“Sensação de impotência”: juiz-foranas deixam o Rio Grande do Sul em meio à tragédia
Número de mortos já chega a cem no Rio Grande do Sul; estado de calamidade faz com que pessoas deixem cidades gaúchas
Faz pouco mais de uma semana que as chuvas castigam as cidades do Rio Grande do Sul. O número de mortos em razão do temporal subiu para cem nesta quarta-feira (8), conforme a Defesa Civil do estado. O governo decretou estado de calamidade e centenas de pessoas estão deixando suas cidades à procura de um local mais seguro. Nascidas em Juiz de Fora, a servidora pública Thaís Ruhena e a arquiteta e urbanista Thaísa Souza são exemplos disso.
As juiz-foranas se mudaram para Porto Alegre a trabalho e já vivem na cidade há mais de um ano. Por conta das cheias, elas optaram por sair da capital no domingo (5) e voltar para perto da família, em Juiz de Fora.
“Foi uma sensação muito ruim, de impotência, nós sentimos como se estivéssemos abandonando as pessoas ao voltar para cá. Mas não tinha muito o que fazer”, lamenta Thaísa. Na região onde mora, em Porto Alegre, as cheias atingiram boa parte das casas. Em seu prédio, a garagem foi tomada pela água. “Se ainda estivesse lá, estaria ilhada. Meu apartamento em si não teria sido atingido, mas vi relato de moradores que perderam carros e outros bens pessoais”.
As juiz-foranas saíram da cidade antes que a situação ficasse mais grave. Conforme lembra Thaís, na terça (30) havia a informação de chuvas fortes nas cidades do interior e já na quinta (2) o alerta era grave a ponto de serem liberadas do trabalho. “Todos os rios das cidades do interior deságuam no Guaíba, em Porto Alegre. Ano passado a gente já tinha passado por uma situação de cheia, longe de ser parecida com o que a gente viveu agora, mas não esperávamos nada nessa magnitude”.
Desabastecimento
O principal motivo que fez com que Thaís e Thaísa deixassem Porto Alegre rumo a Juiz de Fora foi o medo do desabastecimento. Conforme contam, após as chuvas, os supermercados começaram a limitar o número de itens por pessoas e passou a ser difícil encontrar água potável para comprar. “Porto Alegre está com um problema bem sério de abastecimento de água. No domingo fiquei sem luz o dia inteiro e sabia que era possível ficar sem água em breve. Hoje, minha região já está sem abastecimento de água”, afirma Thaís. A previsão de chuva e o medo de que as coisas pudessem piorar também foram motivos, conta Thaísa. “Eram 24 horas de barulho de helicóptero, sirene, uma situação bem caótica mesmo.”
Para sair de Porto Alegre, elas tiveram que ir até uma cidade próxima, chamada Gravataí, que fica a cerca de 40 quilômetros da capital e, de lá, embarcaram em um ônibus para Florianópolis, onde conseguiram um voo para Belo Horizonte. Por conta do alagamento, o aeroporto de Porto Alegre suspendeu os voos até 30 de maio. “Para fazer a viagem até Florianópolis, nós tivemos que pegar uma das poucas rodovias que não estavam interditadas, então era via de passagem para o Exército, chegada de mantimentos e outros tipos de ajuda. Na época o trânsito já estava intenso, mas pelo que ficamos sabendo, piorou demais nos últimos dias”.
Agora fica a incerteza do quando voltar, visto que a situação não apresenta previsão de melhoras. Segundo lembra Thaís, em uma das cheias históricas, o Rio Guariba demorou cerca de 45 dias para baixar. “Para voltar à normalidade acho que vai demorar muito, mas eu pretendo voltar assim que a situação de luz e energia estiver normalizada. Principalmente porque trabalho para o Governo do Estado e as ações pós-cheias vão exigir muito no planejamento.”
Mobilização
Thaísa conta que, mesmo agora, em segurança, não deixa de pensar nas vítimas das enchentes no Sul. “Mesmo que a gente não tenha poder para nada, estamos aqui, mas com a cabeça lá, porque as pessoas que realmente foram afetadas continuam em suas cidades, desabastecidas e desamparadas.” Ambas as juiz-foranas reforçam a importância das doações que, inclusive, possuem ponto de coleta na cidade.
O Governo do Rio Grande do Sul reativou a chave PIX para doações em dinheiro para ajudar as vítimas. Segundo a Agência Brasil, a conta bancária nomeada como SOS Rio Grande do Sul, aberta no Banrisul, receberá os valores pelo PIX do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) número 92.958.800/0001-38. A chave é a mesma usada no auxílio às vítimas dos temporais ocorridos no ano passado. As contribuições em dinheiro podem ser feitas por pessoas físicas e jurídicas.
