PF apreende celulares de Bolsonaro e prende ex-ajudante Mauro Cid
Operação contra dados falsos sobre vacina contra a Covid-19 no Ministério da Saúde prende seis suspeitos e faz buscas na casa de Bolsonaro e Michele
Na manhã desta quarta-feira (3), a Polícia Federal (PF) fez buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília e apreenderam os celulares de Bolsonaro e Michele. No âmbito da Operação Venire, os policiais também prenderam o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo. O foco da operação da PF é sobre a inserção de dados falsos de vacinação da Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
A corporação ainda deve realizar 16 mandados de busca e apreensão e já prendeu seis suspeitos na ofensiva batizada de Venire. Bolsonaro não foi alvo do mandado de prisão, mas deve prestar depoimento ainda hoje na Polícia Federal em Brasília. As ordens foram expedidas no bojo do inquérito das milícias digitais, que tramita sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, a PF prendeu o PM Max Guilherme Machado de Moura, Sérgio Rocha Cordeiro e o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, ex-assessores e atuais seguranças de Bolsonaro.
Segundo a PF, as inserções falsas sob suspeita se deram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e “tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”.
A corporação indica que, com a alteração, foi possível a emissão de certificados de vacinação com seu respectivo uso para burla de restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia.
“A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”, indica a PF.
A ofensiva aberta nesta quarta mira supostos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores
Segundo a PF, o nome da operação, Venire, tem relação com o “princípio Venire contra factum proprium”, principio base do Direito Civil e do Direito Internacional, “que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa”. “Significa ‘vir contra seus próprios atos, ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos'”, informou a corporação.