Militares fazem exercício de capacitação para atuar em missões da ONU
Cerca de 500 militares da 4ª Brigada de Infantaria Leve (Montanha) participam nesta semana da fase final de um treinamento que irá capacitá-los para atuar em países onde o Exército Brasileiro participa de missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). O curso está sendo ministrado pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), sediado no Rio de Janeiro, e compreende treinamentos em vários pontos de Juiz de Fora. Na manhã desta terça-feira (6), o grupo atuou em uma simulação de conflito na qual os soldados precisavam conter manifestantes que bloqueavam uma via. A atividade aconteceu no Bairro Benfica, Zona Norte, e chamou a atenção da população.
De acordo com o comandante da atividade, major Orlando Marin, antes dos exercícios práticos, a tropa, que é formada por militares de Juiz de Fora, São João del-Rei, Belo Horizonte e Petrópolis, participou de instruções ministradas por militares do CCOPAB. As aulas ocorreram em Juiz de Fora, em março deste ano, com instruções de CPTM (Core Pre-deployment Training Materials), que engloba assuntos como estrutura legal das Nações Unidas, direitos humanos, proteção a criança, mulher, paz e segurança, exploração e abuso sexual, meio ambiente, logística e regra de engajamento. “Após esta primeira etapa, os militares que foram capacitados aqui repassaram os conhecimentos às tropas de seus batalhões de origem”, comentou o oficial.
Segundo ele, os exercícios práticos, que tiveram início na segunda-feira (5) e terminam na próxima quinta (8), são simulações de incidentes que podem ocorrer durante as missões de paz. Na atividade desta terça, a simulação foi com um pelotão que patrulhava uma área e acabou se deparando com manifestantes bloqueando uma via. Em determinado momento, o grupo de manifestante atacou os soldados, que precisaram reagir para conter o tumulto e também liberar a via. O tenente Victor Assis, que é do 32º Batalhão de Petrópolis, foi quem comandou os homens na simulação. Segundo ele, a decisão de como agir nas situações de conflitos são pautadas em um manual da ONU e depende do cenário que encontram. “Na situação de hoje, por exemplo, os manifestantes nos atacaram com pedras e água. Se atirássemos contra eles, o efeito colateral seria muito grande. Nos respaldamos com o uso da munição não letal para conseguir controlar a situação”, disse o oficial.
Além da contenção de manifestantes, eles simularão durante esta semana acidentes com vítimas civis e militares, escolta de autoridades e segurança de estruturas, entre outros. “Esta tropa vai estar preparada para compor o Sistema de Prontidão de Capacitação de Manutenção da Paz das Nações Unidas e fica à disposição do Governo, que pode acioná-la a qualquer momento caso haja necessidade”, explicou o major Marin, acrescentado que, no caso de acionamento pelo Governo, os militares passam por uma terceira etapa do treinamento, para se adequarem ao cenário que encontrarão no país para o qual serão enviados.
A 4ª Brigada já participou de missão de paz no Haiti e atualmente há militares de Juiz de Fora em outros países. Tropas brasileiras estão presentes hoje no Haiti, Saara Ocidental, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Chipre e Libéria. Do dia 19 ao dia 23 de junho, a Tribuna participará, a convite do CCOPAB, de um estágio para jornalistas em áreas de conflito. O curso prepara profissionais da mídia para exercerem suas funções em ambientes hostis.