‘Gente que fez a Tribuna’: Jorge Sanglard, ‘uma vida dedicada ao jornalismo’
Uma vida dedicada ao jornalismo
Jorge Sanglard, repórter e diagramador da Tribuna entre 1981 e 2002
Por recomendação do Kaká Guilhermino subi o morro da Rua Halfeld e cheguei à Esdeva/Academia, na redação da Tribuna de Minas, em 1981, para conversar com o jornalista e diagramador Ivanir Iasbeck, um dos editores e o criador do projeto gráfico do jornal, que surgia pra inovar o panorama da imprensa na cidade. Até então, os Diários Associados davam as cartas.
Levei os exemplares do folheto “A Poesia”, do jornal “BrarBrazil” e da revista “D´Lira”, que eu ajudara a desenvolver e, de cara, o Ivanir disse: “você fez isso tudo?”. E me convidou pra integrar a equipe de diagramadores do novo jornal, que tinha Beth Barra como chefe da diagramação e Eloísio Furtado de Mendonça como editor geral.
Daí pra frente, foram anos e anos de trabalho intenso, dedicação e amor ao jornalismo. Os diagramadores são os jornalistas que dão forma ao escrito e ao desenhado e têm uma relação profunda com a maneira de seduzir o leitor. Ali na redação vivenciei experiências inspiradoras, desafiadoras e também aterradoras. Afinal, o jornal é uma antena aberta pra cidade, pro estado e pro país.
Nada como respirar e transpirar o dia a dia de uma redação de jornal integrada por gente inspirada, desafiadora, criativa e inventiva. Cada editor que se sentava à frente do diagramador levava sua experiência jornalística na sua área de atuação e um punhado de laudas datilografadas pelos repórteres, fotografias e ilustrações para que, juntos, transformássemos tudo aquilo num texto visualmente atraente, instigante e forte o bastante pra prender a atenção do leitor.
Todo o tempo em que vivenciei o dia a dia na Tribuna de Minas, seja como diagramador ou escrevendo textos para o Caderno Dois, fui forjando minha convicção de que o jornalismo circulava nas minhas veias como o meu sangue. As amizades conquistadas na redação se construíram com respeito e cumplicidade. São amizades pra vida toda.
Mesmo sacrificando parte da vida ao lado dos filhos para encarar o desfio de abrir e de fechar as edições diárias do jornal, sem hora pra voltar pra casa, sinto que poucos trabalhos são tão revigorantes. O desafio de bem informar e de jogar luz sobre a sombra do desconhecimento é o que move o bom jornalismo.
Aprendi ainda que só o trabalho conjunto e integrado é capaz de construir os alicerces que sustentam o jornal. Compartilhar os saberes e os quereres passou a ser o modo de relacionamento entre pessoas tão diversas. Tive o privilégio de conviver mais com o lado criativo, inventivo e bom do jornalismo porque, ao trabalhar na área cultural, a exposição à barra pesada do dia a dia passava ao largo. As editorias de Cidade e de Polícia respiram outros ares mais pesados no jornalismo.
Portanto, ao relembrar todo esse tempo vivenciado na redação, só me vem a inspiração para agradecer à legião de amigos e amigas pelo que conseguimos criar juntos. E deixar um exemplo para os novos e novas jornalistas que nos sucederem. Pois a nossa trajetória pessoal já foi cumprida e deve servir como permanente força inspiradora.
Tudo o que fiz até aqui foi compromissado com a verdade, com a determinação e com o amor. Longa vida ao jornal Tribuna de Minas.
Tópicos: tribuna 40 anos