juiz Daniel Réche da Motta. Ainda conforme o TJMG, entre terça e quinta da semana passada foram ouvidas 27 testemunhas, de acusação e defesa. A sessão teve início em julho, mas foi cancelada no terceiro dia pelo juiz, que concedeu prazo às defesas para acesso às provas entregues pelo Ministério Público (MP).
Além do delegado Rafael, atualmente estão presos mais cinco policiais civis, segundo o TJMG. Os demais réus receberam liberdade provisória, com exceção de um, que é considerado foragido.
Delegado e policiais envolvidos
A Transformers foi deflagrada pelo MP em 20 de outubro de 2022, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o apoio das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal. Na ocasião, o delegado Rafael era titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico da Regional de Juiz de Fora, e mais seis policias civis detidos trabalhavam na mesma delegacia. Com a descoberta do suposto esquema criminoso, que teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos, a Polícia Civil pôs fim à maioria das especializadas na cidade.
O delegado Rafael ficou preso entre 20 de outubro de 2022 e 28 de junho deste ano, quando deixou a Casa de Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte, por meio de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A liberdade provisória foi revogada no dia 12 de setembro, e o réu foi internado em uma clínica psiquiátrica localizada na Cidade Alta. Ele foi transferido para o Hospital Ana Nery uma semana depois e deixou a unidade no dia 26 de outubro, retornando à Casa de Custódia.