Vida dedicada ao esporte juiz-forano: Tadeu Henriques carrega a história do estádio e do ginásio municipais

Educador físico esteve presente em todos os momentos dos dois principais equipamentos esportivos da cidade


Por Bernardo Marchiori

01/06/2025 às 07h00

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Tadeu exibe a bandeira com as cores de Juiz de Fora no Estádio Municipal (Foto: Leonardo Costa)

O Estádio Municipal Radialista Mário Helênio e o Ginásio Municipal Jornalista Antônio Marcos, que compõem o Complexo Esportivo Moacyr Toledo, no Bairro Aeroporto, na Zona Oeste de Juiz de Fora, são os dois principais equipamentos da cidade. Muito da história esportiva do município aconteceu na área entre a Avenida Eugênio do Nascimento e na Rua José Appolonio dos Reis. E toda essa história foi vivenciada pelo professor de Educação Física Tadeu Henriques, de 65 anos e nascido no São Mateus, na região central.

Com a vida dedicada ao esporte juiz-forano, Tadeu recebeu a Tribuna na região em que os dois equipamentos foram construídos com a atenção que lhe é característica. Ele esteve presente na inauguração do estádio, em 1988. “Naquela época, eu era coordenador de esporte do Pró-Criança. Levamos 500 crianças na abertura para participar ativamente. Foi um prêmio para elas, porque tiveram a oportunidade de participar de uma história. Foi muito marcante, com os jogos Tupi x Sport, com muita rivalidade dentro da cidade, e o principal do evento, Flamengo x Argentino Juniors. Vários jogadores de seleção brasileira estavam presentes”, lembra.

“A inauguração sempre vai ficar na minha memória. Acredito que tinha cerca de 70 mil pessoas, o que nunca mais vai acontecer: 35 mil na arquibancada e mais de 30 mil no entorno, porque não existiam aquelas árvores. Foi um evento marcante.” Além desse, outros momentos citados por Tadeu são o acesso do Tupi para a Série B do Campeonato Brasileiro e jogos do Campeonato Mineiro. O profissional também relembra a presença de Pelé. “Fizemos uma recepção para ele”, relata. Ele destaca que o Rei do Futebol era uma pessoa receptiva, carismática e atenciosa.

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Tadeu, em 2018, a trabalho durante partida no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio (Foto: Leonardo Costa)

Da mesma forma, em 2023, Tadeu fez parte da inauguração do ginásio. Ele destaca que não acreditava que iria vê-lo lotado, com mais de 5 mil pessoas, a não ser que Juiz de Fora trouxesse a Seleção Brasileira de vôlei, de futsal ou de basquete contra uma equipe internacional. “Estava totalmente enganado. Vi duas vezes: o jogo do acesso do JF Vôlei, com 5.923 pessoas – uma virada histórica no tie-break; e a final, com 6.023 pessoas – lotada, uma festa bonita com aquelas aquelas luzes coloridas.”

Inclusive, foi um dos principais torcedores da equipe de voleibol na trajetória do acesso. Ele conta à Tribuna que confeccionou uma placa com a letra A (indicando a Superliga A) para a equipe. Entretanto, após a derrota para o Norde Vôlei, na primeira partida da série, a escondeu de todas as pessoas, incluindo sua esposa. Apenas ele sabia. “Fiquei com medo de tratarem como indicativo de azar e me culparem por isso. Só eu sabia onde estava.” Após a partida que classificou o JF Vôlei à elite do vôlei nacional, Tadeu não precisava mais conter a euforia e levou a placa para a comemoração.

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Tadeu guardou a placa em sua sala de trabalho no Ginásio Municipal (Foto: Leonardo Costa)

‘JF tem potencial no esporte’

Como parte importante do esporte local, Tadeu Henriques possui local de fala para afirmar que “Juiz de Fora tem potencial no esporte”. “Temos campeão olímpico e muitos jogadores renomados que começaram aqui. É uma história muito bonita. O pessoal sempre falava que JF precisava de um estádio. Então, ele foi construído. Da mesma forma, aconteceu com o ginásio, para ‘uma cidade desse porte’. Precisávamos do empréstimo dos clubes para fazer um grande evento. Hoje temos os dois belíssimos equipamentos. Temos potencial. Basta que as pessoas façam um excelente trabalho, como no caso do JF Vôlei – que colheu os frutos e hoje está na elite do voleibol brasileiro.”

Além disso, há uma grande esperança de que o futebol de Juiz de Fora consiga se reerguer. “Já tivemos bons momentos. Que os três grandes clubes – Sport, Tupi e Tupynambás – possam melhorar, que o futebol apareça. Para a Série A do Mineiro e na Série B do Brasileiro, já está ótimo. Juiz de Fora já estaria bem servida. Também espero que o JF Vôlei continue o projeto e que apareçam outros esportes, como o futsal – que já foi forte -, o handebol e o basquete. Continuo trabalhando e batalhando, apesar da aposentadoria. Acho que ainda tenho algo a acrescentar no esporte da cidade”, ressalta.

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(Foto: Leonardo Costa)

Tadeu Henriques com ídolo do Tupi

Um tempo específico da entrevista foi direcionado a uma lenda do esporte juiz-forano: Moacyr Toledo, um dos maiores ídolos do Tupi e do esporte da cidade e que também foi homenageado com o uso de seu nome no complexo esportivo que é integrado pelo estádio e pelo ginásio municipais. “Muitas pessoas achavam que eu era filho do Toledo, pelo fato de termos uma amizade muito grande, assim como com os filhos dele, João e Paulo Henrique. Temos mais ou menos a mesma aparência, então questionavam isso”, conta com carinho.

“A vida inteira trabalhei com ele. Começamos juntos lá atrás, no projeto Pró Criança, em 1986. Inclusive, nos últimos dias do Toledo, estivemos juntos no Estádio Municipal, montando as placas de publicidade, trabalhando e brincando juntos. Ele era um cara muito brincalhão. Já com 87 anos, uma disposição incrível. Se tivesse que subir 20 vezes lá em cima nas cabines de rádio, ele subia. Era um colega de trabalho, mas de fato o tenho como pai. Que um dia eu possa estar junto com ele de novo.”

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