Polícia Civil elucida assassinato a facadas de jovem no Centro
Três suspeitos de envolvimento em homicídios que estão presos no Ceresp foram apresentados
Três suspeitos de envolvimento em homicídios que já estão presos no Ceresp foram apresentados pela Polícia Civil nesta quinta-feira (12). Um deles, 22, confessou, em depoimento, o assassinato de Tales Tiago de Almeida, 22, morto a facadas na Rua Benjamin Constant, próximo à Roberto de Barros, no Centro, no dia 6 de fevereiro. De acordo com o delegado à frente do caso na Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, a motivação e a autoria do crime foram confirmadas. O suspeito, que não teria residência fixa, foi capturado em flagrante pela PM por um roubo ocorrido este mês, mas contra ele já havia mandado de prisão pelo homicídio, a partir das investigações.
O crime aconteceu depois de a vítima ter ido a um bar à noite com um amigo, 20, cobrar a devolução de um celular que pertenceria ao colega e teria sido furtado. Tales foi atingido por cinco golpes, sendo quatro deles nas costas e outro no tórax. Ele teve o óbito constatado pelo Samu ainda no local. A faca usada no assassinato foi encontrada no estacionamento de um hipermercado nas imediações. “Temos provas efetivas de que esse foi o autor das facadas que vitimou Tales. A vítima e a testemunha foram cobrar a devolução do celular furtado por ele no dia anterior, pedindo que devolvesse pelo menos o chip. Não satisfeito com a cobrança, o autor correu atrás deles. Tales tentou parar um ônibus, mas foi esfaqueado.” Ainda conforme Rolli, apesar de confessar o crime, o suspeito alega ter agido para se defender e usado uma faca que, na versão dele, seria da vítima. “Houve uma perseguição e, tanto tinha intenção de matar, que arrancou o jovem da porta do ônibus e o esfaqueou pelas costas. O autor também já tem várias passagens por crimes patrimoniais.”
O delegado destacou que esse foi um dos três homicídios ocorridos no Centro apenas este ano. As três pessoas assassinadas foram atacadas com golpes de arma branca, em brigas por motivos aparentemente fúteis, ao contrário de grande parte das vítimas do ano passado, que morreram com tiros por questões ligadas ao tráfico de drogas. O número de crimes no coração da cidade surpreendeu, já que, em 2017, houve um único assassinato em toda a região central. Além de Tales, Alessandro de Araújo Cunha, 43, levou uma facada nas costas, que teria atingido o pulmão, na feira da Avenida Brasil, e teria sido empurrado no Rio Paraibuna, no dia 7 de janeiro, na altura do Terreirão do Samba. O homem, morador do Jardim de Alá, na Zona Sul, chegou a ser socorrido até o HPS, mas não resistiu e faleceu posteriormente. “Já temos a identificação do suspeito”, informou o delegado.
O caso fatal de maior repercussão este ano no Centro foi a morte do vendedor ambulante Luiz Leandro Pereira de Souza, 38, ocorrida na Avenida Getúlio Vargas, na tarde do dia 16 de fevereiro. O suspeito, 46, foi preso em flagrante pela PM e teria brigado com a vítima por causa de pontos de venda de mercadorias, já que os dois seriam comerciantes ambulantes. Luiz Leandro sofreu quatro perfurações à faca no tronco, duas no braço e uma na face.
Vítima escapou da morte pulando no Rio Paraibuna
Outro jovem de 22 anos está preso preventivamente no Ceresp desde março pelo assassinato de Guilherme da Gama, 24 anos, morto a tiros na Vila Ideal, Zona Sudeste, no dia 14 de abril do ano passado. O rapaz foi encontrado caído na Rua Afonso Celso, alvejado por diversos disparos, principalmente na cabeça. Outro jovem, 23, foi atingido na perna direita e conseguiu escapar da morte porque pulou no Rio Paraibuna, segundo a Polícia Civil. Ele foi submetido a cirurgia no HPS. As vítimas eram moradoras da Vila Olavo Costa, na mesma região, e teriam ido até a Vila Ideal para cortar os cabelos. Os alvos foram surpreendidos pelos ocupantes de um veículo prata. Os dois rapazes correram, mas Guilherme teria tropeçado e caído. Os atiradores desembarcaram armados com pistolas e abriram fogo contra ele.
