Idosos com mais de 100 anos serão homenageados nesta terça-feira pela Câmara
O documento de Geralda Martins Ferreira indica o nascimento em 20 de março de 1903, na teoria, 114 anos de vida. A data tornaria Lalade, como ela é conhecida, a mulher mais longeva da cidade. Mas de acordo com a contadora Marise Maria de Abreu, que se considera filha do coração de Geralda, o ano exato pode ser outro. Analfabeta, a idosa natural de Conceição do Francisco veio para Juiz de Fora quando a mãe de Marise engravidou do primeiro filho, para ajudá-la com as tarefas. Naquela época, o pai de Marise fez o registro formal de Geralda. Como não havia uma data exata, foi feita uma aproximação. “Acredito que ela tenha em torno de 106 anos, na verdade”, pondera a tutora da idosa. Nesta terça-feira (9), Lalade e outros 22 centenários serão homenageados na Câmara Municipal, às 17h, em uma das ações que integram a Semana Municipal do Idoso.
De pé, com o apoio da bengala, Lalade afirma com clareza que não tem segredo para a longevidade. “Estou aqui porque Deus quer que eu esteja.” Na varanda de sua casa no Bairro Araújo, ela toma sol e cumprimenta os vizinhos. “Todo mundo mexe com ela daqui”, comenta Marise. Quando perguntada sobre o que ainda gostaria de fazer, a idosa diz sem pestanejar. “Eu quero trabalhar. As pessoas de hoje são muito moles e paradas.” A centenária não toma nenhum medicamento e garante que a faz feliz é a convivência com os filhos que “adotou” e com a filha biológica com a qual tem contato pelo menos uma vez por mês. Ela também tem quatro netos, 11 bisnetos e dois tataranetos.
Do outro lado da cidade, no Bairro Ipiranga, Zona Sul, mora o senhor Marcos Cardoso da Silva, nascido em 5 de setembro de 1909 e, portanto, com 107 anos completos. Ele também não divide o segredo da longevidade, mas ao ser perguntado sobre, usa uma resposta sucinta e eficiente: um enorme sorriso aberto. O filho tenta explicar o que leva o pai a ultrapassar a marca dos 100 anos. “Ele não abraça os problemas. A vida toda foi assim, não se envolvia diretamente com as dificuldades. Ele dava a opinião dele sobre as coisas e não se importava com os resultados”, define Marcos Antônio Cardoso da Silva.
Senhor Marcos foi criado em Paula Lima. Serviu o Exército entre 1939 e 1941, em Juiz de Fora e Belo Horizonte. Por ser analfabeto, ele não foi enviado para a Segunda Guerra Mundial. Quando voltou da capital, trabalhou na companhia de bondes, mas sofreu um acidente em 1959 e foi aposentado por invalidez. Apesar do problema, o centenário tem a saúde perfeita, não é submetido a nenhuma dieta especial e não faz uso de medicamentos. “Ele só toma vitaminas. O coração dele funciona melhor do que o meu. O cardiologista comparou nossos exames e me disse isso. As taxas e a pressão dele nunca tiveram descontrole algum”, relata o filho.
Hoje, a rotina, embora restrita pela dificuldade de mobilidade, já que ele não anda mais sozinho, continua preenchida pelo carinho dos familiares: três filhos e a neta criada como filha, além dos outros 11 netos e 16 bisnetos. “Ele ama quando os meninos vêm. Eles deitam junto com ele. Ficam no quarto fazendo companhia. É muito fácil conviver com meu pai. Ele não é de reclamar de nada e está sempre com um sorriso no rosto, feliz.”