Comunidade acadêmica da UFJF adere à greve nacional da educação
Categorias param, em 15 de maio, em protesto contra a Reforma da Previdência. Nesta quarta (8), ato em defesa da instituição será realizado, às 17h, no campus
A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participará da greve nacional da educação, prevista para quarta-feira (15). Em assembleias realizadas nesta terça (7), a Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Sindicato de Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino de Juiz de Fora (Sintufejuf) deliberaram pela adesão à paralisação, articulada por entidades do setor educacional contrárias à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência, em análise desde 25 de abril pela Comissão Especial na Câmara dos Deputados.
“O movimento está sendo construído há, mais ou menos, um mês, como uma data de greve nacional da educação no Brasil. Estamos construindo uma unidade, com as escolas públicas e privadas, sejam do Estado, do Município ou da União, no sentido de reafirmar a educação como um direito social, como um dever do Estado e, ainda, a garantia do dinheiro público às atividades de educação”, explica a presidente da Apes, Marina Barbosa Pinto, professora da Faculdade de Serviço Social da UFJF. Anunciado em 30 de abril pelo Ministério da Educação (MEC), o corte orçamentário de 30% sofrido pelas instituições federais de ensino somou-se à pauta da paralisação convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
“A assembleia já estava acertada antes do anúncio do corte (financeiro) para votar a adesão da categoria à greve de 15 de maio, cuja pauta principal é a luta contra a Reforma da Previdência”, pontua o coordenador-geral do Sintufejuf, Flávio Sereno. “É uma data das entidades representantes da educação, mas de preparação para a greve geral, envolvendo demais categorias, prevista para ser realizada em 14 de junho.” A mobilização integra um calendário contrário à proposta de Reforma da Previdência do Governo Jair Bolsonaro (PSL). Em 1º de maio, em meio às comemorações do Dia do Trabalho, as centrais sindicais convocaram a greve geral.
Frente Ampla
Além de confirmar a adesão à greve nacional, os estudantes deliberaram pela instituição da Frente Ampla do Movimento Estudantil em Defesa da UFJF, reunindo, assim, distintas correntes políticas do movimento dentro da instituição. “A intenção é fazer uma unidade com organizações com forças políticas presentes na universidade para além do nosso campo político. É um momento histórico, pois representa o nível de maturidade política para compreender a necessidade e a urgência de unidade dos estudantes para defender a universidade, como uma forma não só de atuar nas esferas institucionais, mas de massificar a luta, agregar mais estudantes”, detalha Rafael Donizete, coordenador de Finanças do DCE.
Ato em defesa da UFJF
Em resposta “pública e coletiva” à agenda do Ministério da Educação (MEC), Apes, DCE e Sintufejuf ainda organizam, conjuntamente, nesta quarta-feira (8), às 17h, no hall da Reitoria, ato político-cultural em defesa da UFJF. Em nota de convocação para o ato, as entidades destacaram os ganhos da sociedade com a instituição. “A UFJF é um patrimônio da sociedade juiz-forana e do Estado de Minas Gerais, bem como de todo o país, cumpre o papel social de produzir conhecimento e difundi-lo; formar profissionais em diversas áreas e estar inserida na comunidade onde se localiza. Possui políticas de inclusão racial e social; assistência estudantil, com concessão de bolsas, moradia e alimentação; pesquisa de ponta (…). Retorna à sociedade os recursos a ela destinados, de forma pública e gratuita.”
Aberto a falas de representantes das categorias, o ato receberá também manifestações artísticas da cena cultural local; movimentos sociais de Juiz de Fora também foram convidados para integrar o protesto. A UFJF identificou, em 30 de abril, bloqueio de R$ 23 milhões do orçamento de custeio e capital da instituição pelo MEC; o Conselho Superior estuda ainda os reais impactos do contingenciamento. Em audiência, nesta terça, na Comissão de Educação do Senado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou ter havido corte orçamentário. Admitiu, apenas, contingenciamento. “Se a economia tiver crescimento, com a aprovação da Reforma da Previdência, se descontingencia o recurso. Não há corte, a economia impôs o contingenciamento diante da arrecadação mais fraca e nós obedecemos.”