Doria desiste de concorrer à Presidência e deve continuar no Governo de SP
Governador anunciou sua decisão durante um jantar na noite desta quarta-feira; às 16h ele se reunirá com a imprensa para falar oficialmente
O governador de São Paulo, João Doria, anunciou, na noite desta quarta-feira (30), que “não parte do pressuposto” que será candidato à Presidência do Brasil e sinalizou que aceitaria abrir mão da disputa. O anúncio ocorreu na véspera de Doria deixar o cargo de chefe do Executivo do Estado de São Paulo para disputar a Presidência da República pelo PSDB. Uma entrevista coletiva à imprensa deve ocorrer às 16h desta quinta-feira (31) para que ele anuncie a decisão de forma oficial.
Nesta quarta, o tucano participou de um jantar organizado pelo empresário Marcos Arbaitman, seu amigo de longa data, e surpreendeu com uma fala conciliadora no momento em que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinaliza que vai lutar pela vaga de candidato do PSDB apesar de ter perdido as prévias do ano passado.
“Não faço imposição do meu nome, pelo contrário. Não parto do pressuposto que tem de ser eu. É preciso ter grandeza e espírito elevado”, afirmou o governador paulista. Como de praxe, o tucano fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exaltou seus “legados” no cargo – sendo o principal deles a vacina contra a Covid-19 -, lembrou dos tempos em que trabalhou como office boy e reafirmou sua posição contra a reeleição.
Em uma mudança de narrativa em relação às eleições anteriores que disputou, Doria reduziu a carga de antipetismo e mirou em Bolsonaro. “A nossa bandeira não pode ser usurpada, como se fosse uma seita”, afirmou. O tucano também criticou a “censura” aos artistas do festival Lollapalooza, determinada – e depois retirada – pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pedido do PL, partido do presidente.
Presidente do PSDB divulga carta garantindo candidatura de Doria à Presidência
Após o governador anunciar que desistiria da pré-candidatura presidencial e ficaria no cargo, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, enviou uma carta aos principais líderes do partido na qual defendeu o resultado das prévias pela primeira vez.
“Venho, por meio desta, reafirmar que o candidato a Presidente da República pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é o governador do Estado de São Paulo, João Doria, escolhido democraticamente em prévias nacionais realizadas em novembro de 2021. As prévias serão respeitadas pelo partido”, escreveu Bruno Araújo, se dirigindo ao presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi. “O governador tem a legenda para disputar a Presidência da República. E não há, nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido. Aproveito a oportunidade para reafirmar o compromisso do PSDB com o processo democrático brasileiro.”
Com o movimento de Doria, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiria o posto, deixou o cargo de secretário de Governo e estava reunido com aliados para definir o seu futuro político.
Ao longo da última semana, aliados de Doria se mobilizaram contra o que chamavam de tentativa de “golpe” contra sua pré-candidatura e cobravam do presidente nacional do PSDB um posicionamento contundente em defesa do resultado das prévias presidenciais tucanas realizadas no ano passado, em meio às movimentações de Eduardo Leite, que anunciou na segunda-feira que deixará o governo gaúcho e continuará no partido.
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