Membros do Centro de Referência LGBTQIA+ lançam livros sobre saúde e direitos
Lançamentos acontecem no Espaço Cidade nesta quinta-feira e fazem parte da programação do “Agosto Multicor”
Nesta quinta-feira (11), às 19h, o professor da Faculdade de Serviço Social e coordenador do Programa de extensão Centro de Referência de Promoção da Cidadania LGBTQI+ (CeR-LGBTQI+), Marco José Duarte, vai lançar o livro “Dez Anos da Política Nacional de Saúde Integral LGBT: análises e perspectivas interseccionais e transdisciplinares para a formação e o trabalho em saúde”.
O projeto foi organizado em parceria com o docente do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Pablo Cardozo Rocon, e foi publicado pela Editora Devires. O lançamento faz parte da programação do “Agosto Multicor” e ocorre no Espaço Cidade, da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), órgão da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
O livro foi desenvolvido a partir de um trabalho em rede de pesquisa e observação sobre a saúde LGBT, reunindo capítulos de pós-graduandos, docentes e pesquisadores de todo país de diversos cursos ligados às Ciências Sociais e à Saúde.
De acordo Duarte, ao publicar o livro, a proposta é, juntamente com os colaboradores, fazer uma reflexão sobre melhorias no Sistema Único de Saúde (SUS) e na formação permanente de trabalhadores(as) da saúde voltado ao público LGBTQIAPNB+. “Nos últimos meses, assistimos a algumas discussões sobre a necessidade de se repensar políticas de saúde para esta população, em particular, de pessoas trans, em razão das dificuldades para garantir o acesso ao SUS.”
Ao mesmo tempo em que reafirma as conquistas nessa área na última década, Duarte acredita que a obra fomenta o debate sobre os desafios ainda a serem superados. “É neste sentido que a produção, fruto de pesquisas acadêmicas, cumpre o importante papel de, mais que celebrar conquistas, repensá-las e instigar melhorias, inclusive dos seus profissionais”.
O evento conta, ainda, com o lançamento da doutoranda em Ciências Sociais da UFJF, Luiza da Cotta Pimenta, “Direito e Transexualidades: a alteração de nomes, seus papéis e negociações”. A obra, publicada pela editora Dialética, é resultado de sua dissertação de mestrado. “Utilizo pressupostos do direito e das ciências sociais e investigo a formação de identidades das pessoas trans, sob o panorama dos processos de retificação de nome civil.”
De acordo com pesquisadora e advogada, a transexualidade, por muito tempo considerada uma doença, só começa a ser entendida como direito de autopercepção sobre os corpos a partir de 2009. Entre os desafios, ela cita “os processos altamente burocráticos e subjetivos nos cartórios e os altos valores que as pessoas trans precisam pagar para fazer a retificação de nome. Ainda há muita desinformação e dificuldade de lidar com o tema”, diz a pesquisadora, advogada do CeR-LGBTQI+.
Uma discussão de saúde pública
Este é o terceiro lançamento nacional do livro “Dez Anos da Política Nacional de Saúde Integral LGBT”. O primeiro ocorreu durante o VIII Congresso Brasileiro de Saúde Mental da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), em São Paulo, e o segundo, em de Juiz de Fora, no final de julho.
A obra é dividida em três partes: a primeira delas propõe análises das políticas de saúde observando pontos fortes e fragilidades, desde a criação do SUS e os desafios atuais. A segunda, problematiza o modo hegemônico _ biomédico e cisheterossexista _ como ocorre a formação de trabalhadores(as) da saúde. A importância da educação popular, psicologia e o fomento à pesquisa também são contemplados. Por fim, a última parte reúne seis textos sobre os processos de trabalho em saúde com destaque para questões relacionadas ao processo transexualizador, a necessidade de observar a saúde longe das capitais e também as produções sobre mulheres lésbicas.