Saúde mental: ferramenta on-line gratuita pode indicar risco de depressão, ansiedade e pânico

Estudo com 1.905 jovens fundamenta a criação da ferramenta


Por Tribuna

19/10/2025 às 13h00

Pesquisadores do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) e de quatro universidades públicas desenvolveram uma calculadora on-line que estima a probabilidade de diagnósticos de depressão e outros transtornos a partir do Short Mood and Feelings Questionnaire (SMFQ). A ferramenta utiliza as respostas aos 13 itens da escala para gerar um escore e, com base nele, indicar a chance de enquadramento em condições como depressão, ansiedade, pânico/agorafobia e estresse pós-traumático. O uso é gratuito e está disponível em português e inglês.

O CISM é um Centro de Pesquisa Aplicada financiado pela Fapesp em parceria com o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. A calculadora foi desenvolvida a partir da análise de dados de 1.905 jovens, entre 14 e 23 anos, participantes da Brazilian High Risk Cohort (BHRC), projeto que investiga fatores genéticos e ambientais associados a transtornos mentais e que completa 15 anos de atividades em 2025.

No SMFQ, o usuário informa como tem se sentido nas últimas duas semanas, escolhendo entre “não é verdade”, “às vezes” e “verdade” para afirmações como “Eu me senti sozinho”, “Eu chorei muito” e “Eu fiz tudo errado”. As respostas recebem pesos diferentes e compõem um escore final padronizado em escores-T, que expressam a distância em relação à média populacional. A partir desses escores e de pontos de corte flexíveis, a plataforma estima a probabilidade de diagnósticos e sinaliza, quando aplicável, ausência ou nível muito baixo de sintomas.

Segundo os autores, um diferencial é a incorporação da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que considera a dificuldade e a discriminação de cada pergunta para gerar um escore fatorial, em lugar da simples soma de pontos adotada na Teoria Clássica dos Testes. A expectativa é que a TRI proporcione estimativas mais precisas e úteis na prática clínica, especialmente em contextos com recursos limitados.

O estudo que fundamenta a ferramenta, publicado em agosto no Journal of Psychiatric Research, foi conduzido por Gabriele dos Santos Jobim (UFSM) com a participação de pesquisadores da USP, UFRGS e Unifesp, instituições parceiras do CISM. Assinam o trabalho os pesquisadores Rodrigo Affonseca Bressan, Pedro Mario Pan e Giovanni Abrahão Salum, além do coordenador do centro, Euripedes Constantino Miguel, e do vice-coordenador, Luis Augusto Rohde, sob supervisão de Mauricio Scopel Hoffmann (UFSM e CISM).

“Ao integrar uma calculadora sintomática na prática clínica, profissionais de saúde podem alcançar mais eficiência, visto que a ferramenta automatiza a análise de dados, economizando tempo e recursos”, destaca Hoffmann. “Ela pode ajudar os profissionais de saúde a ajustarem suas avaliações com base na verossimilhança de diagnósticos específicos, ou seja, auxilia na estimativa de probabilidade de um diagnóstico. Isso contribui para a personalização dos cuidados de saúde mental”, explica o professor.

*Texto com informações da Agência Fapesp, reescrito com o auxílio do Chat GPT, e revisado por nossa equipe

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