Exercício físico pode frear avanço da artrose e melhorar qualidade de vida

Doença que desgasta as articulações pode causar deformidades e perda de mobilidade; médico explica por que o exercício físico é uma ferramenta essencial no tratamento


Por Thais Szegö, Agência Einstein

03/06/2025 às 11h02

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Processo degenerativo da artrose ocorre quando há desequilíbrio entre a degradação e o reparo da cartilagem articular (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Dor, rigidez, inchaço, calor e vermelhidão nas articulações são sintomas muitas vezes subestimados, mas podem sinalizar o início da osteoartrite — também conhecida como artrose. A doença é caracterizada pelo desgaste progressivo das articulações e, segundo o Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde dos Estados Unidos (IHME), deve atingir mais de 1 bilhão de pessoas no mundo até 2050.

O processo degenerativo da artrose ocorre quando há um desequilíbrio entre a degradação e o reparo da cartilagem articular. Os fatores de risco são diversos, incluindo causas mecânicas, genéticas, hormonais, ósseas e metabólicas.

Sem o tratamento adequado, a condição tende a evoluir, levando à deformidade das articulações, instabilidade e perda de mobilidade — comprometendo severamente a qualidade de vida dos pacientes. Porém, a prática de exercícios físicos, especialmente a musculação, tem se mostrado uma aliada importante no controle da doença.

Exercício como tratamento

De acordo com o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva, o fortalecimento muscular é uma das estratégias mais eficazes para estabilizar as articulações afetadas. “A musculação melhora a função articular, preserva a mobilidade, trabalha a coordenação e o equilíbrio — prevenindo quedas — e ainda contribui para o controle do peso corporal, o que reduz a sobrecarga sobre as articulações”, explica o médico, membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) e da SLARD (Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte).

Além do fortalecimento, os exercícios físicos promovem a liberação de endorfinas, que têm ação analgésica natural. “Isso pode reduzir o uso de medicamentos para dor”, afirma o ortopedista Moisés Cohen, membro da direção do Hospital Israelita Albert Einstein e professor titular de ortopedia e medicina do esporte da Unifesp.

Lubrificação natural das articulações

Outro benefício relevante da musculação é o estímulo à produção do líquido sinovial, responsável por lubrificar e nutrir as cartilagens. “A atividade física aumenta a circulação sanguínea, o que melhora a oxigenação e nutrição das articulações, além de potencializar o efeito de amortecimento da cartilagem”, explica Cortelazo.

Começar com segurança

Apesar dos benefícios, especialistas alertam que o início da prática deve ser cuidadoso. O ideal é consultar um médico para avaliar o estágio da doença e contar com o acompanhamento de um educador físico.

“O exercício é indicado para quase todos os pacientes com artrose, mas deve respeitar o momento certo e o tipo adequado. Modalidades de alto impacto ou treinos em meio a crises de dor ou inchaço devem ser evitados”, orienta Cortelazo.

Para quem está sedentário, a recomendação é iniciar com atividades leves, como caminhadas ou hidroginástica, e evoluir gradualmente.

Abordagem multidisciplinar

O tratamento da artrose vai além da academia. Uma equipe multidisciplinar — composta por ortopedistas, fisioterapeutas, nutricionistas e educadores físicos — é essencial para oferecer um cuidado personalizado e retardar a progressão da doença.

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