Confira os locais de doações para o Rio Grande do Sul:
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Delegacia Regional da Polícia Civil:
O que doar? Água potável
Onde? Unidades da corporação nos bairros Santa Terezinha (Rua Custódio Tristão 76) e de Lourdes (Rua Nossa Senhora de Lourdes 339)
Quando? Até quinta-feira (9)
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Prefeitura de Juiz de Fora:
O que doar? Materiais de limpeza, como vassouras, pano de chão, sabão em pó, sabão em barra, rodos, desinfetante, água sanitária, balde, detergente, luva, saco de lixo de 100 litros e botas
Onde? Unidades dos Diga, das 7h às 17h, e na tenda montada no Parque Halfeld
Quando? Não há prazo final
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Câmara Municipal de Juiz de Fora:
O que doar? Materiais de limpeza, como vassouras, pano de chão, sabão em pó, sabão em barra, rodos, desinfetante, água sanitária, balde, detergente, luva, saco de lixo de 100 litros e papel higiênico
Onde? Câmara Municipal, Unidades dos Diga, das 7h às 17h, e na tenda montada no Parque Halfeld
Quando? Não há prazo final
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Camilo dos Santos:
O que doar? Água potável, materiais de higiene e limpeza, colchões, roupa de cama, cobertores, roupas, calçados, mantimentos, entre outros
Onde? Park Sul, na BR-040; na Paróquia Santa Rita; Centro de Futebol Zico/JF; Anna Couto; Distribuidora Tiago’s; Help Pré Hospitalar; Cristy Utilidades; Visage; Armazém Barroco; Tete Festas; Zine; Viva Eventos; Privilège; Luciana Lingerie; ou solicitar coleta da equipe da Camilo dos Santos no caso de grande volume de doações pelo número 0800 947 8000
Quando? Não há prazo final
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Casa da Gráfica junto com a Azul Express:
O que doar? Mantimentos, higiene pessoal, roupas, sapatos, colchão, roupa de cama
Onde? Rua Saint Clair de Carvalho, 281; Rua Benjamin Constant, 779; Avenida Presidente Itamar Franco, 857; Avenida Presidente Juscelino Kubistchek, 6911/ Loja 10
Quando? Não há prazo final
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Sport Club:
O que doar? Alimentos não-perecíveis, roupas limpas e em condições de uso, medicamentos, fraldas, material de limpeza, higiene pessoal e água
Onde? Sport Club
Quando? Não há prazo final
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Associação de Apoio a Crianças e Idosos (AACI):
O que doar? Água potável, alimentos de fácil preparo, itens de higiene e limpeza, cobertores e roupas de cama, roupas em bom estado de uso. Aqueles que preferirem podem doar também pelo pix da AACI: 11550709000187 (CNPJ)
Onde? Na Rua General Almerindo da Silva Gomes, 162, no Bairro Nova Era
Quando? Até o dia 15 de maio
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Chico Rei:
O que doar? Roupas, calçados, lençóis, cobertores e toalhas. Os produtos devem estar limpos, higienizados e em boas condições de uso
Onde? Rua Padre Café, 128, Bairro São Mateus. O horário de funcionamento é das 10h às 19h
Quando? Até a próxima quarta-feira (8).
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Picorelli Transporte:
O que doar? Água potável, itens de higiene pessoal, roupas de cama, colchões e alimentos não perecíveis. Em caso de grandes volumes, as doações podem ser agendas pelo telefone (32) 3222-1700
Onde? Rua Galileu Picorelli, 60, Distrito Industrial, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h
Quando? Não há prazo final
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Associação Sociocultural Dubdogz:
O que doar? Valores em dinheiro podem ser doados via pix pela chave 48.015.331.0001-21/Banco do Brasil – agência 3891-1/ C/c 18866-2
Quando? Não há prazo final
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Aeroporto da Zona da Mata:
O que doar? Água, alimentos não perecíveis, roupas em bom estado de limpeza e conservação, produtos de higiene pessoal, lençóis, cobertores e toalhas e ação para cães e gatos
Onde? Saguão do Aeroporto da Zona da Mata
Quando? O encerramento da campanha dependerá das necessidades apresentadas pela região
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Shoppings de Juiz de Fora:
O que doar? Água potável, cesta básica, colchões novos ou em bom estado, produtos de higiene pessoal e limpeza, ração e roupas de cama e banho em bom estado; os itens serão transportados pela Camilo dos Santos.
Onde? Alameda Shopping (praça de alimentação), Braz Shopping (1º piso – em frente ao elevador), Independência Shopping (piso L1 – SAC), Mister Shopping (piso L1 – entrada principal, ao lado da loja Top Fitness), Santa Cruz Shopping (1º piso – balcão de informações) e Shopping Jardim Norte (L1 – entrada principal, em frente à Kalunga)
Quando? Entre os dias 8 e 15 de maio
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Médicos do Barulho:
O que doar? Água potável, alimentos não perecíveis, biscoitos, leite, itens de higiene pessoal, produtos de limpeza.
Onde? Rua Halfeld, na Galeria Constança Valadares, loja 9 – Kidstok. Também pode ser no PIX 08.914.396/0001-94. Para as doações por PIX, eles pedem para enviar um comprovante informando que é para o SOS Rio Grande do Sul no WhatsApp (32)998321203
Quando? Não há prazo final
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Clube Bom Pastor:
O que doar? Alimentos, água, roupas e itens de higiene pessoal
Onde? Clube Bom Pastor
Quando? Não há prazo final