Casais moram em ruínas de casarão
Entre as ruínas do antigo palacete localizado na esquina da Avenida Itamar Franco com a Rua Espírito Santo, no Centro, a presença de dois casais, que usam o local como habitação, desperta a preocupação de moradores do entorno. Uma das mulheres, segundo o que ela mesma contou na vizinhança, está grávida. O fato aumenta a apreensão na área do velho casarão, já que eles vivem em condições de precariedade e estariam fazendo uso de bebida alcoólica e de crack. Apesar do local estar fechado, também é utilizado por outras pessoas que pulam o muro para consumo de drogas e apresenta acúmulo de entulhos, além de mato alto.
“É uma situação complicada e que causa insegurança para quem mora na vizinhança, pois não sabemos quem são essas pessoas que entram lá”, afirma uma moradora, que preferiu não ser identificada, acrescentando que ainda há o risco do surgimento de focos de dengue devido ao lixo armazenado.
Conforme a residente de um edifício localizado em frente às ruínas, Sílvia Leite, os habitantes do velho casarão também costumam acender fogueiras no terreno, causando incômodos com a fumaça, que invade os apartamentos. O mesmo problema também é apontado para quem frequenta uma academia perto da esquina. “Fica perigoso para quem malha até tarde, porque o local é usado por usuários de drogas”, disse uma frequentadora.
No momento em que a Tribuna esteve no local foi possível observar que três dos quatros moradores do antigo imóvel, um homem e duas mulheres, preparavam um alimento numa lata sobre uma fogueira. Eles estavam no meio do terreno que se encontra todo fechado. Para acessar o local, é preciso pular o muro. A reportagem tentou falar com o trio, mas, apesar das tentativas, não teve êxito. “Os dois casais que moram nos escombros até que são tranquilos. Eles não incomodam e até pegam água aqui com a gente. A moça que diz que está grávida pode estar com uns quatro meses de gestação. É necessário que os órgãos responsáveis olhem por essas pessoas”, ressaltou a funcionária da academia.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura, a equipe de abordagem social esteve no local no dia 22 de agosto, quando ofereceu aos moradores do velho imóvel os serviços do Centro Pop, Casa da Cidadania, Núcleo do Cidadão de Rua e Casa de Passagem para Mulheres em Situação de Rua, onde estariam garantidos abrigo, pernoite, higienização, alimentação e até atividades durante o dia. Conforme a pasta, na época, apenas um casal estava no local naquele momento, sendo a mulher grávida em questão. O casal recusou o auxílio de todos os serviços, escolhendo permanecer onde estava. A Abordagem Social conseguiu, no entanto, convencer a mulher a receber acompanhamento médico, sendo que o Consultório na Rua esteve no velho casarão no dia 24 de agosto e agendou um exame para confirmação da gravidez e posterior início ao pré-natal. A Vara da Infância e da Juventude também foi acionada, apresentando-se no dia 30 de agosto, prestando orientação à mulher.
A assessoria afirma ainda que a equipe de abordagem deve retornar ao local hoje, para insistir no aceite dos serviços da Prefeitura. A pasta informa que a PJF não pode obrigar as pessoas a aceitarem os serviços, que, por lei, têm o direito de ir, vir e permanecer, mas trabalha para convencer essas pessoas a buscarem apoio nos equipamentos públicos.
Já a Secretária de Atividades Urbanas (SAU) informou que não recebeu, recentemente, reclamações acerca do casarão por parte da comunidade. A pasta afirmou que, no primeiro semestre, esteve no local e efetivou uma limpeza. Uma equipe da SAU deve retornar ao terreno para avaliar suas condições atuais e tomar as providências cabíveis.