Expectativa de vida deve cair até dois anos por causa da Covid-19
Segundo IBGE, será a primeira queda desse indicador registrada no país desde 1940
O ano marcado pela pandemia e o confinamento chega ao fim com a esperança da vacina. Mas os impactos da Covid-19 se farão sentir por muito tempo e poderão ser ainda mais profundos do que se imaginava. A expectativa de vida do brasileiro ao nascer deve cair em até dois anos por conta das 190 mil mortes pela doença. Será a primeira queda desse indicador registrada no país desde 1940, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Especialistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estimam que a pandemia vai reverter a tendência observada nas últimas décadas. O brasileiro perderá pelo menos um ano de expectativa de vida, podendo chegar a até dois anos. Dependendo da capacidade do Governo de vacinar a população no ano que vem, reduzindo drasticamente o número de mortes pela doença, essa queda pode ainda se perpetuar por mais um ano.
Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era muito baixa, de 45,5 anos. Desde então, com a redução da mortalidade infantil e os avanços na medicina, o número vem crescendo consistentemente. Em 1980 chegou a 62,5 e, no ano 2000, a 69,8. Nos últimos 20 anos, os ganhos foram um pouco mais lentos, mas, mesmo assim, nunca se registrou um decréscimo.
Educação e emprego
Outro retrocesso importante que deve se perpetuar segundo os especialistas diz respeito à educação. A desigualdade educacional que vinha caindo há pelo menos 40 anos voltou a subir durante a pandemia, por conta das dificuldades que muitos alunos tiveram, sobretudo os mais pobres, para estudar.
O acesso a internet é outro problema. Estimativas de 2018 do IPEA apontam que cerca de 16% dos alunos do ensino fundamental (4,35 milhões) e 10% dos alunos do ensino médio (780 mil) não têm acesso à internet. E praticamente todos eles eram da rede pública.
Embora a renda per capita tenha se mantido elevada por conta do pagamento do auxílio emergencial, o nível de ocupação da população nunca foi tão baixo. A taxa era de 49,7% em maio, passou para 49,3% em outubro e chegou a 49,6% em novembro. Ou seja, metade das pessoas em idade de trabalhar está fora do mercado de trabalho.