Estudantes de instituições federais de JF protestam contra bloqueio de verbas
Centenas de alunos e trabalhadores se reuniram no Parque Halfeld em ato, que também contou com a presença de entidades sindicais
Centenas de estudantes e funcionários da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do Colégio João XXIII, do IF Sudeste e aliados ao movimento nacional liderado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) protestaram, no Parque Halfeld, em defesa da redução total do bloqueio de verbas anunciado pelo Governo federal na noite desta quinta-feira (9).
No local, os participantes do ato empunhavam cartazes e gritavam contra a decisão do Governo federal. “A luta unificou! É o estudante junto com o professor e o trabalhador” era um dos bordões. Nos cartazes, havia frases como “O IF não pode parar”, “O governo não dá educação porque educação derruba o governo”, “As balas escreveram o nosso passado, a educação escreverá o nosso futuro”, entre outras.
A estudante de Direito e uma das coordenadoras gerais do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFJF, Maria Edna Fernandes, atuou na organização do movimento, que reuniu diversas frentes. “O ato foi puxado nacionalmente pela União Nacional dos Estudantes (UNE), e aqui em Juiz de Fora, o DCE cabeceou o movimento unindo as entidades da UFJF, Apes, Sintufejuf e Apg, para que a gente fizesse um ato que englobasse toda a sociedade.”
De acordo com ela, a ideia de protestar em conjunto se deu porque “o trabalhador precisa estar na luta com a gente, para manter a universidade aberta com a sua qualidade, dando o seu retorno à sociedade que ajuda a manter a universidade. Então é uma denúncia contra os cortes do Governo federal, a política genocida de sucateamento das universidades e institutos federais. É por isso que a gente está na rua hoje, a gente está na rua contra os cortes e o Governo, que impede a universidade de realizar o seu principal papel que é incluir os marginalizados em uma educação pública, gratuita e de qualidade”.
‘Mobilização necessária’
Alunos do IF Sudeste foram os primeiros a chegar no Parque Halfeld. Eles se deslocaram desde a unidade, localizada na Rua Bernardo Mascarenhas, no Bairro Fábrica, Zona Norte, até o Centro, protestando e parando o trânsito na Avenida dos Andradas. Eles chegaram ao Parque Halfeld por volta das 17h.
“Os cortes já vêm acontecendo há algum tempo, e resolvemos nos mobilizar. Está sendo muito importante e necessária (a mobilização), principalmente voltando de uma pandemia. Não podemos deixar essa situação continuar”, disse à Tribuna o presidente do Grêmio de Estudantes do IF Sudeste, João Gabriel Pinheiro Pereira, de 17 anos.

‘Não basta só falar’, dizem alunos do João XXIII
Estudantes do Colégio João XXIII também participam do ato. Karina Perantoni e Helena Perantoni, irmãs gêmeas de 15 anos que protestaram nesta quinta, falaram sobre a importância de participar da mobilização.
“Estou aqui porque é uma causa muito importante para a gente lutar, é a nossa educação, a gente tem que fazer parte disso. Não basta a gente falar que quer estudar, mas não fazer nada para isso. Querem prejudicar o ensino no nosso colégio e nos colégios federais e públicos e estamos aqui para lutar contra isso”, disse Karina.
Helena reforçou o que disse a irmã. “Representa muita coisa estarmos aqui. Não adianta a gente só falar que é a favor da democracia, que é a favor da educação, que quer estudar, mas não participar da manifestação, que é extremamente importante para o nosso ensino continuar bom. Toda hora temos cortes, está piorando cada vez mais, os governantes não pensam no povo e nos estudantes, e nós queremos lutar.”
A estudante Laura Neto, de 16 anos, também foi manifestar. “Com os cortes que o Governo fez houve um grande desmonte para a educação pública, que é muito importante, principalmente para os mais pobres. Se continuar desse jeito (os cortes), os estudantes não terão mais qualidade boa para estudar e ter um futuro melhor. É importante todo mundo vir aqui e manifestar, e não só ficar em casa e se manifestar pela internet.”
Vitória Ferraz, de 16 anos, comentou que outras pessoas de sua família também estão sendo impactadas pelo corte. “A gente precisa ter voz, porque no futuro meus filhos, meus netos podem ter que vir aqui lutando pela educação (…). Muitas famílias não têm condição de pagar pela educação de seus filhos. Tenho muitas pessoas da família que estudam em universidades federais, inclusive na Universidade Federal de Viçosa, onde também houve cortes, e estamos lutando por uma educação digna.
Estudantes da UFJF resistem aos cortes em ato

Por volta das 18h20, os estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que saíram do campus às 15h e fizeram todo o trajeto até o Centro protestando, chegaram ao Parque Halfeld para se juntarem aos outros estudantes da rede federal de ensino. Centenas de jovens gritavam “Tira a mão da Federal”, enquanto carregavam cartazes.
A estudante de História Isabela Almeida, 20, contou o que significou a sua participação no ato. “Estou aqui para lutar pela educação, porque como futura professora, acho justo que todos tenham direito à educação pública e de qualidade”.
O futuro jornalista Mateus Leri, 24, também enxerga o movimento como um ato muito importante. “Esse ato é extremamente libertário, pois podemos lutar não só pela educação, mas pela transformação do país. A gente está em uma disputa de poder muito grande, e a gente tem que estar na luta, pois somos seres pensantes que lutam pela educação”.
A estudante de Economia, Tarcila Delgo, 19, contou à Tribuna que já consegue sentir os impactos dos cortes. “Tenho uma bolsa de R$ 300 que pede dedicação exclusiva, e isso não faz nenhum sentido no Brasil atual”. Ela diz que foi ao ato porque “é uma forma de mostrar que a gente não aceita mais isso de jeito nenhum”.
O graduando em Direito Túlio Siqueira, 22, disse que }”sem educação, o país está fadado ao fracasso, por isso que estamos aqui na rua lutando”.