Juiz de Fora sedia estudo inédito no país sobre próteses de quadril
120 pacientes do SUS serão operados pela pesquisa realizada no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus
O grupo de Cirurgia de Quadril do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) recebeu, no último mês, autorização do Comitê de Ética em Pesquisa para iniciar um trabalho inédito no Brasil: o “Estudo brasileiro randomizado de artroplastias de quadril híbridas e não-cimentadas”. A investigação, apelidada por EBRAHIP-120, será o maior estudo comparativo de próteses do quadril fabricadas nacionalmente já realizado no país.
O médico e coordenador do Grupo de Quadril do HMTJ, Bruno Gonçalves Schroder, explica que a pesquisa surgiu de duas necessidades principais. Primeiro, a pandemia de Covid-19 gerou uma demanda reprimida por cirurgias de Prótese Total de Quadril, resultando em uma lista de espera com mais de 150 pacientes, devido à suspensão das cirurgias eletivas. Em segundo lugar, uma empresa nacional parceira, fabricante de implantes, disponibilizou dois modelos de última geração: um que utiliza cimento ortopédico e outro que não utiliza. Contudo, o especialista comenta que a literatura médica aponta uma controvérsia significativa sobre qual desses modelos é mais eficaz, especialmente para pacientes de meia-idade, entre 40 e 80 anos.
Para esclarecer essa dúvida e aliviar o sofrimento dos pacientes atendidos pelo SUS, o médico explica, “desenhamos um estudo inédito para comparar implantes fabricados no país.”Este é um estudo de nível 1, onde os pacientes serão sorteados (randomizados) para receber um dos dois modelos de implante disponíveis, utilizando um método científico conhecido como cegamento, que reduz vieses. Além disso, a equipe responsável pelas avaliações, que medirá parâmetros como radiografias, dor, função e qualidade de vida, também estará “cega” em relação ao grupo de cada paciente. Com isso, a expectativa é gerar evidências de alta qualidade sobre as vantagens de cada implante e identificar se algum subgrupo específico de pacientes poderá se beneficiar de um tipo de tratamento em particular.
Ainda em entrevista à Tribuna, o especialista informou que as cirurgias já começaram e que o projeto terá duração total de 40 semanas, atendendo 120 pacientes que foram selecionados da lista de espera. Cada paciente será monitorado regularmente por pelo menos 5 anos. “Esperamos, ao final, obter informações importantes para publicar sobre o projeto e esclarecer várias questões ainda pouco claras sobre o uso desses implantes no Brasil e no mundo”, conclui o médico.
*Estagiária sob a supervisão da editora Júlia Pessôa