Proposta de greve sanitária causa reação na Câmara
Reunião discutiu pontos favoráveis e contrários ao retorno das aulas presenciais
A proposta de greve sanitária dos professores da rede estadual de ensino foi mencionada pela coordenação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) subsede Juiz de Fora durante reunião realizada nesta quinta-feira (11), na Câmara Municipal, que discutiu o retorno das aulas presenciais na cidade. O posicionamento foi criticado pelo proponente do encontro, vereador Sargento Mello (PTB).
Na ocasião, o coordenador Alessandro Pacheco alertou que as atividades presenciais irão impactar na transmissão do vírus da Covid-19 e defendeu que só a vacinação em massa poderá assegurar o retorno com segurança. “Reconhecemos os danos desencadeados pelo isolamento social aos alunos, mas o prejuízo será maior se eles forem expostos à pandemia”, avaliou. “Os pais devem saber que as escolas públicas não estão preparadas para receberem seus filhos.“
A proposta de mobilização dos profissionais da rede estadual causou indignação de Mello. “É uma falta de responsabilidade social falar em greve sanitária. Temos que parar com a utopia e a cultura do medo. A transmissão não vai acabar, mesmo com a vacina. É hora de cada um se doar para voltar à vida normal.” As críticas marcaram o final e, também, o momento mais acalorado do debate, que durou mais de duas horas.
O encontro contou com a presença de representantes de sindicatos, associações, escolas, pais e estudantes que apresentaram pontos favoráveis e contrários à reabertura das escolas. Sem a presença de um representante, a Prefeitura justificou sua ausência e informou que “o convite foi recebido na quarta-feira à noite e, em função do horário, não foi possível a participação da Secretaria de Educação”.
Impactos nos alunos e na economia
Entre as principais ponderações feitas a favor do retorno presencial das atividades escolares foram destacadas a saúde mental dos alunos e as dificuldades econômicas decorrentes do fechamento das escolas privadas. “Nós temos 20 escolas que encerraram as atividades de vez, algumas estavam no mercado há 20, 30 anos”, informou o presidente da Associação das Escolas Infantis, Sanio Teixeira.
Os impactos dos fechamentos foram citados pela presidente do Comitê de Recuperação Econômica (Corec), Flávia Gonzaga. “A educação básica emprega cerca de mil funcionários. Com os fechamentos, estão ocorrendo muitas demissões.” A solicitação é para que o retorno aconteça num modelo híbrido e facultativo.
Gargalos
As condições das escolas da rede pública estão entre os principais gargalos para o retorno das atividades com segurança, conforme testemunhou o aluno e representante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Felipe Brito. “Há escolas da rede estadual que não possuem folha de ofício, como vão garantir máscaras e álcool em gel? Qual é a segurança que o governo estadual me dá?”, indagou completando que mora com pessoas do grupo de risco.
O problema também foi ressaltado pelo estudante e representante da União Colegial de Minas Gerais, Rafael Carvalho. “A realidade da escola pública é muito diferente. Faltam recursos e investimentos. Não é possível retornar sem segurança e deixar acontecer o que estamos vendo em São Paulo, com vários casos de contaminação.”
Agenda
Os vereadores também se dividiram entre opiniões favoráveis e contrárias ao retorno presencial. O assunto seguirá em discussão na Câmara, que irá encaminhar as questões levantadas à análise do Executivo.