Rinite pode favorecer formação de pedras nas amígdalas e causar mau hálito

Doenças respiratórias das vias aéreas superiores, como rinites e sinusites, além do refluxo gastroesofágico, são considerados fatores desencadeantes do problema


Por Fernanda Bassette, Agência Einstein

11/03/2025 às 10h58

Pedras nas amígdalas são um problema bastante comum, mas pouco conhecido e comentado. São pequenas pedrinhas de cor branca ou amarelada que se formam nas amígdalas e cujo termo médico écaseum. Geralmente, têm textura de massinha, mas podem se solidificar e ficar mais endurecidas, parecidas com pedras – daí o nome. Felizmente, ao contrário dos cálculos na vesícula ou nos rins, as pedras nas amígdalas são inofensivas e eliminadas tratando a origem do problema.

Ainda não se sabe exatamente o que leva à formação dessas pedrinhas, que podem ser bastante incômodas e gerar mau hálito crônico, irritação na garganta e dificuldade de engolir. De acordo com o otorrinolaringologista Hugo Valter Lisboa Ramos, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, existem duas hipóteses: a mais antiga diz que essas pedras são formadas pelo acúmulo de alimentos triturados pela mastigação, que se alojam nas criptas (pequenos buraquinhos que existem na superfície das amígdalas). “Segundo a teoria, esses alimentos sofrem ação de bactérias que levam à fermentação do conteúdo, que endurece, causando consequente mau cheiro na boca e dor na garganta”, explica Ramos.

A ideia mais recente, no entanto, reconhece que o caseum não é formado por alimentos acumulados. Trata-se, na verdade, de uma secreção chamada de exudato, fabricada pelas amígdalas quando há uma inflamação crônica na garganta. “Essa faringite persistente, além de provocar o surgimento das pedras nas amígdalas, também causador de leve intensidade, halitose, pigarro constante e sensação de ter uma ‘bola na garganta’”, descreve o otorrino.

Os principais fatores desencadeantes da faringite crônica (que vai influenciar no surgimento das pedras) são as doenças respiratórias das vias aéreas superiores, como as rinites e as sinusites, além da doença do refluxo gastroesofágico. E o problema não tem relação com a higienização bucal: mesmo aqueles que escovam os dentes corretamente, usam fio dental e vão ao dentista regularmente podem desenvolver pedras nas amígdalas.

“Manter cuidados para evitar crises alérgicas nasais e ter uma boa alimentação antirrefluxo são importantes fatores preventivos. Isso inclui evitar excesso de cafeína, alimentos gordurosos, frituras, refrigerantes e temperos fortes, principalmente a pimenta”, ensina o médico.

Como é o tratamento?

A recomendação é sempre procurar um especialista ao observar essas “massinhas” na garganta. Para chegar no diagnóstico correto, o médico vai pesquisar qual a causa do caseum em cada paciente: pode ser uma sinusite, um quadro de rinite, refluxo ou outra doença. Para isso, podem ser necessários exames como tomografia, endoscopia nasal ou endoscopia digestiva.

O tratamento será direcionado à doença de base que levou à formação das pedras. “Em alguns casos, pode ser necessária a cirurgia de retirada das amígdalas, principalmente em quadros mais avançados, onde ocorre uma alteração estrutural da superfície das amígdalas e grandes depressões se formam, favorecendo a permanência do caseum”, observa Hugo Ramos.

E atenção: tentar remover as pedrinhas manualmente, com o auxílio de objetos como cotonetes ou palitos, não é recomendável. “Além de não resolver o problema, pode causar ferimentos e levar a alterações nas criptas amigdalianas”, adverte o médico.

 

Tópicos: amígdalas / saúde

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