Medicina lidera pontos de corte


Por JÚLIA PESSÔA

07/02/2012 às 07h00

Aprovados participam do trote, com farinha e tinta

Aprovados participam do trote, com farinha e tinta

Os dias de ansiedade dos 2.670 candidatos que conquistaram uma vaga na UFJF chegaram ao fim ontem. Destes, 1.855 foram aprovados na última edição do vestibular da instituição e 815 na terceira fase do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism). As 956 vagas restantes de um total de 3.626 oferecidas pela instituição foram destinadas aos classificados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que leva em conta apenas as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O resultado final foi divulgado pouco depois das 11h de ontem no site da instituição, onde também foram publicados os nomes dos excedentes selecionados na lista de espera dos cursos que ofertam vagas pelo Sisu.

Como em outros anos, a medicina teve as notas de corte mais altas nos grupos A (negros advindos de escola pública), B (oriundos de escola pública) e C (não cotistas) do vestibular e do grupo C do Pism. Já nos grupos A e B do Pism, os pontos de eliminação mais altos foram em serviço social diurno e direito diurno, respectivamente (ver quadro). A lista de hoje também levou em consideração a avaliação dos recursos protocolados contra questões dos programas. Conforme dados da assessoria de comunicação da UFJF, 30 foram aceitos, dos 480 protocolados. A matrícula dos calouros deve ser feita entre dias 13 e 16 deste mês. Já a dos excedentes do Sisu precisa ser realizada hoje, no campus, das 8h30 às 15h30, de acordo com o curso.

Segundo o pró-reitor de Graduação, Eduardo Magrone, o resultado final não destoou do esperado. "As notas de corte mais altas sempre ficam com os cursos mais concorridos, como é o caso de medicina e direito. Isso já havia sido sinalizado pela divulgação da relação candidato/vaga e das notas dos concursos." No caso do curso de serviço social no Pism, houve apenas uma candidata, do grupo A, com elevada pontuação, superior à apresentada pelos cursos mais concorridos.

Para professores e alunos de colégios da cidade, a publicação dos nomes dos aprovados também confirmou o prognóstico apontado pela divulgação das notas na semana passada. "Só olhando a nota, achei que poderia passar, mas não tinha certeza, só comemorei mesmo hoje", diz a aluna do Cave Jéssica Ventura, aprovada em arquitetura pelo Pism III, coberta de tinta guache da cabeça aos pés. Na avaliação do coordenador de humanas do Cave, Marcos Vinícius Siqueira Dutra, mesmo quem não aparece classificado agora, ainda poderá ter uma chance. "Usando o Enem, o vestibular se torna nacional, e muitos candidatos optam por outras instituições que não a UFJF. Então, ainda podemos esperar novas aprovações nas listas de reclassificação."

 

Comemoração

Em meio a farinha, tinta guache, serpentina e cabeças raspadas, o novo time de calouros da UFJF festeja o ingresso na instituição. "Estou lavando a alma, depois de dois anos de muito estudo e esforço", alegra-se a aluna do Colégio Apogeu Priscila Marinho, aprovada em sua segunda tentativa no vestibular de medicina. No caso da futura fisioterapeuta Isabela Ponciano, também aluna da instituição, o resultado final trouxe uma surpresa. "Já sabia que tinha sido aprovada e só hoje soube que fiquei em primeiro lugar no curso pelo Pism. Fiquei ainda mais feliz." Para o diretor-geral do curso, Makerley Arimatéia, esta comemoração é essencial para fechar este ciclo de estudos. "Nós todos trabalhamos o ano todo por isso, e esta comemoração encerra este processo com chave de ouro."

 

Escolas se adaptam ao fim do vestibular

O processo seletivo 2012 encerra a utilização do vestibular como instrumento de seleção na UFJF. As vagas para o ano letivo de 2013 serão disputadas apenas com base na nota do Enem, por meio do Sisu, dando acesso a 70% das cadeiras. O Pism será mantido, absorvendo os 30% restantes. Para o pró-reitor de Graduação, Eduardo Magrone, a transição faz parte de uma evolução natural do programa de seleção. "O vestibular não só cumpriu, mas esgotou sua função na UFJF. Vamos passar para outro tipo de seleção que, a longo prazo, vai mexer com toda a instituição. Com o tempo, poderemos saber os efeitos acadêmicos desta mudança, avaliá-la e ajustá-la, como já ocorreu com tantas outras alterações no formato do próprio vestibular ao longo dos anos." Magrone ressalta, ainda, que é essencial que as escolas de nível médio se adaptem a esta mudança. "As instituições ainda estão muito voltadas para o vestibular."

Para diretor-geral do Apogeu, Makerley Arimatéia, o ajuste ao formato do Enem não é novidade. "Já vínhamos nos preparando para este processo, porque tudo apontava para uma utilização maior do exame." Já o coordenador de humanas do Cave, Marcos Vinícius Siqueira Dutra, acredita que a formação do aluno de nível médio não deve se basear apenas nos critérios de avaliação. "É claro que, em função da ampliação do uso do Pism, reformulamos apostilas e dinâmicas de ensino. Mas é preciso desfazer a ideia de que as alterações nos instrumentos de avaliação são um bicho-papão. De uma forma ou de outra, o candidato será avaliado com base no conteúdo do ensino médio, e é para isso que ele precisa estar preparado."

 

Aperfeiçoamento

Segundo Magrone, a UFJF vai atuar em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela elaboração do Enem, buscando aperfeiçoar o exame. "É muito diferente utilizar o Enem como segunda fase do vestibular e como forma única de ingresso a 70% das vagas. Por isso, a UFJF e outras instituições federais vão atuar junto ao Inep para aprimorar esta proposta, que está longe de estar acabada enquanto sistema de avaliação." O pró-reitor destaca, ainda, que alterações para o Pism também serão discutidas. "A intenção é voltar com uma iniciativa que a universidade já tinha: chamar as escolas à instituição para discutir as questões com as bancas, para que o Pism esteja mais sintonizado com a visão delas."

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