Unidades de Saúde estão sem vacina contra a febre amarela


Por Rafaela Carvalho

06/02/2017 às 17h55

Foto: Olavo Prazeres
Foto: Olavo Prazeres

A alta procura pela vacina contra a febre amarela em Juiz de Fora tem deixado as unidades de saúde sem doses disponíveis para a imunização. Na Zona Sul, por exemplo, cerca de 300 pessoas têm procurado pela vacina diariamente, sem sucesso. Os postos têm recebido doses da Secretaria de Saúde, mas com a alta demanda, as vacinas acabam no mesmo dia. “Tem gente chegando de madrugada em busca da vacina e formando filas na porta da unidade, mesmo quando dizemos que não temos. Nunca houve tanta procura pela vacina, que sempre esteve disponível. Antes do surto da febre amarela em Minas Gerais, recebíamos de 150 a 200 doses, e elas chegavam a vencer”, relata uma agente de atendimento da Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) Centro Sul.

A situação se repete em outras unidades de saúde do município. Uma dona de casa relatou à Tribuna que esteve em um posto na Barreira do Triunfo, Zona Norte, na manhã desta segunda-feira (6), e os funcionários disseram que as doses ainda não haviam chegado. A autônoma Rita Mônica do Nascimento procurou pela dose na Cidade Alta, mas também não conseguiu se vacinar. “Na Uaps de Santos Dumont me disseram que acabou a vacina e que não tinha previsão de quando ia chegar. Fui na Uaps de São Pedro e no PAM-Marechal e também não consegui. Estou tentando me vacinar porque achei meu cartão e não havia registro de que eu havia tomado a vacina. Vou continuar tentando, porque estão dizendo que quem ainda não é vacinado deve se vacinar.”

A enfermeira Maria Clara Bairall de Sá atua na Uaps Santa Cecília e, para ela, a procura aumentou porque as pessoas estão com medo. “A vacina pertence ao calendário de vacinação, mas a população não tomava. O que percebemos é que a procura está muito grande devido ao surto, mas as pessoas estão entrando em pânico.” Segundo o gerente da unidade, Gilson Mateus Soares, a Uaps atende a uma população de cerca de 9.600 pessoas e recebeu 60 doses na semana passada, mas elas foram aplicadas no mesmo dia. “Pessoas de cidades como Caratinga, Barbacena e Ewbank da Câmara têm nos procurado, mas o número de doses distribuídas é proporcional à população atendida, e não temos o suficiente para toda a procura.”

A Secretaria de Saúde informou que o município já recebeu e aplicou 18.400 vacinas e que a Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica vem solicitando doses extras desde o início do surto da febre amarela, “com o intuito de promover a atualização do cartão vacinal e garantir a imunização daqueles que irão viajar para regiões afetadas”. Ainda de acordo com a pasta, o primeiro lote de fevereiro foi recebido na última sexta-feira (3), com 20 mil doses. “Este lote maior será distribuído nas Uaps com enfoque principal na cobertura das 14 zonas rurais do município, o que também preconiza a proteção em relação aos casos de mortes de animais registrados pela SES (epizootias) – um sob investigação em Leopoldina e outro, um rumor na cidade de Cristiano Otoni, próximo a Barbacena”.

A Prefeitura de Leopoldina informou que a suspeita de febre amarela registrada no município foi detectada em um macaco. No entanto, a doença foi descartada pelo veterinário que observou o animal, e o óbito teria relação com uma descarga elétrica. Já a Prefeitura de Barbacena destacou que a suspeita da doença ocorreu em um paciente de 44 anos, morador de Santa Bárbara do Tugúrio. Ele teria ficado internado no Hospital Regional da cidade, mas a suspeita inicial de febre amarela já tinha sido descartada. O mesmo homem foi diagnosticado com suspeita de Gripe H1N1 e leptospirose, sendo liberado no dia 29 de janeiro.

Com a recente divulgação da suspeita de casos de febre amarela na região e com a aproximação do carnaval, a apreensão é ainda maior, já que muitas pessoas viajam para outras cidades. No entanto, de acordo com a Secretaria de Saúde, as orientações para vacinação continuam as mesmas, e a população não deve se dirigir aos postos com urgência.

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