Moradores relatam aumento de roubos no Dom Bosco
Dados da Sejusp indicam diminuição de cerca de 11% dos furtos consumados em Juiz de Fora em 2023, mas moradores percebem aumento em rua do bairro
“Eu desci de carro para fazer uma compra no Bairro São Mateus de tarde, fiquei fora uma hora mais ou menos, e quando retornei meu apartamento tinha sido invadido”, relata Elisangela Andrade. No início de agosto, a moradora da Rua Antônio Marinho Saraiva, local próximo ao Hospital Monte Sinai, no Bairro Dom Bosco, na Cidade Alta, teve a casa invadida e objetos furtados, como joias, celulares e roupas. Contudo, esse não é o primeiro caso da rua, que conta com reclamações dos moradores devido à insegurança. Conforme depoimentos colhidos pela Tribuna, a percepção é de que o número de roubos, furtos e invasões no local aumentou em 2022 e no início deste ano.
Entre janeiro e agosto de 2022, foram registrados 25 roubos a residências, 244 a transeuntes e 4.671 furtos em Juiz de Fora. Somente em residências, nesse período foram contabilizados 998 furtos, sem que houvesse violência, representando um aumento de cerca de 7% em comparação ao ano de 2021, que contabilizou 932. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Ainda segundo a pesquisa, a taxa de furtos consumados teve uma diminuição de cerca de 11% em 2023, totalizando 4.153 entre janeiro e agosto. Além disso, foram registrados 16 roubos a residências e 185 a transeuntes. Mesmo com os números em trajetória descendente até agosto, os relatos dos moradores da Rua Antônio Marinho Saraiva indicam a percepção de um aumento da insegurança no Dom Bosco.
Comércio fechado
Segundo a Sejusp, neste ano foram registrados 633 furtos em estabelecimentos comerciais em Juiz de Fora. Um deles é o de Vinicius Rezende, 30 anos, que mora no local desde que nasceu. De acordo com seu relato, o comércio que tinha na Rua Antônio Marinho Saraiva foi arrombado em fevereiro, e levaram praticamente tudo que tinha, o que impactou no fechamento do negócio. Ele também conta que nos últimos dois anos o número de moradores de rua e usuários de drogas aumentou muito na região.
Elisangela Andrade diz que “a sensação é horrível”. “Porque é um sentimento de impotência, de tristeza, porque trabalhamos e lutamos para ter as coisas, e entraram na minha casa com facilidade.” Os residentes relataram que à noite não saem de casa, costumam andar com os celulares escondidos durante o dia e até escutam as pessoas que trabalham no Hospital Monte Sinai descerem o morro correndo por medo de serem assaltadas.
Medidas de segurança
Há 23 anos, Sônia Paranhos mora em um prédio na rua, mas por causa da situação precisou fazer mudanças no local desde o último ano. Como síndica, modificou o jardim, instalou refletores, grades em pontos desprotegidos e câmeras em maior quantidade para tentar proporcionar mais segurança para as outras pessoas.
Para os entrevistados, a iluminação da rua, que carece de lâmpadas e tem uma luz fraca, favorece a ação de criminosos e moradores em situação de rua, que os abordam com frequência. Uma moradora, que preferiu não se identificar, mencionou que, na maioria das vezes, há postes de energia com as lâmpadas queimadas. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora a esse respeito e foi informada de que todos os pedidos de troca de lâmpadas abertos na região foram atendidos. A reportagem, entretanto, flagrou uma lâmpada queimada no local esta semana.