O segundo suspeito do crime, 26, está preso no estado do Rio de Janeiro desde o início de abril após ser capturado, por meio de mandado de prisão, em Casemiro de Abreu. “Ele estava fugindo da nossa ação. Não temos dúvidas de que eles são os executores e concluímos a investigação”, informou o delegado Rodrigo Rolli. Segundo ele, o fugitivo também é suspeito de outro homicídio ocorrido em 2016.
Um terceiro homem, 35, apresentado nesta quinta-feira (12), é apontado como executor de Aleksander Sergueyev Rudneyevitch da Costa Pacheco, 43, assassinado com tiros na Rua Agilberto Costa, no Bairro São Benedito, Zona Leste, em 22 de julho do ano passado. O atirador teria alvejado a vítima nas costas e na cabeça, fugindo em uma moto. Familiares entregaram o celular do homem morto aos policiais depois que viram uma conversa suspeita no aplicativo WhatsApp. Eles ouviram áudios entre a vítima e um preso do Ceresp sobre a aquisição de drogas para serem comercializadas. “A vítima havia saído há pouco tempo da cadeia. Tentou fazer uma suposta negociação de venda de entorpecentes e foi morto dois dias depois. Mas pode ser desacerto de dívida do passado também”, pontuou o delegado.
O suspeito da morte de Aleksander foi capturado no dia 4, durante a operação Beneditina, desencadeada pela Delegacia Antidrogas em uma boca de fumo no São Benedito, Zona Leste. Contra ele já havia dois mandados de prisão expedidos pela Justiça por condenações de tráfico e homicídio, que totalizam 35 anos de reclusão. Segundo a Polícia Civil, ele já teria integrado uma organização criminosa liderada por três irmãos, sendo apontado, inclusive, como o matador do grupo. O homem também já teria se envolvido em troca de tiros com policiais militares.
Tentativas de homicídio também são desvendadas
Duas tentativas de assassinato recentes também foram elucidadas pela Polícia Civil. Uma delas é de um jovem, 20, baleado no último dia 7, no Grajaú, Zona Sudeste. A vítima foi atingida por tiros nas regiões torácica e lombar. Até esta quinta-feira (12), o paciente permanecia internado em estado grave no CTI do HPS, entubado e sedado. Um adolescente, 16 anos, foi apreendido no dia do crime e acautelado no Centro Socioeducativo e seria suspeito de entregar a arma ao atirador. Ele se apresentou na Delegacia Especializada de Homicídios e alegou ter se sentido ameaçado.
Segundo as investigações, a vítima teria procurado o suspeito dizendo que ele estaria com o celular dela, furtado durante a semana. O acusado negou e houve uma briga. Posteriormente, o homem, ao lado do adolescente, efetuou os disparos contra o jovem. “Mais um crime que teve como pano de fundo o celular”, observou o delegado Rodrigo Rolli.
Já o delegado Armando Avolio Neto, também à frente da Especializada de Homicídios, apresentou um jovem, 19, suspeito de dupla tentativa de homicídio no dia do Natal do ano passado, no Bairro Parque das Águas, na região do Monte Castelo, Zona Norte. Um adolescente, 17, também foi apreendido e está acautelado desde janeiro. As vítimas, de 21 e 26 anos, sobreviveram. “Descobrimos que existem dois grupos rivais no bairro, tendo como pano de fundo o tráfico de drogas. Um desses grupos estava comemorando a data e se deparou com o outro. Acabaram entrando em atrito. O adolescente e o rapaz puxaram arma e atiraram contra o tórax das vítimas”, disse o delegado.
Segundo a polícia, “a comunidade, atualmente, encontra-se aterrorizada pelos atos delituosos cometidos pelo suspeito e seus comparsas; os mesmos traficam e usam drogas à luz do dia, portam e exibem armas de fogo no interior do bairro, ameaçam moradores que por ventura se oponham de alguma forma àquelas ações delituosas, entre outros fatos”. Todos os presos estão no Ceresp à disposição da Justiça.