Escola municipal pode se chamar Adenilde Petrina Bispo

Escola Municipal Santa Cândida fica no bairro em que professora, filósofa e militante morava


Por Hugo Netto

05/11/2025 às 08h40

Na última quinta-feira (30), foi apresentado um Projeto de Lei na Câmara Municipal de Juiz de Fora para denominar a atual Escola Municipal Santa Cândida, na Rua Jorge Raimundo, como Escola Municipal Adenilde Petrina Bispo. A escola fica no bairro de mesmo nome, na Zona Leste de Juiz de Fora, onde Adenilde morava e era referência comunitária.

A autora da proposta, vereadora Laiz Perrut (PT), ao mesmo tempo faz uma pesquisa com o Executivo sobre a viabilidade da mudança: “Essa solicitação se justifica pelo fato da escola encontrar-se sem uma denominação adequada e dada a importância desse espaço para a formação das nossas crianças e adolescentes faz jus que tenha uma denominação que reconheça e preserve pessoas com trajetórias importantes para a história e cultura local”.

Na justificativa, ela relembra: “Dona Adenilde, aos 73 anos, ex-aluna da UFJF, foi professora de história, mulher negra, militante e sonhadora. Nascida em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, veio para Juiz de Fora aos 12 anos. Em meados da década de 1960, conseguiu uma bolsa de estudos no Colégio Santa Catarina, colaborando com os serviços de limpeza da instituição em troca da oportunidade de estudar”.

“Aprovada no vestibular em 1970, foi a primeira pessoa de sua família a ingressar em uma universidade, num período em que a presença de estudantes negros ainda era rara. A partir dessa conquista, Adenilde passou a integrar o movimento negro, engajando-se na luta por igualdade racial e justiça social. Trabalhou na Biblioteca da Igreja da Glória e dedicou-se incansavelmente à melhoria das condições de vida da comunidade do bairro Santa Cândida, onde também atuou em uma rádio comunitária”, prossegue o texto.

Adenilde era formada em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e lecionou por 28 anos na rede municipal de ensino. Em 2017, foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela UFJF, tornando-se a primeira mulher negra a receber tal honraria.

O projeto foi apresentado após a morte de Adenilde, na última quinta, ocorrida em decorrência de complicações de um câncer de mama e de ossos.

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(Foto: Leonardo Costa)

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