Distúrbios de imagem corporal: pesquisador da UFJF aborda os impactos da busca pela beleza ideal
Homens gays e bissexuais têm 15 vezes mais chances de desenvolverem transtornos alimentares
Na busca por padrões de beleza impostos pela sociedade, muitas pessoas desenvolvem o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), uma condição que afeta entre 1,7% e 2,9% da população mundial. Caracterizado pela preocupação excessiva com a aparência física, o TDC pode levar ao isolamento social, à busca constante por tratamentos estéticos e a sintomas depressivos e ansiosos.
O terceiro episódio do programa IdPesquisa, produzido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), traz o pesquisador Pedro Carvalho, que discute como identificar os sinais de um problema com a imagem corporal. Segundo Carvalho, a diferença entre uma insatisfação pontual e um distúrbio grave está na funcionalidade do indivíduo. “Se uma pessoa não gosta do corpo, mas vai à praia, está funcional. Mas se evita sair por vergonha, já está disfuncional”, explica.
Carvalho coordena grupos de pesquisa sobre distúrbios de imagem corporal e transtornos alimentares na UFJF. Ele observa que a percepção do corpo como um símbolo de status começou na modernidade, quando se introduziram técnicas cirúrgicas, e essa relação é observada em diversas culturas ao redor do mundo.
Intervenções Preventivas
O professor também lidera um projeto voltado para a prevenção de distúrbios de imagem corporal entre diferentes grupos, como homens, mulheres e minorias sexuais. Cada um deles apresenta ideais de beleza específicos, e a pesquisa não deve ser generalizada.
Ele destaca que minorias sexuais, como homens gays e bissexuais, enfrentam uma pressão social adicional, levando a um risco 15 vezes maior de desenvolver transtornos alimentares, em comparação com a população geral.
O projeto Pride Body Project utiliza a Dissonância Cognitiva e busca reduzir fatores de risco, promovendo autoestima e uma imagem corporal positiva. A iniciativa inclui encontros onde os participantes discutem temas como mídia, marketing e construção da imagem corporal. Por meio desse diálogo, eles aprendem a desconstruir a internalização de padrões de beleza, o que tem mostrado resultados positivos. Questionários aplicados antes e depois das intervenções indicam redução na internalização de padrões problemáticos, levando a uma maior autoestima, e diminuição de distúrbios de imagem corporal.
* Estagiária sob a supervisão da editora Gracielle Nocelli