Avenida Brasil lidera ranking de multas por radares
A Avenida Brasil é a campeã de multas por radares em Juiz de Fora, com 2.228 condutores autuados nos primeiros dois meses deste ano, o que significa quase 40 infrações diárias. A pedido da Tribuna, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) realizou o levantamento, e os números revelam que o cidadão ainda precisa mudar o comportamento quando assume o comando do volante. Em igual período do ano passado, foram 1.606 multas na Brasil, ou seja, quase 700 a menos. Em segundo lugar aparece a Avenida JK, com 2.127 multas, seguida da Avenida Deusdedit Salgado, com 2.004 (ver quadro).
Um dos principais corredores de Juiz de Fora, que liga a Zona Norte à Zona Sudeste, a Avenida Brasil possui intenso fluxo de veículos a qualquer hora do dia. Os radares onde foram constatados os abusos ficam na altura dos bairros Poço Rico, Santa Teresa e São Dimas. Já o super-radar está localizado na esquina com a Avenida Rio Branco, na altura do Manoel Honório. Neste último caso, além da velocidade, os equipamentos notificam também parada irregular sobre as faixas e o avanço de semáforo. A Settra não divulgou o número de infrações por radar.
Para o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, é preciso rever o limite de velocidade máxima permitido, pois os excessos têm sido observados com mais frequência após a instalação do binário, datado de 2014 e concluído em fevereiro de 2016, quando foi inaugurada a Ponte Wandenkolk Moreira, terceira do conjunto de obras viárias. Em toda sua extensão, é permitido trafegar pela Avenida Brasil em, no máximo, 60 km/hora. “Quando não tem ninguém vindo no sentido contrário, a sensação de segurança é maior, o que faz com que muitos motoristas trafeguem no limite permitido ou acima dele”, destacou o secretário.
Acidentes são frequentes na margem direita
A margem direita da Brasil foi cenário de 51 acidentes nos dois primeiros meses, conforme divulgado pela Polícia Militar, colocando a avenida como a segunda em número de ocorrências de trânsito, ficando atrás apenas da Avenida Barão do Rio Branco.
Moradores, comerciantes e usuários do local ouvidos pela Tribuna relataram ser frequentes as ocorrências de acidentes pela imprudência de motoristas, já que as pistas apresentam boas condições, com sinalização vertical e horizontal adequadas.
A Tribuna esteve no local na terça-feira (10) e flagrou uma carreta trafegando na pista destinada ao acesso da Ponte Luiz Ernesto Bernardino Alves Filho, na altura do Clube Tupynambás, no entanto, ela seguiu no sentido Zona Norte. Carros e veículos pesados também foram vistos diminuindo a velocidade apenas em locais onde os radares estão presentes. O barulho do acionamento dos freios era ouvido de longe o que, segundo o industrial Luiz Carlos Soranço, 61, é comum. No mesmo dia, ele disse ter precisado intervir para que os carros parassem para uma idosa atravessar. O que chama atenção é, que no local, há faixa de pedestres, demonstrando a falta de respeito à sinalização e às leis de trânsito. “Eu já fui vítima de alguns acidentes por aqui. A gente sinaliza, e ninguém vê. A todo momento, ocorrem batidas, principalmente na pista de acesso à ponte, que muitos não respeitam, invadindo a faixa.”
Luiz Soranço destaca que o horário de maior perigo é das 17h às 20h, quando o fluxo de veículos aumenta devido ao horário de saída de trabalho e de escola, aliado à pressa de chegar em casa. Ele, que é proprietário de estabelecimento comercial às margens do local, afirma que, além da aventura ao atravessar, “o medo é companheiro diário”.
Vizinhança reclama da alta velocidade dos carros
O abuso de velocidade é apontado também pelo proprietário de uma oficina mecânica como o principal problema. Álvaro Oliveira, 36, conta que alguns motoristas só desaceleram muito próximo dos radares “Por aqui os veículos passam muito rápido. Alguns diminuem a velocidade quando estão na vis?o do radar e outros trafegam como se o equipamento n?o existisse”. O dono da oficina acrescenta que, antes da instalação dos equipamentos, condutores de motos, carros e até veículos pesados faziam da avenida uma “verdadeira pista de corrida”. A opinião é compartilhada pelo aposentado José Aparecido, 52, que frequenta o local diariamente. De acordo com ele, os motoristas comportam como se o único medo fosse o pagamento da multa. “Muitos não se preocupam com o risco de acidentes”, disse o aposentado, lembrando das mortes de Eduardo Afonso da Silva Vieira, 31 anos, e Vanessa Venazoni, 33, ocorridas em maio de 2016. O casal estava trafegando na via por volta das 3h, e, conforme a Polícia Militar, a moto de Eduardo foi atingida por um veículo. Após a colisão, o motorista do veículo deixou o carro no local e fugiu sem prestar socorro.O corpo de Vanessa foi encontrado nas águas do Rio Paraibuna quase 60 horas após a batida. O laudo pericial da polícia mostrou que o carro trafegava na contramão e acima da velocidade permitida. “Foi muito triste e, mesmo assim, as pessoas não respeitam o limite de velocidade. Alguns passam na contramão, pois dizem que o radar não pega quando se pratica essa manobra.”
Para usuários e frequentadores da via, os radares, as faixas de pedestres e as pontes auxiliaram a diminuição da incidência de acidentes, No entanto, ainda é necessário ampliar a sinalização vertical e horizontal. De forma unânime, os entrevistados apresentaram os quebra-molas como soluções mais efetivas para diminuir acidentes e imprudência.
Mais de 9 mil multas em toda a cidade
Em toda a cidade, são 17 conjuntos de radares que fiscalizam excessos de velocidades e outros seis conhecidos como super-radares contemplando, além da velocidade, avanço de semáforo e parada sobre a faixa. Os 23 pontos multaram 9.116 vezes nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. Para o secretário Rodrigo Tortoriello, o auxílio dos equipamentos eletrônicos é fundamental para combater os excessos de velocidade, mas ainda é preciso aumentar a fiscalização. “A Settra tem trabalhado para a ampliação da fiscalização no trânsito, mas o processo licitatório e burocrático demanda tempo”, afirmou, sem estabelecer datas para tais melhorias. Além disso, ele ressalta que os cidadãos precisam se autoavaliar no trânsito e entender que os acidentes e mortes neste ambiente diminuem proporcionalmente com a mudança de comportamento. “Quando se trata de trânsito, as metas precisam ser bastante ousadas. Precisa ser atropelamento zero, excesso zero, multas zero.”