Entraves devem ser resolvidos este ano
Em seis meses sob nova gestão, a UFJF tenta dar andamento às 19 obras paralisadas por conta da falta de orçamento. Ainda este ano, a instituição pretende inaugurar o Centro de Ciências e resolver os entraves jurídicos e técnicos que envolvem o Parque Científico e Tecnológico, uma das grandes promessas de impulso econômico para a cidade. Em entrevista concedida à Tribuna, o reitor Marcus David, informou que a expectativa é que a nova licitação ocorra no próximo ano, quando também serão concluídas as obras do prédio da Faculdade de Comunicação, do ginásio da Faculdade de Educação Física e o bloco administrativo. Na ocasião, ele fez um balanço do período, falou das obras que se tornaram impasses e apontou a situação do Campus de Governador Valadares como o principal desafio.
Para a realização do Parque Tecnológico, embargado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) desde 2012, a UFJF precisa da autorização da Controladoria Geral da União (CGU) para que o empenho de R$ 40,7 milhões feito naquele ano possa ser utilizado. “Também será necessária uma revisão do estudo para que a primeira etapa do projeto, que consiste na urbanização, não ultrapasse R$ 50 milhões”, explica o reitor. O valor era estimado em mais de R$ 60 milhões.
Ele adianta que um convênio com a Fapemig garantiu R$ 5 milhões ao empreendimento, aporte que pretende ser usado na construção da sede administrativa, onde funcionará a incubadora da universidade. Sobre a prospecção de empresas para o parque, Marcus David diz que áreas como bionergia, fármacos e resíduos foram incluídos no plano de negócios inicial por conta do potencial de atratividade. “Estamos buscando parcerias com outros centros de estudo, como Embrapa e o IF Sudeste, que podem contribuir para a prospecção de empresas de base tecnológica em outras áreas.” Ele destaca que a mobilização em torno do empreendimento é muito positiva. “Não nos falta apoio nas diferentes esferas.”
Governador Valadares
O Campus de Governador Valadares também tem demandado esforços extras. O reitor já se reuniu com o prefeito eleito e fez reuniões com representantes do Ministério da Educação (MEC). “Este é um problema que não é apenas da universidade”, diz Marcus David. “A comunidade está ansiosa por uma solução . São três mil alunos, 350 funcionários e uma área de um milhão de metros quadrados sem nada construído.”
Considerando o projeto inicial estimado em R$ 63 milhões “ambicioso”, o reitor relata a atual situação do campus. “Ele está localizado em uma área rural, que serviria como vetor de crescimento da cidade. No entanto, não sabemos se é possível levar infraestrutura até o local. A estrada de acesso é de chão.” Atualmente, os alunos estudam em dois prédios alugados na área urbana do município. “Fica aquele sentimento de abandono, eles não podem montar uma empresa júnior ou um centro de estudos econômicos, por exemplo.”
Cobertor curto
Em seis meses à frente da UFJF, Marcus David aponta a dificuldade orçamentária como grande entrave. “Mesmo sabendo o cenário econômico que se desenhava no país quando me candidatei, confesso que ao assumir me deparei com algumas questões que me assustaram mais.”
Segundo ele, as 19 obras iniciadas em gestões anteriores somam um custo próximo a R$ 800 milhões, dos quais ainda faltam R$ 350 milhões. “Se vencermos todas as questões jurídicas e técnicas, ainda precisamos de todo este recurso. Percebemos que algumas obras foram anunciadas sem que houvesse orçamento para elas.”
Ele destaca que, em alguns casos, a situação virou um impasse. “Para a construção do teleférico e do trenó de montanha, por exemplo, já foram gastos R$ 19 milhões e faltam outros R$ 15 milhões. Se tentarmos este recurso junto ao Governo federal neste momento, ele não será aprovado. Precisamos priorizar obras e enxugar custos.”
O reitor afirma que a priorização das 19 obras inacabadas, dentre elas a do Hospital Universitário, do Campus de Governador Valadares e do Jardim Botânicos, serão definidas em reunião com o Conselho Superior da UFJF. A instituição pretende iniciar um modelo de discussão participativa do orçamento com a comunidade.